62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva
SAÚDE E SEXUALIDADE: CONHECIMENTO DOS JOVENS DA CIDADE DE CUITÉ (PB) SOBRE DSTs E MÉTODOS CONTRACEPTIVOS
Rafaella Moreno Barros 1
Anderson Scardua 2
1. Curso de Farmácia do Centro de Educação e Saúde da UFCG
2. Prof.Dr./Orientador - Centro de Educação e Saúde da UFCG
INTRODUÇÃO:

A sexualidade é um tema bastante relevante na adolescência. É o período em que começa a surgir a curiosidade e a vontade de ter relações sexuais. A sociedade atual e os meios de comunicação têm um papel importante neste processo por colocarem cada vez mais este assunto em evidência, estimulando a curiosidade sexual. Apesar disso, os jovens têm pouca ou nenhuma experiência no assunto e não têm muito acesso a diálogos com adultos experientes. Além disso, muitas escolas ainda não falam abertamente sobre educação sexual, dificultando o acesso a informações confiáveis sobre o tema. Dessa forma, diferentes estudos indicam o crescimento, neste grupo, de gravidez precoce e de infecções por Doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), tornando esta situação uma questão de saúde pública. Além disso, há diferenças sociais e econômicas nos acessos à informação e nas formas de compreendê-la, que muitas vezes não são levadas em consideração. Assim, para se propor estratégias de ação sobre esta problemática é necessário levar em consideração as especificidades dos conhecimentos e práticas locais. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi identificar os conhecimentos dos adolescentes da cidade de Cuité (PB) sobre sexualidade, métodos contraceptivos, DSTs e suas possíveis formas de prevenção.

METODOLOGIA:
Foi feito um estudo exploratório através de um levantamento quantitativo para realizar o objetivo deste estudo. Participaram da pesquisa 97 alunos de 9° ano do ensino fundamental, que representam 53,6% da população de alunos matriculados nas únicas três escolas (duas da rede municipal e uma da estadual) do município de Cuité-PB que possuem turmas desta série. Entre estes, 31 (32%) eram do sexo masculino e 66 (68%) do sexo feminino, 44 (45,3%) residiam na zona urbana e 53 (54,7%) na zona rural. A média etária foi de 16,01 anos. O questionário aplicado continha perguntas fechadas e algumas abertas (que permitiam que os participantes citassem o que era pedido), que envolviam questões sobre: dados sócio-demográficos; conhecimentos sobre DSTs, métodos contraceptivos e gravidez; como conseguiam informações relativas ao assunto e com quem compartilhavam suas dúvidas e experiências; se os temas eram trabalhados nas escolas; e se tinham ou não vida sexual ativa. O questionário foi respondido individualmente em situação coletiva em sala de aula, no horário escolar. O tempo médio de resposta do questionário foi de cerca de 40 minutos. Utilizou-se para análise dos dados estatística descritiva (freqüências e porcentagem).
RESULTADOS:
Houve 20% de participantes que disseram ter vida sexual ativa (13 homens; 6 mulheres; 68% da zona urbana; e 32% da zona rural). Nenhum dos jovens havia engravidado ou engravidado alguém. Enquanto todas as mulheres disseram saber o que eram DSTs, só 77% dos homens disseram conhecer o assunto. Os participantes citaram basicamente a AIDS (69%) como a DST que conheciam. A camisinha foi o método de prevenção de DSTs mais citado (67%), contudo, também foram mencionados anticoncepcionais (30%, sendo 69% de mulheres) e outros, em menor proporção. A maioria dos participantes disse que não usaria camisinha se tivessem um relacionamento estável (namoro, casamento). É preocupante o fato de três mulheres terem dito que nunca usariam preservativos. Amigos e primos (62%) foram os mais mencionados como as pessoas com quem se conversa sobre sexualidade. Contudo, as escolas e meios de comunicação (77%) foram os mais citados como fontes de informações sobre os temas estudados. Já os familiares e amigos foram pouco mencionados. Sobre educação sexual, 88% afirmaram já terem tido aula ou palestra sobre sexualidade. Quanto ao acesso facilitado à camisinha nas escolas e nos serviços de saúde, a maioria (94%) respondeu que concordava. Entre os que foram contra, a maior parte (67%) era da zona rural.
CONCLUSÃO:
Os dados apontaram que a maioria dos participantes tem algumas informações sobre sexualidade, DSTs e gravidez, contudo elas são incompletas e, em alguns aspectos, errôneas. É preocupante termos identificado que poucas DSTs eram conhecidas, além da AIDS, e que outros métodos, que são apenas contraceptivos, terem sido mencionados como formas de prevenção pra DSTs. Ainda podemos acrescentar a esta situação o fato de quase todos os participantes terem dito que já tiveram algum tipo de aula ou palestra sobre educação sexual Isto nos faz questionar sobre o que está ocorrendo neste processo educacional? O que está faltando para ele ser mais eficaz? Em nossa perspectiva, ações educativas sobre estes temas devem levar em consideração os contextos sociais, culturais e as especificidades dos grupos que venham participar dessas atividades. Neste sentido, nossos dados apontaram para algumas diferenças de gênero e entre local de moradia (zona urbana e rural), que devem ser considerados na hora de planejar ações educativas em Cuité. Além disso, dados como a falta de diálogo e de busca de informações com adultos e pais devem ser trabalhados em futuros projetos, para que a educação sexual não se restrinja apenas aos ambientes formais de educação.
Palavras-chave: Sexualidade, Doenças sexualmente transmissíveis, Educação sexual.