A esquistossomose permanece como grave problema de saúde pública em muitos países em desenvolvimento. Com surgimento do praziquantel em 1970, uma redução significativa da morbidade e da mortalidade devido à esquistossomose foi observada, no entanto, inúmeros relatos mostram o crescente surgimento de linhagens de Schistosoma mansoni resistentes ao Praziquantel. É uma doença tipicamente de região pobre e está associada à falta de saneamento básico, utilização de água contaminada na agricultura, trabalhos domésticos e lazer. Um dos métodos de controle mais eficaz é o uso de moluscicidas que eliminam ou reduzem a população do caramujo hospedeiro intermediário do parasita. A preocupação com a preservação ambiental, o alto custo e a recorrente resistência do caramujo aos moluscicidas sintéticos têm incentivado o estudo de moluscicidas de origem vegetal. Dentro deste contexto o objetivo desta feita foi a validação dos efeitos tempo- e dose-dependente das espécies vegetais Annona muricata (folha) e Jatropha elliptica (raiz). Espécies vegetais com comprovada ação muluscicida em concentrações inferiores a 40µg/mL.

A solução teste para cada extrato vegetal foi preparada a 140, 120, 100, 80, 60, 10, 5 e 1 mgml^-1 para o bioensaio preliminar com o caramujo adulto. Para o preparo das soluções testes foram realizadas sucessivas diluições da solução estoque. Em função dos resultados obtidos nos ensaios preliminares, foram selecionadas as concentrações para o bioensaio apurado realizado em triplicata. O bioensaio para avaliação da atividade ovicida envolveu basicamente a imersão das desovas do caramujo B. glabrata em uma solução aquosa a 0,01% DMSO do extrato sob investigação nas concentrações selecionadas. A solução teste para cada extrato vegetal foi preparada a 60, 55, 50, 45, 40, 10 e 1 mgml^-1 para o bioensaio preliminar com o caramujo adulto. Para o preparo das soluções testes foram realizadas sucessivas diluições da solução estoque. Em função dos resultados obtidos nos ensaios preliminares, foram selecionadas as concentrações para o bioensaio apurado realizado em triplicata. Em ambos os bioensaios dois tipos de controles foram utilizados visando verificar a suscetibilidade dos caramujos, um com niclosamida a 3mgml^-1 e um branco com água desclorada contendo 0,01% de DMSO. O tempo de exposição destes organismos foi de 72h, com leitura a cada 24h.

Nos bioensaios foi observado que os extratos etanólicos das espécies Annona muricata (folha) e Jatropha elliptica (raiz) apresentaram efeito concentração-dependente com valores de DL₉₀ 68,29 e 41,12 mgmL^-1, respectivamente, frente ao caramujo adulto e, DL₉₀ 27,73 e 24,03 mgmL^-1 frente às suas desovas. O efeito tempo-dependente foi observado até 48h de exposição. A análise dos resultados indicou que os extratos avaliados frente à desova do B. glabrata foram ativos na concentração máxima testada (cerca de 70% de mortalidade a 100 mgmL^-1). Os resultados obtidos nos bioensaios ovicidas, quando comparados aos resultados apresentados frente ao caramujo adulto, comprovam que o embrião é mais susceptível à ação dos extratos moluscicidas do que a espécie adulta.

Convém ressaltar que além de determinar a atividade moluscicida das plantas é de primordial importância avaliar parâmetros como os efeitos concentração- e tempo-dependente, visando um maior entendimento do potencial moluscicida do vegetal e sua possível aplicabilidade no campo. As espécies vegetais investigadas neste trabalho apresentaram os efeitos moluscicidas e certamente são potenciais fontes de compostos bioativos úteis no controle na esquistossomose.