A tripanossomíase americana ou Doença de Chagas (DCH) é uma zoonose causada pelo hemoflagelado Trypanosoma cruzi. O controle de grandes endemias como a DCH ainda constitui um dos maiores desafios na Saúde Pública. Segundo a OMS existem 16 a 18 milhões de pessoas infectadas nas Américas.

As atividades educativas devem fazer parte do treinamento das equipes do PCDCh, para que possam fornecer à população informações necessárias para a compreensão da importância do trabalho de captura dos triatomíneos.

Dados antigos caracterizaram a presença marcante da DCH em Minas Gerais, tanto em relação à prevalência da infecção humana quanto à infestação domiciliar por triatomíneos e à presença de formas clínicas graves traduzidas por altos coeficientes de mortalidade e demanda à atenção médica. Em 1980, Minas Gerais apresentou coeficiente de mortalidade por DCH de 16,8 por 100.000 habitantes, enquanto o Rio Grande do Sul, com uma mesma prevalência de infecção, este coeficiente foi de 0,4 por 100.000 habitantes. Atualmente, o Ministério da Saúde considera endêmica, mas sob controle, a situação da DCH no estado de MG, por permanecer em um patamar aceitável e constante, resultado dos esforços das equipes de saúde, que desde 1980, vêm fazendo um intenso controle químico do barbeiro transmissor.

A pesquisa tem como objetivo o levantamento quali-quantitativo e baseia-se no acompanhamento do PCDCh realizado conjuntamente entre FUNASA e prefeitura local. O trabalho pode ser subdividido em: educação contínua dos agentes de saúde e população; identificação de triatomíneos e exame de fezes do mesmo; exame clínico e sorológico dos moradores possivelmente contaminados; combate ao vetor por pesquisa e borrifação domiciliar - em caso de encontro de barbeiros positivos há acompanhamento regular das casas.

Por demanda espontânea, a análise do triatomíneo é realizada quando o morador leva o barbeiro até a policlínica local, onde se registra nome e endereço do interessado. Procede-se à análise das fezes do inseto e à coleta de sangue dos moradores para análise laboratorial. Há o deslocamento de agentes de saúde ao local para pesquisa de vetores nas casas e seus arredores e observação de sinais evidentes da picada do triatomíneo nos moradores como sinal de Romanã ou chagoma de inoculação. Procede-se, então, à borrifação do local e anexos com o inseticida Alfacipermetrina após fornecer aos moradores informações dos cuidados a serem tomados, uma vez que o produto é tóxico, inflamável e possui poder residual de 90 dias. Todas as atividades têm acompanhamento do supervisor da FUNASA.

O Município de Vieiras conjuntamente com seu distrito (Santo Antônio do Glória) possui cerca de 3.899 habitantes e Rosário da Limeira possui cerca de 4.362 habitantes, totalizando aproximadamente 8.261 habitantes de acordo com estimativa populacional do IBGE no ano de 2009. Durante todo o ano de 2009 houveram 14 registros de casas com a presença de triatomíneos, sendo todas as residências pesquisadas e desinsetizadas pelos agentes de saúde. A análise das fezes dos 14 triatomíneos encontrados nas residências registrou 2 barbeiros positivos, o que corresponde à 14,29% do total. A análise laboratorial do sangue dos moradores não indicou casos positivos e não houve também a manifestação de sinais característicos da doença. A presença de vetores contaminados é um dos fatores que confirmam o caráter endêmico da Doença de Chagas em Minas Gerais. O PCDCh é realizado com objetivo de detectar a presença de triatomíneos, prevenir a formação de colônias domiciliares do vetor e prevenir novos casos de DCH em humanos.

A FUNASA em parceria com as prefeituras locais tem desempenhado ações em busca de melhorias de atuação. Com base na informação da população sobre a doença, prevenção, identificação e tratamento; conscientização da importância do trabalho de captura de triatomíneos, treinamento dos agentes de saúde, implantação do PIT (Posto de Informação de Triatomíneos), estudo geográfico local, palestras educativas em escolas, distribuição de panfletos informativos sobre várias doenças, dentre outros. De acordo com o supervisor da FUNASA, pretende-se identificar as falhas do PCDCh local, montar estratégias para melhorar o sistema, efetivá-las, sustentá-las e ampliá-las e consequentemente promover a diminuição contínua dos casos de doença de Chagas, pois é de essencial importância garantir a saúde de toda população.

A participação da comunidade nos programas de controle de endemias deve ser estimulada para que a população assuma parte da responsabilidade na execução dos programas e exija a continuidade das operações profiláticas e melhoria das medidas de vigilância epidemiológica.