62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 3. Enfermagem Médico-Cirúrgica
O PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO E A TECNICIDADE NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA (UTI): CONCEPÇÕES E APLICAÇÕES DO TRABALHO DO ENFERMEIRO
Raimundo Valdocí de Melo júnior 2
Aldeci Saturno Diniz Sobrinho 1
Maria Vanessa Nogueira 1
Jacileide Guimarães 2
1. Curso de Graduação em Enfermagem - Universidade Potiguar (UnP)
2. Departamento de Enfermagem - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
INTRODUÇÃO:
O Processo de Humanização na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) vêm sendo abordado nestes últimos anos, vislumbrando o profissional enfermeiro como principal mediador dessa ação. Dependente da tecnologia para assistir o paciente, este profissional vivencia constantemente conflitos entre a máquina e o doente. As mudanças no mundo globalizado exigem uma re-configuração da assistência em enfermagem, uma vez que estes profissionais necessitam de atualizações que vão além da destreza com o maquinário utilizado em sua prática. O desafio em conciliar os valores humanos ao conhecimento científico inerentes à profissão permeia as discussões acerca do tema exposto. Este estudo tem como objetivo avaliar as percepções dos profissionais enfermeiros acerca do processo de humanização na UTI e suas relações com o uso da tecnologia empregada, elencando os aspectos facilitadores e as possíveis barreiras existentes à consolidação do processo de humanização.
METODOLOGIA:
Trata-se de uma pesquisa de campo com abordagem qualitativa realizada entre os meses de setembro e outubro de 2009 com 16 enfermeiros atuantes no setor de Unidade de Terapia Intensiva para adultos em um Hospital de referência em urgência e emergência do Estado do Rio Grande do Norte. Para a coleta de dados, utilizou-se um questionário composto por questões relacionadas ao perfil do profissional enfermeiro e os seus hábitos de vida; a relação enfermeiro-paciente e o conhecimento desse profissional sobre a Política Nacional de Humanização (PNH) preconizada pelo Ministério da Saúde (MS). O referido questionário foi respondido pelos sujeitos mediante prévia assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) aprovado de acordo com o parecer nº 176/2009 do Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Potiguar (UnP) conforme a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde para a Pesquisa envolvendo seres humanos.
RESULTADOS:
No que diz respeito ao processo gerador de doença entre esses trabalhadores, são percebidos variados riscos e fatores predisponentes aos desequilíbrios de ordem biopsicossocial (como o estresse, a fadiga, e o cansaço) advindos da jornada exaustiva de trabalho (acima de 30 horas semanais para 87,5% dos entrevistados) e da própria natureza da tarefa - a assistência a pacientes graves. A confiabilidade no uso da tecnologia em sua prática diária é apontada por todos os profissionais entrevistados, salientando que tais equipamentos são rigorosamente avaliados e submetidos a manutenções. O conhecimento sobre a (PNH) é relatado por 68,75% dos enfermeiros. Os mesmos estão cientes quanto à existência e a importância da aplicabilidade daquela. Outros (31,25%) afirmam não conhecer a PNH e atribuem à sobrecarga de trabalho, o excesso de burocracia, a escassez de profissionais, entre outros aspectos como barreiras ao processo de consolidação da humanização da assistência, fator este que, aliado a tecnicidade imprescindível no ambiente de UTI, contribui para um cuidado técnica e humanamente qualificado.
CONCLUSÃO:
Apesar das inúmeras dificuldades e barreiras, o processo de humanização é vivenciado e aplicado pelos enfermeiros em sua prática diária. Constatamos que o uso da tecnologia é imprescindível na UTI; e embora os achados tenham demonstrado esta característica, é importante atentar para o fato de que é necessária a qualificação e educação permanente destes profissionais, uma vez que estes podem vivenciar melhores e novas atitudes no modo de ofertar o cuidado.
Palavras-chave: Cuidados de enfermagem, Humanização da Assistência, Tecnologia.