62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 6. Farmácia
OBESIDADE: CORRELAÇÃO ENTRE AS MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS E O PERFIL LIPÍDICO DAS PESSOAS OBESAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE.
Vanessa Petrina Silva Soares 1
Márcia Alice da Silva Santiago 1
Uri Michael Freitas da Silva Pinto 1
Maria das Graças Lopes Câmara 1
Samara Fontes de Lima Gomes 1
Telma Maria Araújo Moura Lemos 1, 2
1. Universidade Federal do Rio Grande do Norte
2. Profa. Dra/Orientadora
INTRODUÇÃO:
A etiologia da obesidade é complexa e ainda não está totalmente esclarecida. A circunferência da cintura e a relação cintura/quadril são os indicadores mais utilizados na aferição da distribuição centralizada do tecido adiposo em avaliações individuais e coletivas. Resultados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2002-2003 realizada pelo IBGE, em parceria com o Ministério da Saúde, revelaram que a população adulta brasileira, em seu todo, não está exposta aos riscos de desnutrição, sendo a taxa de 4% compatível com os padrões internacionais. Foi visto que, em 2003, 41,1% dos homens e 40% das mulheres se apresentavam excesso de peso, sendo que a obesidade afetava 8,9% dos homens e 13,1% das mulheres adultas do país (IBGE, 2004). Com relação ao Estado do RN, a POF revelou que a prevalência de déficit de peso, sobrepeso e obesidade eram respectivamente 1,5%, 36,9% e 8,9% para o gênero masculino, e 5,2%, 43% e 13% para o gênero feminino. (IBGE, 2004). O objetivo do presente trabalho foi determinar a correlação das medidas antropométricas e o perfil lipídico dos obesos no estado do Rio Grande do Norte.
METODOLOGIA:
Este trabalho caracteriza-se como um estudo transversal do tipo caso-controle não pareado. Foram coletadas 1741 amostras aleatórias de indivíduos, brasileiros, residentes nas 4 mesorregiões do estado do RN. Destes, foram estudados 280 indivíduos selecionados como obesos de acordo com a OMS (IMC  30 kg/m²) (WHO, 2006). Os voluntários do estudo foram submetidos a uma punção em veia periférica. Para se obter o soro, as amostras de sangue foram centrifugadas. A partir deste soro foram realizadas as dosagens de glicose e análise do perfil lipídico. O perfil lipídico foi avaliado a partir das dosagens de colesterol total (CT), colesterol HDL e triglicerídeos (TG), além dos cálculos das concentrações de colesterol LDL e VLDL. As análises foram feitas por ensaios enzimáticos usando kits Labtest Diagnóstica adequados ao analisador bioquímico semi-automatizado RA-50 (Bayer Diagnostics Chemistry System). A classificação da obesidade foi realizada utilizando-se o Índice de Massa Corpórea (IMC) resultante da razão entre o peso e o quadrado da altura dos indivíduos. Todos os dados obtidos nesse estudo foram tabulados e armazenados em um banco de dados. A fim de obter uma melhor caracterização da amostra, foi realizada a estatística descritiva, seguida pelo do teste de Kolmogorov-Smirnov.
RESULTADOS:
A partir da coleta de 1741 voluntários com idade entre 18 e 80 anos foram obtidos 432 obesos, correspondente a 24,8% da população participante da pesquisa. Após análise dos critérios de inclusão e exclusão, 280 (64,8%) dos 432 obesos foram selecionados para participar do estudo proposto. Dos 1309 voluntários restantes, 731 (42% dos 1741 voluntários) apresentaram sobrepeso. Dentre esses, 179 (24,5%) foram analisados nesta pesquisa. Dos 578 voluntários eutróficos remanescentes, 143 foram selecionados como controles da pesquisa. Em meio a esses 280 voluntários que apresentaram obesidade, tivemos 204 (72,8%) obesos grau I, 64 (22,9%) obesos grau II e 12 (4,3%) obesos grau III ou mórbidos. Essa classificação foi feita de acordo com a OMS (WHO, 2006). Observou-se uma correlação positiva entre as medidas de IMC, CC, RCQ e %GC umas com as outras, e entre elas e o perfil lipídico, salvo exceção do HDL, indicando que o aumento ou decréscimo de um desses parâmetros se correlaciona com o aumento ou decréscimo do outro parâmetro. Podemos observar ainda que houve correlação negativa entre o HDL e IMC, CC e RCQ, indicando que um aumento do HDL é inversamente proporcional a um aumento no IMC, CC e RCQ. Uma correlação negativa ainda foi percebida entre %GC e HDL, mas apenas entre os homens.
CONCLUSÃO:
Dentre os 1741 voluntários coletados, 432 (24,8%) eram obesos, 731 (42%) apresentaram sobrepeso e 578 (33,2%) eram eutróficos. Para o estudo foram selecionados 280 obesos, 179 sobrepesos e 143 eutróficos, com predominância do gênero feminino em ambos os grupos (72% no grupo eutrófico, 56,4% no grupo com sobrepeso e 57,9% no grupo obeso). Em meio aos obesos existiram 204 (72,8%) com obesidade grau I, 64 (22,9%) com grau II e 12 (4,3%) com grau III. No geral, as médias antropométricas exibidas por eles foram condizentes com o acúmulo de gordura e, conseqüentemente, com aumento do risco de complicações metabólicas associadas à obesidade. Além disso, em sua maioria, diferiram estatisticamente das medidas antropométricas dos outros grupos; Após a avaliação do perfil lipídico dos voluntários da pesquisa, foi observado que um alto percentual dos voluntários estudados era dislipidêmico (92,1% dos obesos, 85,5% dos sobrepesos e 68,7% dos eutróficos). Por meio da análise de Pearson observamos que houve correlação positiva entre as medidas de IMC, CC, RCQ e %GC umas com as outras, e entre elas e o perfil lipídico, com exceção do HDL. Houve também correlação negativa entre o HDL e IMC, CC e RCQ.
Instituição de Fomento: CNPQ e UFRN
Palavras-chave: Obesidade, medidas antropométricas, perfil lipídico.