62ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 2. Gestão e Administração - 9. Gestão e Administração
COOPERAÇÃO COMO FERRAMENTA ORGANIZACIONAL PARA O ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DA MANDIOCULTURA DO ESTADO DE SERGIPE
Denival Fontes de Oliveira 1
1. Universidade de Fortaleza - UNIFOR
INTRODUÇÃO:

No cenário econômico atual, os Arranjos Produtivos Locais (APLs) têm sido um dos focos das políticas nacionais de desenvolvimento regional. Essas aglomerações buscam desenvolver suas potencialidades movimentando diversos atores em torno de uma atividade. Em sua maioria, os APLs são formados por pequenos produtores e micro e pequenas empresas (MPEs), que se organizam para obter maiores efeitos de transbordamento (competitividade, produtividade, qualidade, etc.) e, também, para se manterem firmes no mercado. O Arranjo Produtivo Local de Mandiocultura de Sergipe, foco desse trabalho, está localizado nas regiões Centro Sul e Agreste de Sergipe envolvendo 19 municípios. Há uma grande quantidade de MPEs, as quais estão envolvidas com a produção de farinha de mandioca, principal produto derivado da raiz de mandioca. O objetivo está relacionado a desenvolver um ambiente organizacional que maximize as relações entre os atores envolvidos em todo processo. A realização desta pesquisa justifica-se pela importância de desenvolver o APL, já que o município de Lagarto está entre os 10 maiores produtores de mandioca do Brasil. Dessa forma, busca identificar os gargalos enfrentados pelo Arranjo Produtivo da Mandiocultura de Sergipe e propor alternativas que minimizem os problemas.

METODOLOGIA:

Para o desenvolvimento deste trabalho foi necessário fazer uma revisão de literatura referente à APLs, Governança e Cooperativismo, como base teórica. Em seguida, foi feita coleta de índices e indicadores juntamente ao IBGE, CONAB e PNUD para obter dados referentes à população, IDH e produção de mandioca no Brasil. Também foi realizada uma pesquisa de campo com entrevistas de perguntas abertas a produtores em 3 municípios para identificar e ter conhecimento de como se dá as relações entre produtores e demais atores envolvidos no APL . A partir dos dados coletados com as entrevistas, foi desenvolvida uma Matriz SWOT e sua cadeia de suprimentos. Por fim, feita as considerações mediante toda pesquisa, é proposto um modelo de gestão para o arranjo que irá propiciar um ambiente organizacional favorável ao seu desenvolvimento.

RESULTADOS:

Após ter visitado e colhido dados em algumas cidades do Arranjo Produtivo Local de Mandiocultura de Sergipe, foram identificados problemas em quatro dimensões: Na dimensão produtiva existem problemas que estão relacionados à falta de cooperação, principalmente entre cooperativas de produtores em diversos municípios. Grande parte da produção de farinha do APL é comprada pelos atravessadores da região. As relações na dimensão econômico-financeira são fracas. Essas relações do APL são baseadas nas possibilidades de cada ator. Alguns atores têm relacionamentos mais fortes, pois possuem maior confiança em suas relações financeiras, por apresentarem maior quantidade de terra para plantio da mandioca. No aspecto tecnológico, o APL tem total carência. As relações estabelecidas sobre tecnologia são as menores possíveis, pois tudo que é utilizado no processo de produção da farinha tem meios tradicionais, sem processos inovativos e que fogem as tendências tecnológicas de maquinários existentes, exceto alguns produtores que possuem maior poder aquisitivo. Na dimensão social também são encontrados índices baixos. O APL possui grandes problemas sociais. Os índices de analfabetismo são enormes, existe uma baixa capacitação das pessoas envolvidas nas atividades do arranjo.

CONCLUSÃO:

A maior parte dos problemas deste arranjo está ligada a estrutura organizacional, que com uma devida gestão, poderá alcançar maior desenvolvimento do capital social e ter maior sustentabilidade na cadeia de suprimento e toda sociedade envolvida. Os elementos de governança tais como: cooperação, avaliação, monitoramento e coordenação - serão eficazes para o APL de Mandiocultura de Sergipe, bem como formar parcerias com instituições de ensino superior e formação técnica para o desenvolvimento de processos inovativos, P&D e novas tecnologias, beneficiando todos os atores envolvidos no processo. Isso propiciará maior competitividade ao arranjo mediante as variações de mercado e buscando crescimento da região onde está localizado.

Palavras-chave: Arranjos Produtivos Locais, Mandiocultura, Governança.