62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação
DEMANDAS E PERSPECTIVAS DE UMA ESCOLA DE APLICAÇÃO NO CAMPUS DA UFMT
Anne Harumi Mizuguchi Nakazawa 1
Patrícia da Silva Pinto 1
1. UFMT
INTRODUÇÃO:

As Escolas de Aplicação no Brasil foram criadas pelo Decreto-Lei nº 9.053 de 12 de março de 1946 e inicialmente utilizadas pelo Curso de Didática nas Faculdades de Filosofia. Seus docentes eram alunos do Curso de Didática e lhes cabia a observação, co-participação e regência de algumas aulas. Nas últimas décadas, Universidade vem buscando modelos de estágios que reforcem a relação entre ensino, pesquisa e extensão. Nesse sentido, as chamadas Escolas-Laboratório aparecem como uma alternativa para a melhoria do ensino e como campo para práticas didáticas, experimentação e pesquisa. Ainda que a ação docente não pode se limitar à escola, mas deve se estender a outros ambientes educacionais, as Escolas de Aplicação possibilitam aos acadêmicos os primeiros contatos com a futura profissão. Atualmente, várias Universidades (UFRGS, UFPA, UFRR, USP etc.) desenvolvem iniciativas nesse campo e recebem críticas e contribuição de diversos educadores. A presente pesquisa levantou junto às coordenações dos cursos de licenciatura da UFMT o grau de interesse, necessidades e impacto dessas iniciativas para desenvolver estágios e aperfeiçoamentos discentes. O estudo suscita o debate para que as Universidades viabilizarem espaços educativos próprios para a realização das práticas de ensino.

METODOLOGIA:

Inicialmente foi realizado um levantamento bibliográfico específico sobre a temática em pauta, seguido de uma análise de experiências já concluídas e em andamento em outras Universidades brasileiras. De posse dessas informações, elaborou-se um questionário qualitativo que foi aplicado junto aos coordenadores dos cursos das licenciaturas de Pedagogia, Letras, Matemática, Geografia, História, Filosofia, Física, Química, Biologia, Educação Física e Ciências Sociais, seguido de uma entrevista semi-estruturada com o intuito de consolidar e complementar as informações. Os resultados obtidos foram organizados por tópicos e eixos temáticos e posteriormente confrontados com a bibliografia disponível e com as demais experiências analisadas. Verificaram-se também os aspectos convergentes e divergentes levantados pelos questionários e entrevistas realizadas com os coordenadores. Os resultados desse trabalho foram sistematizados em um relatório final de pesquisa cuja síntese será disponibilizada aos segmentos universitários interessados e servirão de base para estudos posteriores.

RESULTADOS:

Os resultados das entrevistas aplicadas aos coordenadores dos cursos evidenciaram as seguintes percepções quanto a sua necessidade: sete coordenadores consideraram positiva a possibilidade de uma escola destinada aos estágios e práticas de ensino; dois coordenadores discordaram por razões de espaço físico e por ser contra a criação de uma Escola de Aplicação restrita aos estágios. No que diz respeito a sua viabilidade: quatro coordenadores questionaram a praticidade de estágios em locais pré-determinados; três a consideraram como uma alternativa a mais para os licenciados e dois apontaram problemas na comunicação entre as instituições que mantém essas iniciativas. Sobre seus possíveis impactos negativos: dois coordenadores não perceberam pontos negativos; cinco disseram que as Escolas de Aplicação não refletem a realidade; um que gera discriminação entre os acadêmicos e um que a Universidade não pode se limitar a atender às necessidades locais "[...] o foco tem que ser o ensino amplo e de qualidade e que ele (o aluno) tenha condições de construir o seu conhecimento para que possa futuramente aplicar esse conhecimento no mundo em que vive" (entrevistado 4).

CONCLUSÃO:

O levantamento bibliográfico, a análise das experiências de outras Universidades e, principalmente, as entrevistas realizadas indicam que a Escola de Aplicação poderia resultar numa experiência positiva para o campus da UFMT em Cuiabá. Uma conclusão mais acertada demandaria estudos complementares sobre a nossa realidade específica, notadamente na relação com as redes estadual e municipal de ensino. O estudo revelou que existe pouca interação entre os cursos de licenciatura e as redes de ensino e que tal realidade dificulta a realização de estágios curriculares mais consistentes e duradouros. Nesse sentido, uma Escola de Aplicação facilitaria o convívio e o aprendizado mútuo entre os estudantes do ensino fundamental e os estagiários. De outra parte, verificou-se que as Escolas de Aplicação encontram dificuldades em expressar a realidade escolar das comunidades mais carentes, que serão via de regra, o local de atuação profissional dos acadêmicos recém formados.

Palavras-chave: Escola de Aplicação, Universidades, Prática de Ensino.