62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 5. História - 9. História Social
O TRABALHADOR NUMA SOCIEDADE EM REDE: UM PARALELO ACERCA DAS MUDANÇAS NO MUNDO DO TRABALHO.
MILTON MELO DOS REIS FILHO 1
IRAILDES CALDAS TORRES 2
1. Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia - PPGSCA/UFAM- PP
2. Professora orientadora do Programa de Pós-Graduação Sociedade e Cultura na Amazônia (PPGSCA) da Universidade Federal do Amazonas - UFAM
INTRODUÇÃO:

Ao construir esta temática pretendeu-se promover um debate onde se pudesse refletir a situação deste "ser" na sociedade informacional, permeada por diferentes contextos sociais, culturais e econômicos no que diz respeito a uma nova inserção ou adequação ao novo modelo de produção a ser absorvido pela classe trabalhadora, a chamada reestruturação produtiva. O cenário é das novas tecnologias da informação que passam a integrar o mundo em redes globais de instrumentalidade. A comunicação mediada por computadores gera uma gama enorme de comunidades virtuais. O que se percebe na sociedade contemporânea, é uma grande exclusão social provocada por esta nova era, o indivíduo às margens do mundo tecnologizado e informacional, o que justifica a relevância deste trabalho. Nem sempre as chamadas "comunidades virtuais" se fazem presentes nas camadas populares da sociedade. Será que podemos falar em sociedade em rede para esta clientela? Concorda-se que a tecnologia da informação trouxe muitas possibilidades no sentido da realização e do desempenho das funções. Mas, como uma ação do próprio homem, acaba por excluir este ser do processo de trabalho, diminuindo cada vez mais seus postos e ofícios.

METODOLOGIA:

A pesquisa atende uma perspectiva metodológica da história oral e foi construída com o intuito de buscar dados informacionais sobre a situação socioeconômica do trabalhador operário do Parque Industrial de Manaus.  Inicialmente, buscaram-se identificar os trabalhadores operários no mundo social, os que entraram em cena nos anos 1980 e fizeram a luta classista do operariado amazonense. Em seguida, foi feita a realização de entrevistas individuais, utilizando como universo amostral dez operários do Parque Industrial de Manaus. Aqueles operários que disputaram espaços, reivindicaram melhorias salariais, condições dignas de trabalho e políticas sociais, dentre outras e, atualmente, vivem sob a realidade do dilema dos desafios do mundo tecnologizado e informacional. Também foi de suma importância a contribuição da Pastoral Operária de Manaus que disponibilizou documentos, jornais de circulação, periódicos e seu próprio ambiente para o alcance das informações. 

 

RESULTADOS:

O trabalhador é vítima da sociedade do conhecimento, da desigualdade social e de uma revolução tecnológica, centrada em torno das tecnologias da informação, a qual vem reformatando, em passo acelerado, a base material da sociedade.

A partir do século XXI os avanços da tecnologia microeletrônica e da racionalização das técnicas organizacionais do processo de trabalho, orientados por conceitos como produção flexível em um contexto de competição capitalista global. Cada operário executa uma tarefa específica e dependendo do nível de complexidade dessa tarefa o trabalhador é compensado.

Exige-se uma rápida adequação das empresas fordistas. Esses sistemas de produção flexível, segundo Harvey (1993), permitiram uma rápida aceleração do ritmo de inovação do produto.

Scherer (2005) apresenta o resultado de uma pesquisa sobre "Desemprego e Trabalho Precário na Zona Franca de Manaus". Sua preocupação é mostrar o dilema do desemprego que afeta o trabalhador amazonense na atualidade.

O trabalhador contemporâneo alheio a esse mundo globalizado, tecnologizado e informacional, passa a fazer parte de uma camada social cada vez mais excludente. A política social aceita distribuir bens, sem, no entanto, tocar no espectro das desigualdades sociais.

 

CONCLUSÃO:

Contudo, o trabalhador numa sociedade em rede, por mais humilde que seja, deve adquirir mais lucidez para não se deixar levar como o "pobre coitado", porque o "pobre coitado" é quem sequer sabe e é coibido de saber que é pobre. É preciso que o trabalhador contemporâneo pense na busca de soluções e formas cada vez mais ampla de ver o seu espaço na sociedade, poder ocupá-lo com competência e sabedoria no mundo informacional ou hifenizado. Lidar com esses aparatos tecnológicos requer constantes desafios para este ser. Hoje, parar no tempo é perder dinheiro, é não saber se auto-gerenciar.

Castells (1999) entende que as funções e os processos dominantes na era da informação estão cada vez mais organizados em torno de redes. Para ele "a história está apenas começando" (1999, p. 574).

Concorda-se que seja mesmo o começo de uma nova existência, a chamada era da informação, marcada pela autonomia da cultura tendo em vista as bases materiais de nossa existência. Pois, "recriar sonhos é uma qualidade dos humanos, sobretudo daqueles que ainda não foram arrastados pela barbárie, que não foram embrutecidos pela fraqueza da falta de perspectivas" (TORRES, 2005, p. 273). A começar pela busca da realização plena de seus prazeres na vida social ao seu lento e gradual inserção no contexto social.

 

Instituição de Fomento: FUNDAÇÃO DE AMPARO A PESQUISA DO ESTADO DO AMAZONAS - FAPEAM
Palavras-chave: TRABALHADOR, SOCIEDADE, REDE.