62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva
VIVÊNCIAS DE ACADÊMICOS DE SAÚDE QUANTO AO CUIDAR DE IDOSOS: REFLEXÕES PARA ELABORAÇÃO DOS PROJETOS CURRICULARES
Fabíola de Araújo Leite Medeiros 1
Eduardo Rodrigues de Medeiros 2
Ranielly Pereira Lacreda 3
Samara Barbosa Brito Lira 3
1. Enfermeira, docente, mestre, Depto. Enfermagem, UEPB. (Orientadora)
2. Farmacêutico CAT/SESI
3. Acadêmica, Depto. Enfermagem, UEPB.
INTRODUÇÃO:
Inter-relacionar a formação acadêmica do profissional de saúde com a ação do cuidar de idosos, é entendê-la, não apenas com o princípio de que há uma necessidade de conhecimento geriátrico no processo de formação e demanda para o mercado de trabalho para os recentes anos, mas sim, aprofundar conhecimentos fundamentados na percepção do ser humano, como pessoa com seus valores, crenças e perspectivas. É trabalhar o todo, considerando a ação de promoção, prevenção e manutenção de uma velhice saudável. Dentro dessa perspectiva, surge o problema a ser questionado o qual investiga se a formação acadêmica tem destinado subsídios para formação profissional na perspectiva da demografia atual. O objetivo desse trabalho foi analisar a vivência dos acadêmicos de saúde sobre o ato de cuidar de idosos, verificando sua inserção no panorama demográfico atual, refletindo sobre a contribuição do estudo mediante a utilização deste em subsídios para reformulação de currículos.
METODOLOGIA:
Estudo descritivo e exploratório com abordagem qualitativa. Foram visitadas Instituições de Ensino Superior (IES) públicas e privadas no município de Campina Grande/PB. O universo previsto foi definido equivalendo-se a pelo menos 25% do número total de alunos por curso, tendo por critérios de inclusão: ser acadêmico de saúde, estar no último ano da graduação, querer por voluntariedade participar do estudo, responder todo o formulário e assinar o termo de consentimento. Optou-se em escolher os últimos períodos de cada graduação, visto que o aluno a partir do 3º ano já tem cursado mais de 50% das disciplinas do curso e assim, estará apto a consolidar nossa investigação sobre o cuidar de idosos. Foram levados em consideração os aspectos éticos de pesquisa envolvendo seres humanos, preconizado na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, sendo submetido ao CEP da UEPB. A amostra compreendeu 157 acadêmicos de saúde, distribuídos em 85 de Enfermagem, 31 de Psicologia, 19 de Fisioterapia, 12 Farmácia, 10 de Odontologia. O instrumento para coleta de dados foi um questionário com perguntas semi-estruturadas. Os dados foram criteriosamente selecionados, analisados e categorizados seguindo a análise do conteúdo e discutidas sob a luz da literatura.
RESULTADOS:
Uma das primeiras questões a ser avaliada foi se a graduação envolvia algum componente relacionado á saúde do idoso e/ou gerontologia. Foi observado que em muitos cursos há disciplinas de áreas afins a Gerontologia. Quando se questionou sobre se o acadêmico de saúde achava necessária a inclusão de componentes curriculares que contemplassem diretamente a saúde do idoso, observou-se que 100% dos acadêmicos de Fisioterapia responderam que há necessidade de se ter um componente específico à saúde do idoso. Os demais cursos que propuseram a alternativa negativa e justificaram sua resposta, discutiram que há uma necessidade de discussão em todos os componentes curriculares em relação aos aspectos gerontológicos do cuidar, e não serem oferecidos apenas numa disciplina exclusiva ao assunto. Alguns acadêmicos de Farmácia afirmaram não saber relacionar o ato de cuidar de idosos com sua formação. Foi encontrado em algumas respostas, que a vivência do acadêmico de saúde com o cuidar de idosos esteve mais relacionado com a prática de estágios supervisionados na área hospitalar, do que com discussões teóricas que envolvessem o processo de envelhecimento e o ato de cuidar de idosos.
CONCLUSÃO:
Concluiu-se através desse trabalho que há uma necessidade urgente de se discutir cada vez mais os projetos pedagógicos na formação de um profissional crítico-reflexivo inserido nas políticas públicas da atualidade. O acadêmico de saúde não pode ficar alheio ao panorama demográfico e epidemiológico da atualidade, quando a realidade dos estágios presencia a importância de vivências e discussões sobre o processo de envelhecimento e sobre como cuidar de idosos. Houve nesse estudo respostas de acadêmicos que não souberam relacionar sua prática profissional na perspectiva da saúde do idoso. Para garantia de melhor atendimento a terceira idade, é de fundamental importância que se pense na formação do profissional de saúde visando à compreensão das modificações de cada ciclo vital do ser humano, incluindo o processo de envelhecimento. Estas exigências no pensar passam necessariamente a ser foco de discussão no processo de formação dos profissionais da área de saúde, dentro da perspectiva que o envelhecimento é um processo natural e inevitável e que há prerrogativas de se cuidar desse processo para garantia que ele acontece de forma saudável.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq.
Palavras-chave: cuidado, saúde do idoso, formação profissional.