62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 4. Educação Básica
ATIVIDADES LÚDICAS NO ENSINO FUNDAMENTAL: POR UMA INFÂNCIA A SER VIVIDA
Cibele Lucena de Almeida 1
Antônia Fernanda Jalles 2
1. Unidade Educacional Infantil - UEI/UFRN
2. Núcleo de Educação da Infância - NEI/UFRN
INTRODUÇÃO:
Até quando o ser humano é considerado criança? De que maneira a escola pode respeitar as especificidades do período infantil? Tais questionamentos nos levaram a discutir sobre a importância de crianças na faixa etária de 06 a 10 anos terem a sua infância assegurada nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Com o olhar voltado para essa perspectiva, refletimos sobre aspectos históricos, legislativos e práticos, esses últimos vinculados à ação de uma professora do Ensino Fundamental em uma escola privada da praia de Pipa, Rio Grande do Norte. Enfatizamos que a escolha por essa docente em particular, se deu em razão da sua dinâmica educativa, fortemente permeada por situações lúdicas.
METODOLOGIA:
Para a concretização desse trabalho, realizamos um estudo de caso do tipo etnográfico e de natureza qualitativa no período de novembro de 2007 a agosto de 2008. Utilizamos como procedimentos, a observação participante, a entrevista semi-estruturada gravada em áudio, a análise documental, o registro em diário de campo e o registro fotográfico. Tomamos como referencial teórico as discussões de Abramovich (1997), Amarilha (1997), Bazílio e Kramer (2003), Borba (2006),Freinet (2004) e Kramer(2006).
RESULTADOS:
Ancorados na definição de infância proposta por Kramer (2006), que vai do nascimento até aproximadamente dez anos de idade, afirmamos que semelhante à indissociabilidade entre o educar e o cuidar, a Educação Infantil (EI) e o Ensino Fundamental (EF) possuem inúmeras aproximações. Até a criação da Lei de nº 11.274 pelo MEC em 2006, a entrada da criança no EF pressupunha muitas transformações: ela passava de uma sala com mobiliários adequados e distribuídos na perspectiva do trabalho em grupo, para carteiras enfileiradas; os tempos de parque e brincadeiras espontâneas diminuíam consideravelmente; os jogos, quando aconteciam, eram dirigidos para a aprendizagem de conteúdos. Até então considerado criança, o indíviduo passava a ser visto como estudante. Ao ir de encontro a essas costumeiras posturas tradicionais, a professora observada demonstrou privilegiar atividades consideradas por nós de grande relevância para o desenvolvimento social e cognitivo das crianças de 0 a 10 anos: as rodas de conversa e leitura, as brincadeiras dentro e fora da sala de aula e o contato efetivo com a literatura infantil. Destacamos que tal proposta pedagógica é capaz de satisfazer muitas das necessidades da criança, já que é na infância que o brincar se traduz como a mola propulsora de tudo o que se aprende. É através da ludicidade que as crianças podem ser mais felizes, reconhecendo-se como sujeitos que necessitam brincar, se movimentar e descobrir o mundo através de experiências concretas.
CONCLUSÃO:
A partir dessa investigação, evidenciamos que a escola de Ensino Fundamental necessita compreender que a criança de seis a dez anos também possui singularidades na forma e quantidade do que aprende. Nesse sentido, é preciso assegurar a ela maiores oportunidades de aprendizagem, através de uma dinâmica educativa que priorize as situações lúdicas, manifestadas na organização dos espaços escolares, nas brincadeiras e na leitura literária, oportunizando a formação de alunos questionadores, imaginativos e que, principalmente, reconhecem sentido no mundo em que vivem.
Palavras-chave: Infância, Ensino Fundamental, Ludicidade.