62ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 13. Serviço Social - 2. Serviço Social da Criança e do Adolescente
APRENDENDO A APRENDER: GRUPO DE FORMAÇÃO SÓCIO-POLÍTICA PARA PESSOAS DE REFERÊNCIA.
Ana Carolina Galvão 1
Erlane Bandeira 2
1. Depto. de Serviço Social, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
2. Professora Doutora / Orientadora. Depto. de Serviço Social, UFRN.
INTRODUÇÃO:
A violência sexual contra crianças e adolescentes insere-se na perspectiva de negação de direitos, contrariando o direito a dignidade, a inviolabilidade do corpo e impossibilitando uma sexualidade saudável. Em 18 anos de existência o CEDECA "Casa Renascer" vem acompanhando e atuando sobre o crescente número de denúncias sobre a temática na cidade do Natal, tendo a família como principal violador dos direitos de crianças e adolescentes, atualmente, constatadas em pesquisas associadas ao SOS criança e nos atendimentos realizados pela instituição. Diante desses dados observou-se a necessidade de disseminação dos direitos de crianças e adolescentes dentro do seu núcleo familiar. E foi nesse contexto que se propôs o desenvolvimento de um Grupo de Formação Sócio-Política para Pessoas de Referência, objetivando formar pais e responsáveis de crianças e adolescentes acompanhadas pelo CEDECA Casa Renascer na perspectiva dos direitos humanos de crianças e adolescentes e do fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.
METODOLOGIA:
O projeto "Aprendendo a Aprender" visando perpetuar os direitos de crianças e adolescentes circunscritos no Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA e a sensibilização sobre o papel da família frente a esses direitos desenvolveu "oficinas temáticas", tendo como público-alvo as pessoas de referência de crianças e adolescentes atendidas no CEDECA Casa Renascer. As "oficinas temáticas" se realizaram na sede da instituição através de encontros quinzenais com duração de 90 minutos cada e com média de 6 (seis) participantes. Nestas foram desenvolvidas atividades, técnicas e dinâmicas que facilitaram a sensibilização sobre o papel da família na proteção dos direitos de crianças e adolescentes embasado no Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, a reflexão sobre a "educação pedagógica" de crianças e adolescentes e o trabalho dentro da competência do "ser" dos aspectos referentes ao autoconhecimento e ao (re) conhecimento enquanto pessoas de referência do núcleo familiar, totalizando 6 (seis) encontros.
RESULTADOS:
O objetivo central de formar pais e responsáveis de crianças e adolescentes acompanhadas pelo CEDECA Casa Renascer na perspectiva dos direitos humanos de crianças e adolescentes e do fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários foi alcançado, bem como os objetivos específicos de sensibilizar sobre o papel da família na proteção dos direitos de crianças e adolescentes embasado no Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, de refletir sobre a "educação pedagógica" de crianças e adolescentes e de trabalhar dentro da competência do "ser" aspectos referentes ao autoconhecimento e ao (re) conhecimento enquanto pessoas de referência do núcleo familiar Trabalhar a competência do "ser" pessoa de referência de crianças e adolescentes demandaram mudanças de estratégias de intervenção, tendo que ser quebrados paradigmas culturais e estruturais que não proporcionaram a efetivação, de forma plena, desse objetivo. Porém as oficinas práticas foram de fundamental importância para o seu sucesso, sendo expressa na fala do grupo a importância do reconhecimento de suas atividades e ações cotidianas em seus lares. Em contrapartida, as oficinas temáticas foram importantes para a apreensão e reflexão dos assuntos discutidos.
CONCLUSÃO:
O projeto "Aprendendo a Aprender" foi idealizado a partir da observação, em um primeiro momento, da dificuldade da instituição em atender as famílias e dar continuidade a esse vinculo no acompanhamento dos casos. Em seguida, notou-se através de dados do próprio CEDECA Casa Renascer a família como o principal violador de direitos de crianças e adolescentes na cidade do Natal. Com isso, o projeto veio debater os direitos humanos de crianças e adolescentes e o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários, porém nos primeiros encontros percebeu-se que o grupo não se reconhecia como "ser" pessoas de referência e portadoras de direitos, acarretando alterações que proporcionaram abordar o empoderamento das participantes enquanto tema. O Grupo de Formação Sócio-Política para Pessoas de Referência caminhou de forma plena, atingindo seus objetivos enquanto projeto, contribuindo para a aproximação das famílias com a instituição e facilitando atendimentos e encaminhamentos.
Palavras-chave: Direitos humanos, Criança e Adolescente , Pessoas de referência.