62ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Lingüística - 1. Lingüística Aplicada
CRÔNICAS DE ARNALDO JABOR - "DO LIRISMO À POETICIDADE NA MÍDIA ELETRÔNICA."
Andressa dos Santos Pontes 1
Maria Assunção Silva Medeiros 1, 2
1. Depto. de Ciências Sociais e Humanas - UFRN
2. Profa. Dra./Orientadora
INTRODUÇÃO:
Com base nos estudos sobre o Gênero Discursivo Crônica, é pertinente dizer que se trata de uma narração em ordem cronológica, que preenche as páginas dos jornais e revistas da mídia eletrônica e está voltada para os acontecimentos do cotidiano. Veiculada essencialmente na imprensa, com a propalação crescente da internet figura também na mídia eletrônica e, nesse suporte, é encontrada nos jornais e revistas eletrônicos, como também nos blogs, twitters e sites diversos. Nesse cenário, destaca-se um cronista de renome na atualidade - Arnaldo Jabor - que apresenta um estilo singular e cativa a todos com as suas crônicas poéticas e líricas, escritas de maneira peculiar. Desse modo, ao considerar a Crônica, nas categorias poética e lírica, observaremos, pelo viés da sócio-retórica, como é tratada a crônica escrita por Arnaldo Jabor. Com isso, busca-se extrair, justamente, a singularidade que perpassa a sua escrita conjugada com a sua visão sobre o cotidiano e constar de forma visível que os gêneros evoluem e se adequam a novas esferas sociais.
METODOLOGIA:
Para esse estudo foi adotada uma metodologia qualitativa, porque o interesse é, com base nos estudos retóricos, identificar argumentos permeados de lirismo e poeticidade. Para isso, foram procuradas, em sites variados de busca da mídia eletrônica, obras mais recorrentes de Jabor que se ajustam à categoria supracitada e que tivessem como assunto central o amor e o misto de conflitos encontrados a partir do tema central. Após ler as crônicas "Estamos com fome de amor", "Eu te amo não diz tudo", "Crônica do Amor", "Amor é prosa, sexo é poesia", "Seja um idiota" e "Homem Perfeito", passou-se a confrontá-las, para que nessa conversa entre textos fosse observada a subjetividade do cronista em meio a sua visão a respeito dos relacionamentos sociais do cotidiano na atualidade. Como já foi dito anteriormente, esta visão e análise se pautam nos pressupostos da sócio-retórica com Swales (1990), Perelman (1988, 2002, 2004) e sobre gêneros e esferas sociais com Bakhtin (2003) já que não haverá apenas a preocupação com a escrita, mas também com o contexto em que as referidas crônicas se inserem, pois entende-se que este é um fator determinante na linguagem do cronista.
RESULTADOS:
A crônica lírica e poética foi muito valorizada nos séculos passados por apresentar uma linguagem metafórica que permite a expressão de sentimentos e até chega a ser nostálgica, mas ultimamente tem caído em desuso. Entretanto, o jornalista Arnaldo Jabor, apresenta uma nova maneira de escrevê-la. Ao modelo antigo, o autor insere doses de humor, sinceridade, sarcasmo, uso recorrente de hipérboles e crítica ferrenha à sociedade moderna. Sua linguagem ora é intensa e eloquente, como nas crônicas "Estamos com fome de amor", "Eu te amo não diz tudo" e "Crônica do Amor", ora é desleixada, coloquial e debochada, utilizando termos obscenos e muitos deles termos chulos como nas crônicas "Amor é prosa, sexo é poesia", "Seja um idiota" e "Homem Perfeito". Uma dualidade ímpar que é marca registrada de Jabor. Nas relações interpessoais esse jogo é evidenciado na relação homem e mulher, no confronto entre o amor e o sexo, na desvalorização das relações humanas e nos pontos negativos da tecnologia que impulsiona as pessoas a vivenciarem uma correria sem fim e não mais prezar pelas coisas simples. Portanto, a sua escrita não é apenas inovação, é também uma forma de reflexão, um grito pelo despertamento da sociedade, um desejo incontrolável de mudança e, para isso alia a escrita ao contexto.
CONCLUSÃO:
Em virtude dos fatos expostos, percebeu-se que a escrita não é algo estático, que é possível reinventar os gêneros textuais como no dizer de Bakhtin (2003, p. 262) que "os gêneros discursivos são tipos relativamente estáveis de enunciados", isto é, evoluem, assumem novas formatações e são veiculados em novos tipos de suporte como a mídia eletrônica ou, ainda, podem até desaparecer com o passar do tempo. O processo encontrado nesse trabalho, através das crônicas de Jabor, consistiu em manter a essência poética e lírica da Crônica, mas isso não o impediu de adequá-la aos conflitos da sociedade moderna e consequentemente haver liberdade para uma nova maneira de escrever tal gênero e atribuir-lhe, até mesmo, um caráter argumentativo e reflexivo. Enfim, ficou perceptível o resgate e a nova roupagem desse tipo de crônica pela ótica de Jabor. Além disso, é muito importante que os sites da internet também veiculem os gêneros discursivos, afinal são fatores determinantes para as situações sócio-comunicativas e são relevantes para a nossa sociedade pela praticidade da leitura sem papel em uma tela eletrônica.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: Crônica lírica e poética, Mídia eletrônica, Sócio-retórica.