62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 13. Parasitologia - 4. Parasitologia Geral
PARASITO Cymothoa spinipalpa (ISOPODA: CYMOTHOIDAE) DE TRÊS ESPÉCIES DE PEIXES (OSTEICHTHYES: CARANGIDAE) DAS AGUAS COSTEIRAS DO RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL
Eudriano Florêncio dos Santos Costa 1
Mônica Rocha de Oliveira 2
Gustavo Soares de Araújo 2
Sathyabama Chellappa 3
1. Programa de Pós-graduação em Ecologia - UFRN
2. Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas - UFRN
3. Profa. Dra./ Orientadora - Departamento de Oceanografia e Limnologia - UFRN
INTRODUÇÃO:

Estudos sobre parasitos de peixes marinhos no Nordeste do Brasil ainda podem ser considerados incipientes face à grande diversidade ictiológica. Dentre os parasitos de peixes, os isópodos pertencentes à família Cymothoidae tem um especial interesse, uma vez que a maioria de seus hospedeiros apresenta potencial para a comercialização e o cultivo. Os isópodos cymothoides podem ser encontrados fixos sobre a língua, na cavidade bucal, na câmara braquial e sobre o tegumento; algumas espécies são conhecidas por substituir a língua de seu hospedeiro. Muitos desses isópodos apresentam especificidade parasitária tanto pelo hospedeiro como pelo local de fixação.  O palombeta, Chloroscombrus chrysurus, o tibiro, Oligoplites saurus e o tibiro-de-couro, O. palometa são peixes que vivem em cardumes próximos à costa, sendo uma importante fonte de proteína para população ribeirinha na região nordeste. O presente trabalho teve como objetivo registrar a ocorrência de Cymothoa spinipalpa e determinar seus índices parasitários em três espécies de peixes marinhos capturados nas águas costeiras do Rio Grande do Norte, assim, contribuindo com conhecimentos para ictioparasitologia brasileira.

METODOLOGIA:

As amostragens de C. chysurus, O. saurus e O. palometa foram realizadas durante os anos de 2006 e 2007 nas águas costeiras de Ponta Negra (05º 52' 30" S e 35º 08' 00" W) e Redinha (05 45' 00" S e 35 10' 35" W), ambas localizadas na região urbana do município de Natal, RN, Brasil. As capturas foram realizadas com auxílio de pescadores da região que utilizaram como apetrecho de pesca uma rede de arrasto do tipo tresmalho, na qual foi lançada a uma distância de 100 m da praia com o auxílio de uma embarcação não motorizada chamada de catraia. Os peixes capturados foram examinados a procura dos parasitos na cavidade bucal, câmara branquial e sobre o tegumento. Os isópodos encontrados foram separados e preservados em álcool 70% para posterior identificação taxonômica, a qual foi realizada pelo Prof. Dr. Vernon E. Thatcher do Departamento de Zoologia da Universidade Federal do Paraná. Foram calculados os seguintes índices parasitários: prevalência (%) = número de hospedeiros / número de peixes examinados x 100; intensidade média (parasito por hospedeiro) = número de parasitos / número de hospedeiros; e abundância relativa (parasito por peixe examinado) = número de parasitos/ número de peixes examinados.

RESULTADOS:

Durante todo o período de estudo foram examinados 342 peixes. Desse total, 94 estavam parasitados com pelo menos um espécime de C. spinipalpa. Nenhum parasito foi encontrado sobre o tegumento do hospedeiro, no entanto, 8 indivíduos de C. spinipalpa foram registrados fixos na câmara branquial e 22 sobre a língua, na cavidade bucal, do hospedeiro C. chrysurus. Um total de 125 isópodos foram registrados sobre a língua dos hospedeiros O. saurus e O. palometa. Os índices parasitários mostraram para espécie C. chysurus uma prevalência de 11,4%, intensidade média de 1,2 e abundância relativa de 0,1; e para as espécies O. saurus e O. palometa, prevalências de 51,4 e 64,1%, intensidade média de 1,3 e 2,0, e abundância relativa de 0,7 e 1,3, respectivamente. Provavelmente os maiores índices parasitários registrados nos hospedeiros O. saurus e O. palometa esteja relacionado ao fato dessas espécies atingirem maiores comprimentos que a espécie C. chysurus, podendo assim sustentar uma maior carga parasitária. Os maiores números de C. spinipalpa encontrados sobre a língua do hospedeiro pode ser atribuído ao fato da cavidade bucal ser uma região abrigada, na qual pode proteger estes parasitos contra as condições adversas do meio externo. 

CONCLUSÃO:

Os resultados do presente trabalho permitem concluir que o isópodo C. spinipalpa não apresenta especificidade parasitária no que concerne ao hospedeiro, uma vez que foi registrado em três espécies de peixes marinhos da família Carangidae. No entanto, os maiores índices parasitários ocorrem nas espécies O. saurus e O. palometa, apresentando especificidade parasitária pelo local de fixação, sobre a língua do hospedeiro. Os índices parasitários verificados são menores para espécie C. chysurus podendo ocorrer tanto sobre a língua quanto na câmara branquial do hospedeiro.

Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: Parasitismo , Cymothoa spinipalpa , peixes marinhos .