62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 5. Enfermagem Pediátrica
ANÁLISE DA COBERTURA VACINAL EM BARBALHA-CEARÁ, 2000 A 2008.
Joseph Dimas de Oliveira 1
Maria Veraci Oliveira Queiroz 1
Ana Virginia de Melo Fialho 1
Thereza Maria Magalhães Moreira 1
Francisco José Maia Pinto 1
1. Universidade Estadual do Ceara
INTRODUÇÃO:
A área de Saúde da Criança obteve crescente destaque no interior das políticas públicas de saúde do Brasil nos últimos trinta anos e tem-se direcionado para a construção de ações que visem prestar uma assistência à criança de forma integral, com vistas a diminuir a morbimortalidade infantil, especialmente quanto às mortes preveníveis. A imunização é considerada um dos maiores avanços das ciências da saúde ao longo da história da humanidade, uma vez que, de maneira eficaz e segura, protege os indivíduos contra doenças que podem levar à morte. Na infância, as crianças devem receber três doses da vacina contra a poliomielite, três doses e um reforço da vacina Tetravalente (que protege contra difteria, coqueluche, tétano e meningite por meningococo do tipo C), a dose única da vacina B.C.G. (Bacilo de Calmette & Guérin) que proteção contra a tuberculose, as três doses da vacina contra a Hepatite B (três doses) e a dose única da Tríplice Viral que protege contra o sarampo, a caxumba e rubéola2. Cada município deve informar as doses aplicadas mensalmente, às Secretarias Estaduais e, em seguida, ao Programa Nacional de Imunização (PNI) para que seja calculada a cobertura vacinal, definida como a razão entre o numero de crianças a serem vacinadas e as que efetivamente o foram, onde a cobertura mínima a ser atingida para todas as vacinas é de 95%. Nesse contexto, este estudo objetivou-se analisar a cobertura vacinal de Barbalha-CE, de 2000 a 2008.
METODOLOGIA:
Tratou-se de um estudo transversal com abordagem descritiva. O estudo foi realizado no município de Barbalha Ceará, no período de 2000 a 2008. A cidade de Barbalha-CE, fundada em 1876, dista 503 km da capital Fortaleza. Localiza-se na Região do Cariri contando com uma população de aproximadamente 52,5 mil habitantes distribuídos em uma área de 479,184km2, resultando em uma densidade demográfica de 111,4 habitantes/km2 vizinha aos municípios de Crato e Juazeiro do Norte, que fazem parte da Região Metropolitana do Cariri. Conta atualmente, com 21 equipes do programa Saúde da Família-PSF perfazendo uma cobertura de 100% da população. Considerou-se a população de 37728 crianças que receberam as doses de vacinas padronizadas pelo Ministério da Saúde, segundo estimativa do censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Participaram da amostra, todas as crianças 9.936 que satisfizeram aos critérios de inclusão: serem menores de um ano de vida e vacinadas com as terceiras doses das vacinas do calendário básico nacional. A pesquisa foi realizada coletando-se os dados da cobertura vacinal das vacinas obrigatórias (no primeiro ano de vida) por meio da rede mundial de computadores (internet), no site do Banco de Dados do Sistema Único de Saúde (DATASUS)5, assim como os dados referentes à cobertura das Equipes de Saúde da Família e os dados dos casos de doenças imunopreveníveis. Vale salientar que algumas doenças não possuem dados, já que não são de notificação compulsória, como por exemplo, a caxumba e a diarréia por rotavírus. Os dados foram coletados a partir dos dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), assim como, no Sistema de Informações de Mortalidade da Secretaria Estadual de Saúde do Estado do Ceará (SESA), para que se pudesse proceder, em seguida, a analise descritiva, em termos frequenciais (absolutos e percentuais) dos dados obtidos.
