62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 4. Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca - 3. Recursos Pesqueiros de Águas Interiores
LEVANTAMENTO DOS PEIXES CAPTURADOS NA PESCA DE SUBSISTÊNCIA DA ILHA DO COMBÚ, BELÉM - PARÁ.
Nathália de Almada Barata Pereira 1
Gabriel do Nascimento Almeida 1
Natasha Reis da Silva 1
Breno Moraes dos Passos 1
Carlos Alberto Machado da Rocha 1
1. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará / IFPA
INTRODUÇÃO:

Combú é uma das 39 ilhas que, juntamente com a área continental, compõem o município de Belém, capital do Estado do Pará. Essas ilhas apresentam a pesca como uma das principais atividades comerciais e de subsistência. A ilha do Combú, local de referência para a atual pesquisa, localiza-se a 1,6 km da sede de Belém e tendo uma população de aproximadamente 800 habitantes (IBGE 2000), possui uma atividade pesqueira exclusiva de subsistência, a qual é intensificada no período do "inverno amazônico". Devido à grande biodiversidade da ictiofauna amazônica, tal trabalho tem por objetivo fazer um levantamento dos peixes capturados na área analisada, bem como a freqüência dos mesmos e verificar a diminuição da incidência de alguns peixes de acordo com o relato dos pescadores. O trabalho visa servir à comunidade acadêmica, contribuindo na identificação dos pescados que ocorrem na ilha do Combú. Através dos dados levantados podemos identificar a diminuição da incidência de alguns pescados e dessa forma acreditamos poder conscientizar a população quanto à importância da conservação da ictiofauna para a manutenção do modo de vida ribeirinho.

METODOLOGIA:

Para realização do levantamento do pescado na ilha do Combú foram feitas visitas e entrevistas a doze pescadores com mais de vinte anos residindo no local, utilizando-se de questionário com perguntas abertas sobre os peixes comumente pescados, área de pesca, artes de pesca, identificação do pescado cuja incidência tem diminuído, destino do pescado e o período mais propício para a pesca. As visitas ocorreram nos meses de fevereiro e março de 2010. Os dados coletados nas entrevistas foram organizados e submetidos à identificação através de catálogos pré-existentes, teses, artigos científicos e acervo da Coordenação de Recursos Pesqueiros e Agronegócio do IFPA. Após a identificação dos mesmos foi elaborada uma tabela taxonômica dos peixes encontrados na ilha do Combú, Belém-Pa, contendo ordem, família, gênero, nome popular local e, quando possível, espécie. Em seguida construiu-se uma nova tabela, esta de freqüência, com base nas informações relatadas pelos entrevistados. As freqüências relativas de cada pescado foram encontradas pela formula estatística que divide um pelo total de dados, neste caso, pelo numero total de citações dos peixes identificados pelos pescadores, multiplicando o resultado pela freqüência absoluta de cada nome popular local.

RESULTADOS:

No levantamento foram encontradas numerosas espécies pertencentes a sete ordens, 20 famílias e 44 gêneros. Os peixes mais freqüentes foram a Pescada (Plagioscion) e Mandí (Pimelodina e Pimelodus), ambos com uma freqüência absoluta de dez, e freqüência relativa de 0,084 ou 8,4%. Os menos freqüentes foram Carataí (Pseudauchenipterus), Piranambú (Platynematichthys), Pratiqueira e Tainha (Mugil), com uma freqüência absoluta de um, e freqüência relativa de 0,008 ou 0,8%. As áreas de pesca referidas pelos pescadores foram a baia do Guajará e os igarapés da ilha. As artes de pesca comumente utilizadas pelos pescadores são a tarrafa, rede de emalhar e linha de mão (anzol), que eram empregadas conforme a maré. Foi relatado pelos entrevistados que a Pescada, apesar de ser muito freqüente, vem diminuindo de incidência. E todos dos pescadores informaram que os pescados são destinados à subsistência. O período em que a pesca é intensificada compreende o "inverno amazônico", pois nesse período a outra principal atividade (extração do açaí) entra num período de entre safra.

CONCLUSÃO:

Embora a biodiversidade da ictiofauna da região amazônica seja muito extensa, apenas uma parcela é obtida nas pescarias realizadas nas águas da ilha do Combú e seus arredores. Os pescados nesse levantamento são de habitat dulcícola e estuarino, com predominância dos que ocupam níveis tróficos mais elevados. E pelo fato da pesca ser artesanal e para subsistência, um levantamento etnoictiofaunístico nos permite também conhecer o habito alimentar da população ribeirinha e compreender dessa forma a importância que o pescado possui na manutenção da comunidade local e como a preservação do ecossistema aquático é vital na conservação do modo de vida ribeirinho.

Palavras-chave: ilha do Combú, diversidade de peixes, pesca de subsistência.