A implantação das tecnologias da informação e da comunicação, com ênfase no computador conectado a internet, propiciou a instauração de novas formas de comunicação, de educação e de relacionamento entre pessoas de diferentes lugares e instituições. Assim, surgem novos ambientes virtuais onde os sujeitos têm agora possibilidades de serem autores e co-autores de produções individuais e coletivas, independentemente de onde estejam. Nos ambientes virtuais de aprendizagem (AVA), as figuras do espectador passivo ou do simples consumidor de informações deixam de existir ou passam a ser relativizadas. Esta interatividade irá favorecer a construção de novas educações que consideramos como sendo a superação da "escola única" com seus currículos fechados e hierarquizados, por outra escola plural com novas educações, com tempos e espaços próprios onde a diferença possa ser o elemento fundante do processo ensino-aprendizagem (PRETTO e SERPA, 2001). Assim objetivamos com esta pesquisa: analisar o conceito de interatividade com base na experiência desenvolvida no Ambiente Virtual de Aprendizagem - Unit Online - da Universidade Tiradentes, buscando perceber até que ponto este conceito se concretiza neste ambiente, materializando aquilo que os teóricos da área definem como sendo interatividade.

Trata-se de uma pesquisa qualitativa na forma de estudo de caso que para Triviños "é uma categoria de pesquisa cujo objeto é uma unidade que se analisa aprofundadamente" (1987, p. 133). No estudo de caso a realidade é analisada sob diferentes perspectivas, não havendo, contudo uma única que seja a mais verdadeira. Segundo Lüdke e André (1986, p. 17) no estudo de caso, "o caso pode ser similar a outros, mas é ao mesmo tempo distinto, pois tem um interesse próprio, singular". Nesta pesquisa, foram empregadas as seguintes técnicas na coleta de dados: aplicação de questionários com alunos que realizavam disciplinas online utilizando o ambiente virtual e entrevistas com professores, tutores e administradores do ambiente virtual.

Dos cento e cinqüenta questionários aplicados com os alunos das disciplinas online foram observados que 40% dos alunos consideram o ambiente virtual interativo. Entretanto 54% não participaram de fóruns de discussão e 66% nunca interagiu no bate-papo da disciplina. Vale ressaltar que estes espaços virtuais são locais onde os alunos e professores têm a possibilidade de trocarem informações e construírem conhecimentos significativos de forma colaborativa e coletiva. Por esta razão 50% dos entrevistados solicitaram a utilização de conteúdos abertos que possam ser modificados pelos alunos. Nas entrevistas realizadas com os professores e tutores do ambiente online ficou evidente que apesar deles participarem de curso de formação oferecidos pela instituição de ensino para atuarem no espaço virtual, muitos deles não estão inseridos na cibercultura e/ou não possuem habilidades necessárias para criarem possibilidades de aprendizagens interativas e hipertextuais.

Diante dos dados coletados percebe-se que os alunos estão cada vez mais necessitando de ambientes virtuais de aprendizagem interativos que os desafiem e os motivem na construção de conhecimentos significativos. Desta forma, torna-se cada vez mais necessário que os professores estejam preparados para atuar nestes ambientes construindo novas educações e não apenas transpondo para o ambiente virtual suas aulas presenciais. Será importante que o professor, além dos conhecimentos teóricos e tecnológicos, esteja aberto para o mais comunicacional (SILVA, 2000), para deixar o aluno expor suas idéias e trilhar seus próprios caminhos. Nesse sentido, o professor não será mais aquele que "conduz o aluno a", mas aquele que o desafiará a entrar no labirinto, mergulhar no mar de informações, interligar os saberes e buscar as soluções para os seus problemas, construindo conhecimentos.