RESULTADOS:
Ao se avaliar a cobertura das Equipes de Saúde da Família (ESF) em relação à população pode-se observar que o valor mínimo foi de 86,57%, em 2001, e o valor máximo, em 2008, de 100%. No tocante aos casos das doenças imunoproveníveis identificou-se que das 10 doenças pesquisadas, três (30%) não têm dados disponíveis, ao passo que, oito (80%) possuem dados registrados no Banco de Dados do Sistema Único de Saúde (DATASUS) dos quais, cinco (50%) não apresentaram nenhum caso notificado. Em relação aos óbitos ocorridos no período (2000 a 2008), observou-se que dentre 8.298 nascidos vivos ocorreram 141 óbitos infantis representando 1,69%. O DATASUS disponibiliza as informações sobre os óbitos infantis de forma geral impossibilitando o acesso e a pesquisa por grupos etáticos. Com isso, tem-se o panorama da cobertura vacinal em menores de um ano, os casos de doenças imunopreveníveis, a mortalidade infantil e a cobertura das equipes de saúde da família no município de Barbalha-CE, entre os anos de 2000 a 2008. Um dos problemas que explicam a baixa cobertura vacinal pode ser a dificuldade da populacao em ter acesso aos servicos e profissionais de saude. Sobre a escassez de recursos humanos de enfermagem no mundo tem-se por base o documento elaborado pelo Conselho Internacional de Enfermagem (CIE) 9, com sede em Genebra, na Suíça, que aponta que a relação enfermeiro/população apresenta extrema discrepância nos diversos países, oscilando entre menos de 10 e mais de 1.000 enfermeiros para cada 100.000 habitantes. O continente com melhor coeficiente é a Europa que registra um índice dez vezes maior do que as regiões com índices mais baixos, como a África e o Sudeste da Ásia, e, alem disto, verificou-se que, no caso da África Subsaariana, o déficit de enfermeiros chega a 600 mil profissionais. No tocante à América do Sul, o relatório aponta que em relação à América do Norte o coeficiente enfermeiro/população e dez vezes menor. Em geral, esses países registram menos de uma enfermeira para cada medico embora haja disparidades entre os países. No geral, a América do Sul, a África e o Sudeste asiático têm uma situação semelhante. Contudo, o Brasil vem apresentando um boom de escolas de enfermagem, especialmente em instituições privadas, o que tem contribuído para a melhoria da relação entre número de enfermeiros existentes e população sem, no entanto, ter-se observado ainda uma melhoria significativa das condições de saúde da população como um todo e mesmo das condições de trabalho dos enfermeiros. Ao contrário, têm-se observado a precarização do trabalho dos enfermeiros, o aumento do desemprego, assim como o aumento da saída de enfermeiros para outros países, particularmente os europeus o que pode atuar direta e/ou indiretamente para a dificuldade em implementar-se ações mais efetivas em todas as áreas de do poder público, particularmente a de Saúde da Criança.
CONCLUSÃO:
O uso de vacinas tem sido apontado como uma das mais exitosas descobertas e ações de saúde ao redor do mundo e tem contribuído para a diminuição da morbimortalidade infantil. No Brasil o Programa Nacional de Imunizações (PNI), padroniza desde 1973 as ações de imunização a serem implementadas pelos profissionais de saúde em todas as unidades federativas do país assim como realizam a compra ou o desenvolvimento das vacinas utilizadas no âmbito nacional. A municipalização da saúde exige que cada município assuma a execução das ações de imunização devendo capacitar os profissionais de saúde, mobilizar a comunidade e ofertar de maneira organizada e sistemática a vacinação, especialmente os menores de um ano de idade por ser o grupo da população mais suscetível as doenças. Nesse estudo, avaliou-se a cobertura vacinal obrigatória no primeiro ano de vida do município de Barbalha-CE, nos anos de 2000 a 2008, conforme o mínimo preconizado pelo Ministério da Saúde que é de 95%, no mínimo. As disparidades identificadas alertam para o fato de que as ações de imunização sejam pautadas na continuidade entre os diferentes profissionais envolvidos, gestores e população em geral, uma vez que, quanto mais crianças deixarem de ser vacinadas, maior será o risco da reintrodução de doenças imunopreveníveis já controladas ou, mesmo erradicadas em nosso meio.
Instituição de Fomento: Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
Palavras-chave: Vacinação, Programas de Imunização, Vacinação Obrigatória.