62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 14. Ensino Superior
O USO DE PEÇAS ANATÔMICAS COMO ALTERNATIVA PARA O ESTUDO DA ANATOMIA HUMANA NO ENSINO SUPERIOR
Isaiane da Silva carvalho 1
Pedro Bernardino da Costa Júnior 1
Ricardo Manhães de Araujo 1
Rosineide Dantas Torres de Araujo 1
1. Faculdade de Excelência Educacional do Rio grande do Norte/FATERN
INTRODUÇÃO:

A Anatomia é a ciência que estuda a constituição e o desenvolvimento dos seres organizados, macro e microscopicamente (DANGELO & FATTINI, 2007). Esta vem sendo estudada desde os primórdios da humanidade como forma de compreensão da dinâmica de funcionamento do organismo humano. Ao longo do tempo, o uso de cadáveres para estudo anatômico foi o recurso mais utilizado, entretanto, devido ao grande aumento do número das Instituições de Ensino Superiores - IES em detrimento da progressiva diminuição do número de corpos não reclamados, novas alternativas foram desenvolvidas para suprir essa ausência de cadáveres como, por exemplo, o uso de peças sintéticas que visam reproduzir da melhor forma possível as mais diversas estruturas do organismo humano (SBA, 2010). Com isso o presente trabalho objetiva analisar as vantagens e desvantagens do uso dessas peças como metodologia de ensino, em comparação com o tradicional método do uso de cadáveres, buscando identificar sua influência no processo de aprendizagem dos alunos.

METODOLOGIA:

Estudo descritivo, de caráter participante, desenvolvido a partir da vivência de monitores no laboratório de Anatomia Humana da FATERN situada em Natal/RN que apresentava como metodologia de ensino para esta disciplina o uso de peças sintéticas em tamanho natural. O anatômico da instituição consta de cerca de 430 peças confeccionadas: em resina plástica rígida como o esqueleto, outras, como o pulmão, de material acrílico transparente, existindo ainda as que são produzidas a partir de resina plástica emborrachada ou semi-emborrachada, como o torso. O laboratório funcionava em horário integral, no qual seis monitores eram distribuídos nos períodos matutino, noturno e vespertino, sendo neste último que se desenvolviam as atividades dos monitores que realizaram a pesquisa. Tal horário era destinado ao acompanhamento do aluno em relação ao estudo da disciplina, fornecendo-lhe orientações e esclarecimentos de eventuais dúvidas. As práticas desenvolvidas eram destinadas aos acadêmicos do primeiro período dos cursos de Enfermagem e de Fisioterapia, que frequentavam o laboratório com agendamento prévio em número máximo de 30, sendo estes divididos em dois grupos de 15 estudantes cada. Além da experiência observacional, utilizaram-se buscas em sites científicos e literaturas da área.

RESULTADOS:

A Lei nº 8.501 de 30 de novembro de 1992 permite a utilização de cadáveres de pessoas cujos corpos não foram reclamados pelos familiares para fins de pesquisa e ensino (D.O.U., 1992). Contudo, o número cada vez menor de cadáveres disponíveis tem obrigado as IES a encontrarem novas metodologias de ensino para suprir tal carência. Uma das alternativas encontradas é o uso de peças anatômicas sintéticas. No decorrer do processo observacional, que se deu de setembro de 2008 a setembro de 2009, verificou-se que o uso das peças artificiais dispensa a utilização de alguns Equipamentos de Proteção Individual, tais como luvas e máscaras. Além disso, era dispensável o uso do formaldeído para conservação das peças, substância tóxica capaz de causar irritação ocular quando em concentrações de 20 ppm (partes por milhão) e cujo potencial carcinogênico já foi cientificamente comprovado (INCA, 2010). Analisou-se que, apenas em termos de alguns sistemas - muscular, vascular, nervoso e linfático - existem certas limitações na visualização de determinadas estruturas mais internas. Porém, os alunos que buscaram aproveitar o máximo possível do conhecimento que lhes foi transmitido, com perseverança e assiduidade, concluíram o semestre letivo com um conhecimento satisfatório acerca da Anatomia Humana.

CONCLUSÃO:

O estudo da Anatomia Humana é indispensável na formação profissional dos diversos cursos da área da saúde, por possibilitar um maior conhecimento sobre a disposição dos órgãos, facilitando a realização de procedimentos clínicos. Muitas dificuldades têm sido encontradas em termos de aquisição de cadáveres para o ensino prático dessa disciplina, neste contexto, uma alternativa viável para contornar essa situação é o uso de peças anatômicas sintéticas, que como todo recurso metodológico, apresenta vantagens, facilitando o manuseio e minimizando os riscos à saúde e ao meio ambiente, em decorrência da ausência de necessidade do uso de formaldeído, e desvantagens, demonstradas através da dificuldade de representação fidedigna de estruturas internas de alguns sistemas. Porém torna-se importante ressaltar que tal situação não compromete a real aquisição de conhecimentos por parte dos alunos. Desta forma, fazem-se necessários maiores investimentos em termos de tecnologia de produção para aperfeiçoar cada vez mais a morfologia apresentada pelas peças anatômicas, além de mais estudos sobre o tema, em função da escassez de literatura, para que assim o processo de ensino e aprendizagem torne-se mais eficiente e eficaz.

Palavras-chave: Ensino de Anatomia, Peças Anatômicas Sintéticas, Metodologia de Ensino.