62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação
RACISMO E VIOLÊNCIA - OS (AS) JOVENS NEGROS (AS) NAS ESCOLAS PÚBLICAS DA REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM : 2006- 2009
Luciane Teixeira da Silva 1, 2
Adriana Lima 1, 2
Bruno Valência 1, 2
Leilane Nunes 1, 2
Flavia Alves de Macedo 1, 2
Eleanor Gomes da Silva Palhano 1, 2, 3, 4, 5
1. UNIVERSIDADE ESTAUAL DO PARÁ /UEPA
2. CURSO DE PEDAGOGIA UEPA
3. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ- UFPA
4. FACULDADE DE CIENCIAS SOCIAIS- UFPA
5. PROFª. DRª. ORIENTADORA UNIVERSIDADE DO ESTADO PARA
INTRODUÇÃO:

O estudo procurou compreender como os (as) jovens negros (as) reagem em situações de violência e discriminação no cotidiano escolar. As questões propostas fora o de identificar as formas de violência registradas em suas memórias e como as mesmas se reproduzem no espaço escolar.Torna-se importante destacar que, desde a tenra idade, as socializações, promovidas pelas diversas instituições sociais como escola e a família, ensinam sutilmente quais são as parcelas da sociedade que são marginalizadas e as posições que os negros ocupam na estrutura social. A sociedade brasileira criou um tipo de reprodução social que apresenta um padrão de exaltação ao homem/mulher branco (a), como o (a) portador (a) da modernidade, anunciado exaustivamente, enquanto para o jovem (a) negro (a) é tido (a) como arcaico (a) e coadjuvante.  Essas ações colaboram para a construção de uma conduta de subalternização que não só incorporam a questão de raça, mas de outros elementos que representam fatores de desigualdades entre os indivíduos. As questões de Gênero e Raça apresentam muitas similaridades. Nessa sociedade marcada pela desigualdade e pelos privilégios, a 'raça' fez e faz parte de uma agenda nacional pautada por duas atitudes paralelas e simétricas: a exclusão social e a assimilação cultural.

METODOLOGIA:

No estudo efetivado na cidade de Belém, realizou-se por meio de pesquisa de campo, Documental e Bibliográfica. Para subsidiar o trabalho, foram realizados estudos qualitativos e quantitativos, e como instrumentos de coleta de dados, foram utilizados o questionário e as entrevistas. O questionário foi aplicado a 100 informantes alunos e professores das escolas publicas investigadas. A partir de visitas a campo, coletamos informações sobre a realidade socioeconômica da população - principalmente os que dizem respeito à situação ocupacional dos jovens e de seus familiares, dados sobre níveis de educação dos pais e as formas de lazer que estes possuem. As fontes bibliográficas possibilitaram a seleção de um referencial teórico pertinente a problemática.  Os jornais locais também se constituíram em fonte examinada.

 

RESULTADOS:

Como resultado, este estudo permitiu reunir fontes bibliográficas, depoimentos, fotos, e proceder a uma comparação sobre as formas de racismo e as proporções que a violência assume nas escolas públicas da Região Metropolitana de Belém/ nas ilhas que compõem a RMB. Constatou-se que a construção da identidade do negro (a) nas escolas públicas da RMB, ainda se constitui como um campo a ser observado, pois os dados apresentados possibilitam em parte compreender como o fenômeno da violência é um imperativo que dificulta a expressão singular dos jovens negros. Ser jovem e negro, no espaço no espaço da escola publica, é em alguns momentos enclausurá-lo, isto por que há um movimento de aliená-lo do seu processo de vida, dificultando em parte a objetivação de sua identidade. O espaço escolar defende, em determinados momentos, o mito da democracia racial, sendo que esse aspecto, por ser tão forte, cultiva no imaginário social a ideia de superação das desigualdades sociais. Ante a essa problemática, pensar a identidade do jovem negro é romper com as amarras de uma educação elitizada e hegemônica.

 

CONCLUSÃO:

O presente trabalho possibilita afirmar que embora a violência seja reconhecida como um fenômeno recorrente na história da humanidade, a gravidade das suas manifestações, sua natureza e magnitude entre os jovens durante as  quatro últimas décadas, em diversos países do mundo e em especial no Brasil, tem provocado a apreensão não apenas da opinião pública, mas também a das instituições publicas brasileiras, incluindo as universidades nas áreas de ensino e pesquisa. Este estudo, em pauta, permitiu verificar como os (as) jovens negros e negras paraenses, precisamente aqueles que compõem a população RMB, dos denominados ribeirinhos, jovens das ilhas, criam suas identidades. Informa os dados que a violência contra os jovens negros na cidade de Belém avança em largas escala. As causas que conduzem a criação deste quadro, explica a pesquisa, discriminação, preconceito e a própria condição de vida desta população.  Outros aspetos examinados possibilitam afirma que a desigualdade na distribuição de renda, a vulnerabilidade, a exclusão social e a pobreza são elementos que possibilitam entender, em parte, como o fenômeno da violência se dissemina junto a esta parcela da população paraense, ao mesmo tempo como a identidade dos jovens negros (as) se reconstituem com dignidade e alteridade.

 

Palavras-chave: Racismo, Violência, Identidade.