62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 3. Fisiologia Vegetal
FLUXO DE GASES EM TECIDOS FOLIARES DE ANDIROBA (Carapa guianensis Aublet.) E FREIJÓ (Cordia goeldiana Huber) CULTIVADAS SOB SISTEMA AGROFLORESTAL NO TERRITÓRIO DO BAIXO AMAZONAS
Suellen Castro Cavalcante 1
Leuzimar Silva dos Santos 1
Patrícia Chaves de Oliveira 2
1. Lab. de Estudos de Ecossitemas Amazônicos,Univ. Federal do Oeste do Pará - UFOPA
2. Profa. Dra./Orientadora
INTRODUÇÃO:
Em meio às recentes mudanças climáticas devido o incremento de dióxido de carbono na atmosfera da Terra, tendo como conseqüência o aumento do "efeito estufa" que causa o "aquecimento global", um melhor conhecimento quanto ao comportamento ecofisiológico das espécies nativas como andiroba e freijó cultivadas em sistemas agroflorestais implantados em áreas de agricultura familiar, no Território do Baixo Amazonas, sob condições naturais de H2O (água) e CO2 (gás carbônico) possibilitará maiores inferências com o balanço desses mesmos gases neste contexto de mudanças climáticas. As plantas são importantes sensores biológicos das mudanças climáticas globais, onde o aquecimento do planeta interfere nos fluxos de vapor de água e CO2 em seus tecidos foliares com graves conseqüências nos processos fotossintéticos e transpiratórios e, por conseguinte na produção de biomassa. O objetivo desta pesquisa foi avaliar o comportamento ecofisiologico, quanto à troca gasosa em tecidos foliares de andiroba e freijó cultivadas sob sistemas agroflorestais em áreas de agricultura familiar.
METODOLOGIA:
A pesquisa desenvolveu-se em sistemas agroflorestais formados a partir da trituração de capoeiras em área de agricultura familiar, no município de Santarém, estado do Pará (2º 29' 781"S e 54º 50' 299"W). O clima é classificado como Ami no sistema Koppen, com temperatura média de 25ºC e umidade relativa de 86%. A precipitação pluvial anual média é de 2000 mm, variando de 600 a 3000 mm anuais. O solo se caracterizava como latossolo amarelo distrófico e granulometria com 43% areia, 32% argila e 25% silte. As medidas foram realizadas entre 9:00 e 10:00 horas da manhã no mês de agosto de 2009, período seco. Foram selecionadas aleatoriamente 5 plantas de cada espécie e as medições realizadas em 2 folhas de cada planta. Portanto, foram obtidos dados de 10 folhas maduras, intactas, não destacadas, sob condições naturais de luz e CO2, de Andiroba (Carapa guianensis) e Freijó (Cordia goeldiana), para leitura das variáveis, Transpiração (E em mmol.m-2.s-1), Condutância estomática (GS em mmol.m-2.s-1), Temperatura foliar (T em ºC) e Fotossíntese (A em µmol.m-2.s-1), determinados por um medidor de gás na região do Infravermelho (IRGA- ADC LCPRO). As análises estatísticas foram realizadas no programa Bio Estat 4.0 e se caracterizaram por análises multivariadas.
RESULTADOS:
As respostas ecofisiológicas demonstraram que árvores de freijó cultivadas sob sistemas agroflorestais apresentaram taxas fotossintéticas e transpiratórias maiores que andiroba no período seco, sob condutâncias estomáticas muito baixas. Sugerindo desempenho melhor de freijó do que andiroba quanto ao seqüestro de carbono, e que a via de fluxo de gases como o CO2 e a H2O através do estômato pode estar sendo substituída pela via epicuticular, devido os baixos níveis de condutância estomática. Foram observadas altas temperaturas nos tecidos foliares das duas espécies indicando condições de estresse por temperatura no meio celular. Através da analise multivariada, especificamente o Teste de Hotelling comparamos o comportamento ecofisiológico das duas espécies através das 4 variáveis (E, GS, T, A), e observamos que as espécies foram diferentes significativamente (p= 0,0099). Portanto, em condições de estresse hídrico, como no período observado, freijó seria a espécie que melhor fotossintetizaria, mas que perderia mais água pelo processo de transpiração. Andiroba pareceu economizar mais água em seus tecidos foliares, devido suas baixas taxas transpiratórias, sugerindo que essa espécie possui melhores estratégias que freijó frente a estresses hídricos.
CONCLUSÃO:
As espécies arbóreas amazônicas aqui estudadas e cultivadas em sistemas agroflorestais apresentaram diferentes comportamentos ecofisiológicos quando sob condições de estresse natural hídrico. Andiroba (Carapa guianensis) economizou mais água em seus tecidos foliares por transpirar menos que freijó (Cordia goeldiana). A absorção de CO2 foi maior por tecidos foliares de freijó do que por andiroba no período seco observado. Sugere-se que andiroba possui melhor estratégia de sobrevivência em ambientes com déficit sazonal de água no solo. Freijó demonstrou ser uma espécie eficiente no seqüestro de CO2 comparativamente à andiroba. Ambas as espécies se desenvolveram em condições de estresse por elevadas temperaturas foliares, observadas no mês do estudo.
Instituição de Fomento: FINEP
Palavras-chave: Comportamento Ecofisiológico, Amazônia, Sistemas Agroflorestais.