A cisticercose bovina é uma zoonose que se manifesta pela presença do metacestódeo Cysticercus bovis, em sua musculatura. O homem atua como hospedeiro definitivo alojando no intestino delgado a Taenia saginata, forma adulta do referido parasita. Trata-se de uma parasitose de distribuição cosmopolita, de grande importância para a economia e para a saúde pública e animal. A cisticercose bovina geralmente é diagnosticada em rotina pelo exame post-mortem dos animais durante o abate. Este método de diagnóstico possui menor sensibilidade quando comparado aos testes sorológicos como o ELISA, o que abre perspectivas  para a utilização do imunodiagnóstico da cisticercose em pesquisas. Nesse contexto, torna-se necessário conhecer a resposta imunológica dos bovinos frente à infecção pelo Cysticercus bovis, por meio de testes sorológicos indiretos com melhores desempenhos. Este trabalho objetivou avaliar a evolução da resposta imune em bovinos experimentalmente infectados com ovos de Taenia saginata pelo teste ELISA indireto.

Através da microscopia direta para pesquisa de ovos em fezes foi diagnosticado um paciente positivo para teníase. Após tratamento do paciente com anti helmíntico especifico. Foram infectados 10 bezerros mestiços holandês-zebu, com idade aproximada de seis meses. Foi utilizado na inoculação um fragmento de Taenia saginata, cuja espécie foi confirmada pela morfologia apresentada ao exame parasitológico. Para cada animal foi administrada uma alíquota de 120.000 ovos, por via oral, utilizando uma sonda gástrica. A coleta de sangue dos animais foi realizada nos dias 0, 30, 60, 90 e 120 pós-infecção.  As amostras de sangue foram dessoradas em temperatura ambiente e estocadas a -20ºC no mesmo dia. O teste ELISA indireto foi realizado de acordo com a metodologia empregada por Pinto et al. (2000). Os dados foram processados em planilhas do Excel 2007 e analisados por meio do programa de análises estatísticas do programa SAEG 9.0, sendo realizada a análise de variância e a comparação das médias de densidade óptica, utilizando o teste Tukey com 5% de nível de significância. A pesquisa foi aprovada pela comissão de ética em experimentação com animais do Departamento de Veterinária da Universidade Federal de Viçosa.

A partir do teste ELISA indireto, obteve-se para cada período de coleta uma média das densidades ópticas (DO) dos 10 animais. As amostras coletadas no período 0, 30, 60, 90 e 120, obtiveram médias de DO de 0,258, 0,314, 0,332, 0,339 e 0,321 respectivamente. Foi observado aumento estatisticamente significativo na produção de anticorpos do 30º ao 60º dia pós infecção, concordando com os achados de MINOZZO et al. (2004). O mesmo não foi observado nos períodos de 0 a 30, e de 60 a 120, apesar do aumento no valor da DO. FERRER et al. (2003), constatou que a produção de anticorpos em bezerros experimentalmente infectados inicia-se na 2ª e 3ª semana pós-infecção e se mantém elevado até a 12ª semana, confirmando que a cisticercose bovina se manifesta pela sorologia nas primeiras semanas de infecção. O conhecimento da cinética de produção de anticorpo contra o Cysticercus bovis, possibilita o monitoramento sorológico dos animais, permitindo a detecção do tempo de infecção, e favorecendo a implantação de medidas de controle eficaz dessa parasitose.

Os animais infectados experimentalmente com Cysticercus bovis apresentaram aumento na produção de anticorpos no período de 30 a 60 dias pós-infecção, mostrando a aplicabilidade do teste ELISA no diagnóstico da cisticercose bovina.