62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 4. Química de Produtos Naturais
FENÓIS E FLAVONÓIDES TOTAIS, TOXICIDADE E ATIVIDADES ANTIOXIDANTE E ANTIBACTERIANA DE EXTRATOS DOS FRUTOS E DAS FOLHAS de Bactris glaucescens
Maydla dos Santos Vasconcelo 1
Claudia Andréa Lima Cardoso 1
Gustavo Ruivo Salmazzo 1
Margareth Batistote 1
1. Química licenciatura, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul/UEMS
INTRODUÇÃO:
Bactris glaucescens Drude, conhecida como tucum, faz parte da paisagem pantaneira e ocorre em beira de capão e matas alagáveis. O tucum floresce de maio a dezembro e frutifica de dezembro a maio. Seus frutos são consumidos por aves e peixes, principalmente o pacu. O tucum é uma das várias espécies oleaginosas amazônicas que satisfazem os critérios fundamentais para o uso adequado e sustentável de espécies oleaginosas nativas na produção, em pequena escala e localmente, de Biodiesel na Amazônia, particularmente em comunidades isoladas onde a possibilidade de eletrificação convencional é, em todos os sentidos, inviável. A polpa (21,2 % do peso do fruto fresco maduro) é amarelo-alaranjado, compacto, firme, de 4-8 mm de espessura com grande concentração de óleo e β-caroteno e com sabor agradável. É muito consumida "in natura" também usada como recheio de sanduíches e pastéis ou no preparo de cremes e sorvetes. O presente trabalho tem como objetivo avaliar os teores de compostos fenólicos e flavonóides e atividade antioxidante e antibacteriana dos frutos e das folhas de Bactris glaucescens.
METODOLOGIA:
Os frutos e folhas de Bactris glaucescens foram coletados em Corumbá-MS. Os mesmos foram triturados in natura e colocados em contato com hexano, acetato de etila e etanol, seqüencialmente, para a extração de seus constituintes. Efetuou-se a separação por filtração simples e os extratos obtidos foram concentrados em evaporador rotativo e secos em capela. No teste de atividade antioxidante fez-se o monitoramento, por espectrofotometria de absorção molecular (EAM) a 517 nm, da inibição do radical livre DPPH na presença de amostras (após 30 minutos de reação) com concentrações de 2100, 630 e 210 g/mL. Na determinação do teor de fenóis e flavonóides totais construíram-se curvas analíticas por EAM com os padrões ácido gálico (760 nm) e quercetina (517 nm), respectivamente. Para o teste de toxicidade empregou-se 10 Artemia salina por frasco contendo 4,5 mL de solução marinha artificial e 0,5 mL de amostra, sendo que após 24 horas foi determinada letalidade das amostras aos microcrustaceos. A atividade antibacteriana (AA) foi avaliada por difusão em disco com 6 cepas bacterianas: P. aeruginosa e E. faecalis (controle positivo(CoP): amicacina 30 µg), E. coli, S. tifi e S. flexonela (CoP: tetraciclina 30 µg). A massa de extrato por disco foi em torno de 430 g.
RESULTADOS:
Na determinação dos teores de fenóis e flavonóides, o extrato hexânico das folhas apresentou os maiores teores (164,02 mg/g para fenóis e 121,15 mg/g para flavonóides) e o menor foi obtido no extrato acetato de etila dos frutos (8,53 mg/g para fenóis e 1,64 mg/g para flavonóides. Para atividade antioxidante, observou-se que os extratos polares apresentaram melhores percentuais de inibição que os extratos apolares, sendo determinados percentuais de inibição entre 69,76 a 14,68% para a concentração de 2100 g/mL. No teste de atividade antibacteriana o controle negativo não apresentou respostas e dos 6 extratos testados apenas o extrato acetato de etila dos frutos e extrato hexânico das folhas apresentaram atividade, sendo que os halos de inibição apresentaram diâmetros 21,05% a 41,60% dos valores obtidos para os respectivos padrões. O extrato acetato de etila dos frutos apresentou halo de inibição frente E. coli (1,2 cm), E. faecalis (0,8 cm) e Shigela flexonela (1,0 cm) e o extrato acetato de etila das folhas apresentou halo de inibição frente a E. coli (1,2 cm) e Shigela flexonela (1,0 cm). No teste empregando Artemia salina os extratos apresentaram 100% de mortalidade nas concentrações de 22 e 210 g/mL, com exceção do extrato hexânico das folhas que apresentou 80%.
CONCLUSÃO:
Os extratos das folhas apresentaram teores maiores de fenóis e flavonóides que os extratos dos frutos, indicando que as folhas de Bactris glaucescens são fontes potenciais destas classes de compostos. Não houve uma correlação direta nos extratos em relação à atividade antioxidante e os teores de fenóis e flavonóides totais. Os resultados obtidos no teste de toxicidade indicam que o uso dos frutos e das folhas deste vegetal para fins medicinais deve ser realizado com cuidado, já que o mesmo se mostrou tóxico frente Artemia salina. O extrato acetato de etila dos frutos apresentou atividade antibacteriana frente ao maior numero de bactérias (E. coli, E. faecalis e Shigela flexonela) entre as testadas, apesar deste extrato ter apresentado os menores teores de fenóis e flavonóides totais, indicando que talvez sejam outras classes de compostos presentes que estejam apresentando esta atividade.
Instituição de Fomento: CNPq, FUNDECT, UEMS.
Palavras-chave: Tucum, Artemia salina, DPPH.