62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 14. Ensino Superior
A CONSTRUÇÃO DE TRABALHOS MONOGRÁFICOS: AS DIFICULDADES DO PERCURSO
Maria do Carmo Carvalho Madureiro 1
Lia Pinheiro Barbosa 2
1. Programa de Pós Graduação, UFSM/EaD
2. Centro de Estudios Latinoamericanos, PPELA/UNAM
INTRODUÇÃO:

Apresentaremos um relato acerca do estudo que desenvolvemos na Faculdade de Educação de Crateús - FAEC campus da Universidade Estadual do Ceará, entre dificuldades e desafios da produção de conhecimento, ou seja, a construção de trabalhos monográficos no curso de Pedagogia desta instituição, onde buscamos identificar os principais impasses do referido percurso. O principal objetivo que norteou nossa investigação foi identificar as dificuldades que assolam a vida acadêmica dos discentes do referido curso enquanto sujeitos de produção de conhecimentos. Tal investigação se tornou relevante, por ser uma pesquisa inédita dentro desta IES, percebemos que foi de fundamental importância para a compreensão de alguns mitos existentes entre os docentes e discentes acerca do objeto de estudo que apresentamos neste breve relato, uma vez que contribuímos para a construção de novos olhares críticos e pedagógicos no tocante a construção de trabalhos monográficos. A FAEC iniciou suas atividades no ano de 1983 com o curso de Pedagogia noturno, posteriormente adquiriu mais dois cursos (Química e Ciências Biológica). O curso de Pedagogia até o ano de 2009 (ano de nossa pesquisa) contava com 784 formandos e 397 alunos matriculados, oriundos do município de Crateús e cidades circunvizinhas.

METODOLOGIA:

O percurso investigativo se deu em dois momentos, primeiro detemo-nos em realizar uma pesquisa bibliográfica estudando o conceito de Pesquisa em Pedro Demo (2006) dentre outros autores contemporâneos que discutem a Pesquisa Educacional na atualidade, como base de fundamentação teórica de nosso estudo. Num segundo momento realizamos uma pesquisa de Campo, utilizamos questionários para coleta de dados e informações, aplicamos aos discentes do 6º e 9º semestre matriculados nas disciplinas de Pesquisa Educacional e Projeto de monografia II respectivamente, do curso e instituição mencionada. Analisamos também, brevemente, documentos/leis que regem o ensino básico no Brasil, configurando também, em pesquisa documental, onde pudemos compreender os fundamentos legais da pesquisa, ensino e extensão na universidade. A análise dos dados obtidos se tornou em um momento singular, onde pudemos relacionar a teoria estudada com os achados dos dados obtidos. Relacionamos as respostas dos questionários em categorias a fim de sistematizar e adquirir forma de conclusão de dados. As análises tecidas foram cuidadosamente refletidas entre os agentes desta pesquisa e apresentamos em forma de Produção Monográfica na FAEC ao fim do semestre letivo 2009.1 (agosto/2009).

RESULTADOS:

Em nossa análise, fizemos um perfil sucinto das turmas de discentes investigados, a turma do 6º semestre identificaremos de Turma A, e o 9º semestre de turma B. Após esta identificação, fizemos as análises previstas do perfil de cada turma, inicialmente quanto a repetência das disciplinas, a assiduidade as aulas e quanto a principal ocupação. Nesta etapa, observamos que na Turma A, 73% dos alunos cursam a disciplina pela primeira vez, quanto que na Turma B, são 65%; Ao serem questionados quanto à assiduidade, na Turma A somente 18% disseram assistir 100% das aulas, e na Turma B, esse percentual aumenta para 42%. Em seguida, detemo-nos a identificar as dificuldades existentes no percurso da produção do conhecimento, no qual distinguimos as seguintes categorias: 1. Escassez de material didático/teórico; 2. Articular e compreender as questões teóricas e desenvolver a escrita; 3. Falta de tempo dedicado a pesquisa; 4. Problemas pessoais, de disponibilidade e ocupações. As categorias que mais se repetem referem-se à produção da escrita bem como a disponibilidade em desenvolver os estudos/pesquisas. Portanto, constatamos que estes dois fatores influenciaram diretamente no desenvolvimento da escrita e da compreensão e articulação das idéias na produção acadêmica dos alunos pesquisados.

CONCLUSÃO:

Os cursos noturnos, por serem constituídos de alunos-trabalhadores, tendo estes que se adequar ao ambiente da Universidade em que é inserido no processo de produção do conhecimento, e tendo também que ser ativo no mercado de trabalho para atender as necessidades primárias de subsistência, é diretamente afetado pela falta de disponibilidade para a pesquisa/produção do conhecimento, que aqui constatamos quando foi citada pelos alunos de nossa pesquisa. De acordo com os dados que analisamos, constatamos como o grande vilão dentre as dificuldades mencionadas. Ao realizar este estudo, pudemos perceber que na FAEC no curso de Pedagogia/noturno, existem diversas adversidades no que se refere ao desenvolvimento de pesquisas e, especialmente por ser um curso noturno, não dispõe das possibilidades mínimas para o incentivo à pesquisa, inexiste um fomento a pesquisa, e a extensão. A atividade de pesquisa perpassa por uma prática distante desses alunos (trabalhadores e estudantes) de curso noturno de graduação, por diversos fatores, o principal deles e mais grave: políticas de assistência estudantil.

Palavras-chave: Pesquisa Educacional, Produção do Conhecimento, Pedagogia.