62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 5. Enfermagem Pediátrica
CARACTERIZAÇÃO DE PACIENTES PEDIÁTRICOS ASMÁTICOS ATENDIDOS EM UM CENTRO DE SAÚDE DA FAMÍLIA FORTALEZA-CEARÁ.
Sabrina Ferreira da Silva 2
Camila Chaves da Costa 1
Ana Lúcia Araújo Gomes 4
Lorena Barbosa Ximenes 5
Paula Renata Amorim Lessa 1
Emanuella Silva Joventino 3
1. Universidade Federal do Ceará (UFC)/ Programa de Educação Tutorial PET/SESU
2. UNIMED. Enfermeira Assistencial.
3. UFC. Mestranda em Enfermagem. Bolsista do CNPq-Brasil.
4. UFC. Mestra em Enfermagem. Preceptora do PET-Saúde. Enfermeira.
5. Professora.Doutora/Orientadora. Departamento de Enfermagem da UFC.
INTRODUÇÃO:
A presença de doença crônica na criança pode afetar seu desenvolvimento quando limita a realização de atividades lúdicas, dificulta a socialização e formação de auto-imagem positiva. A asma, doença crônica mais prevalente na infância é considerada um problema de saúde pública de elevado custo familiar e social com projeção de aumento do número de casos, sendo influenciada pelo ambiente e pelo estilo de vida da pessoa acometida. O Programa de Atenção Integrada à Criança com Asma (PROAICA) foi implantado nos Centros de Saúde da Família do município de Fortaleza/Ceará, na tentativa de reduzir os agravos da doença mediante a sensibilização da família e paciente sobre fatores desencadeantes das crises, medidas de controle, adesão ao tratamento, evitando novas crises e promovendo uma maior interação da criança em seu ambiente familiar e social. Trata-se de um desafio diário à capacidade de adaptação das famílias, exigindo ajustes no cotidiano sob orientação da equipe multiprofissional. Objetivou-se caracterizar o perfil de pacientes pediátricos asmáticos usuários do PROAICA, acreditando que conhecendo a realidade das crianças acometidas por asma, os profissionais de saúde poderão intervir de forma a reduzir não só o número de crises como também amenizar as manifestações clínicas.
METODOLOGIA:
Estudo retrospectivo, documental, com abordagem quantitativa. Foram analisados prontuários utilizados pela equipe que assiste crianças cadastradas no PROAICA de um Centro de Saúde da Família, pertencente à Secretaria Executiva Regional I de Fortaleza-CE. O impresso utilizado na consulta foi elaborado por expertizes do referido município e utilizado em todas as unidades onde o programa já foi efetivado. A amostra do estudo foi constituída por toda a população dos 152 prontuários dos pacientes pediátricos que atenderam aos critérios de inclusão: ter realizado pelo menos uma consulta para asma e ter menos de 14 anos de idade. Contudo, alguns aspectos analisados possuíram amostra inferior a 152, devido a registros incompletos nos prontuários. A coleta de dados foi realizada entre agosto e setembro de 2009 a partir do levantamento das seguintes informações nos prontuários: identificação do paciente, antecedentes familiares da doença, história clínica para classificação da asma, hábitos familiares e ambiência doméstica. Os dados foram exportados para o programa PAWS versão 18.0, analisados através de testes estatísticos descritivos, freqüências absolutas e relativas, e de acordo com a literatura. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da UFC sob protocolo nº 247/09.
RESULTADOS:
Das 152 crianças estudadas, 91(59,9%) eram do sexo masculino e 61 (40,1%) do sexo feminino. Quanto à idade da mãe ou responsável pela criança, constatou-se que 63 (40,6%) tinham entre 26 e 35 anos; seguidas de 36 (23,2%), entre 36 e 45 anos; 26 (16,8%), entre a faixa de 18 e 25 anos, e acima de 46 anos revelou-se 15 (9,7%) mães. Em relação à escolaridade das mães ou responsáveis, 68 (43,9%) possuíam entre 6 e 10 anos de estudo, 40 (25,8%) estudaram de 11 a 15 anos, 23 (14,8%) freqüentaram a escola entre 1 e 5 anos e 17 (11%) eram analfabetas. A distribuição das idades foi de 2 (1,3%) crianças com até um ano, 69 (36,1%) entre 1 a 5 anos e 80 (54,6%) crianças acima de 5 anos. Observou-se ainda, que 76 (49%) tiveram a primeira crise asmática quando tinham cerca de um ano de idade. Em relação à freqüência da existência de asma, rinite ou eczema atópico na família, evidenciou-se que 113 (72,9%) das crianças possuíam história familiar de uma dessas doenças e 34 (21,9%) não possuíam nenhuma, apresentando a mãe como sendo a parente que possuía asma ou doença alérgica 61 (39,4%). Ainda, foram identificados 53 (34,2%) fumantes residindo no mesmo domicílio da criança asmática, e o pai foi o membro da família que mais fumava no ambiente domiciliar.
CONCLUSÃO:
Diante dessas considerações, pode-se perceber que a maioria das mães ou responsáveis pela criança encontrava-se na fase adulta jovem, aptas para receberem orientações sobre a doença e suas complicações. Pode-se verificar que na primeira crise as crianças encontravam-se na primeira infância e a maioria era do sexo masculino. Esta situação pode estar associada ao grande número de fábricas nas redondezas do território adstrito ao centro de saúde e baixas taxas de aleitamento materno exclusivo, a busca ativa de crianças com história de asma nas consultas de puericultura, captação precoce na sala de imunização e encaminhamento direto dos hospitais distritais mais próximos da unidade que atendem lactentes em crises em caso de emergência. Constatou-se também um número significativo de crianças acima de 5 anos acompanhadas pelo programa, justificado pelo critério adotado, onde a alta somente é concedida se a criança não apresentar qualquer tipo de crise no período de 12 meses consecutivos. Logo, é preciso que a equipe multiprofissional de saúde promova estratégias de cuidado que favoreçam o processo de construção coletiva do conhecimento, capazes de gerar mudanças não só no ambiente intradoméstico como também no entorno comunitário.
Instituição de Fomento: Programa de Educação Tutorial PET/SESU, Programa de Educação pelo Trabalho -PET/MS, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico-CNPq
Palavras-chave: Asma, Saúde da Criança, Perfil de Saúde.