62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 7. Enfermagem
CRIATIVIDADE E SENSIBILIDADE: A PERCEPÇÃO DE CRIANÇAS SOBRE SUA DOENÇA E HOSPITALIZAÇÃO
Vanessa Thaís de Medeiros Queiroz 1
Luciana Fernanda Lucena Mendes Monteiro 1
Mabel Maria Marques Pereira 1
Suênia Silva de Mesquita Xavier 1
Raimunda Medeiros Germano 1
1. Departamento de enfermagem, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
INTRODUÇÃO:

Ao se depararem com o ambiente hospitalar, as crianças apresentam medo por associarem a internação aos procedimentos dolorosos, além da pouca ou nenhuma familiaridade com a equipe de enfermagem, que estará ao seu lado durante toda a hospitalização. As crianças vêem os profissionais do hospital, especialmente os de enfermagem, como pessoas más que agridem seu organismo, invadem sua privacidade e desrespeitam suas opiniões. O objetivo deste estudo foi descrever a percepção de crianças sobre sua doença e hospitalização. Este artigo visa contribuir para a humanização e o acolhimento da assistência de enfermagem voltada para a criança hospitalizada. Cabe aos profissionais que lidam com essa clientela buscar, através do conhecimento técnico-científico atualizado e de sua própria vivência, embasamento para adaptar e melhorar o atendimento oferecido nos hospitais. Percebe-se que na literatura há o crescimento de trabalhos relacionados a assistência de enfermagem pediátrica.

METODOLOGIA:
O objeto de estudo foi a percepção de crianças de 7 a 12 anos, sobre a sua doença e hospitalização. Tratou-se de um estudo de natureza qualitativa, ancorado no método criativo e sensível que explora a criatividade e sensibilidade. Desse modo, a pesquisa de campo foi iniciada após a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), parecer nº 098/06. Os sujeitos da pesquisa foram 13 crianças com a faixa etária de 8 a 12 anos internadas no setor de pediatria. Os instrumentos utilizados para a coleta de dados foram: diário de campo, roteiro de entrevista e material para desenho, disponibilizado. Nesta pesquisa a própria criança dialogou sobre sua doença e hospitalização. A análise se processou a partir do estudo do material empírico, com base nas entrevistas, na observação e no diário de campo, com anotações sobre cada criança apoiada no referencial teórico acerca da criança e do processo de hospitalização.  Com relação às entrevistas foram agrupadas em uma categoria (ficar doente não é divertido) e em duas subcategorias: a chegada da doença e a vida ficou diferente.
RESULTADOS:

Para a criança, ficar doente implica sofrimento, logo não é divertido. Essa categoria se desdobra em duas subcategorias: a chegada da doença e a vida ficou diferente. Em relação à primeira subcategoria, buscou-se identificar nas falas das crianças entrevistadas o que representa para elas a chegada da doença em suas vidas. Foram alguns depoimentos das crianças: Eu tinha a barriga grande, os olhos e as pernas inchadas e passei um bocado de dias na UTI. Recebi alta, fui para casa e depois voltei porque estava sentindo dor (Magali, 8 anos).

Antes eu sentia dor na barriga, ficava inchada (Aninha, 12 anos). A segunda subcategoria, a vida ficou diferente, mostra as mudanças ocorridas no cotidiano das crianças com o aparecimento da doença. Assim, as crianças afirmaram: Nunca tomava injeção, agora tomo (Rosinha, 10 anos). Antes eu jogava bola, vídeo game e lia muito (Cascão, 12 anos). Depois que eu fiquei doente não posso mais ficar no sol nem comer sal (Mônica, 11 anos). A hospitalização infantil ocasiona o distanciamento dos familiares, dos amigos, das brincadeiras, dos seus brinquedos, da escola, mudando a dinâmica de sua rotina diária da criança.

CONCLUSÃO:
As instituições de saúde que internam crianças devem ser preparadas para receber pais e filhos. A presença dos pais junto à criança diminui sua angústia, aumenta e estimula os vínculos afetivos e, ainda, pode representar uma oportunidade de a equipe trabalhar a educação para a saúde. Nesse sentido, é importante estabelecer vínculos de confiança e atitudes que os reforcem, como olhar nos olhos, usar palavras adequadas, responder dúvidas, estar disponível e acessível quando requisitado. E, ainda respeitar as fases da criança, para não chamar de bebê a criança maior ou exigir atitudes de adulto em uma criança menor. Cada criança é única, sendo assim as necessidades variam e a forma de relacionar-se, aproximar-se deve ser avaliada a todo o momento dependendo de cada situação.
Palavras-chave: Criança, Criança hospitalizada, Hospitalização.