62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 6. Educação Especial
COMUNICAÇÃO PARENTAL DE OUVINTES X DEFICIENTES AUDITIVOS      
Carla Siqueira Vieira 1
Gleice Maria de Meira Jesus 1
1. Pedagogia, Instituto de Educação - Universidade Federal de Mato Grosso-UFMT
INTRODUÇÃO:

Este trabalho tem por finalidade socializar o estudo realizado no ano de 2008 no CEAADA Centro Especializado de Atendimento e Apoio ao Deficiente Auditivo "Profª. Arlete Pereira Migueletti".  Esta instituição situa-se na Avenida Dom Aquino, 319 - no Centro da cidade de Cuiabá/MT.

O estudo teve como objetivo investigar como é a relação de comunicação entre pais e filhos deficientes auditivos matriculados no CEAADA e se os mesmos sabem ou se empenham em aprender a língua utilizada pelos filhos que é a LIBRAS.  Dessa forma, foi feito um DRP (Diagnóstico Rápido Participativo) no qual foram entrevistados alguns pais, professores e participantes da equipe gestora para analisar a opinião deles frente ao assunto.

A relevante pesquisa trata sobre a relação de falta de tempo e até mesmo do desinteresse por parte dos pais em acompanhar o processo de aprendizagem do filho por meio da linguagem de sinais, utilizando desta maneira uma linguagem alternativa.

METODOLOGIA:

Realizamos na escola entrevistas com pais, professores e a equipe gestora, a partir de roteiro previamente formulado, contendo perguntas semi estruturadas. Dessa maneira escolhemos o DRP, pelo motivo deste ser uma ferramenta prática para conseguir a opinião de cada entrevistado, e através disso tentarmos chegar a uma amostragem do problema escolhido. Pois de acordo com Triviños (1987) "Podemos entender por entrevista semi-estruturada [...] aquela que parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses, que interessam á pesquisa, e que, em seguida, oferecem amplo campo de interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo á medida que se recebem as respostas do informante." A entrevista continha sete perguntas para a Equipe Gestora e seis perguntas diferenciadas para pais e professores. Realizamos para todos, perguntas sobre o estabelecimento de ensino e sobre como percebiam o papel da instituição e se entendiam que fazem parte do processo educacional desenvolvido no local.

Tivemos a intenção de inserir neste estudo no mínimo cinco pais, todos os integrantes da Equipe Gestora e três professores.  

RESULTADOS:

O DRP revelou a fragilidade das informações que a família recebe sobre as deficiências em geral. Esta fragilidade vem muitas vezes do próprio desconhecimento que elas têm sobre a deficiência do filho ou das informações sobre a mesma.

O que mais se destacou foi à resistência de alguns pais em participar da entrevista deixando implícito em suas atitudes a dificuldade em encontrar tempo para participar dos cursos oferecidos pela instituição sobre a deficiência de seu filho, sinalizando, a possibilidade de problemas na comunicação com filho/aluno. Pois tanto um ouvinte quanto um deficiente auditivo precisam do acompanhamento dos pais durante a sua formação escolar.

Durante uma conversa informal, uma professora afirmou que alguns pais se sentem ridicularizados ao falar a LIBRAS ao ponto de se considerarem "macacos". Diante disso, fica subtendido que a comunicação entre pais ouvintes e filhos não ouvintes pode ser deficiente em algumas famílias.

Enfim, acreditamos que a participação dos pais na vida do aluno faz-se necessária, pois segundo SEESP, 1997 "a família é o elemento facilitador do processo de desenvolvimento da comunicação do surdo. Sendo necessário a aprendizagem da LIBRAS para que isso ocorra.

CONCLUSÃO:

Durante a permanência na escola foi possível perceber que alguns pais não utilizam das LIBRAS, para se comunicarem com seus filhos, por não acharem necessário, pois, em seus lares o diálogo acontece de forma diferenciada, mas não necessariamente através linguagem de sinais.  Sobre esse aspecto, a Secretária de Educação Especial - SEESP 1997, diz que a família, passa agir normalmente com a criança surda comunicando-se com ela o tempo todo de formas subjetivas a cada meio.

No decorrer do processo de entrevista, ficou explícito que a necessidade de compreender e falar essa língua é importante tanto para pais quanto para professores. Enfim, acreditamos que alegar falta de tempo por causa do trabalho ou outro motivo é pertinente, pois, a realidade da maioria dos pais é de trabalhadores assalariados que buscam o sustento do lar em primeiro lugar.

Palavras-chave: Deficiência auditiva, Comunicação, Família.