62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem
ENSINO DE TECNOLOGIAS COM COMUNIDADES PESQUEIRAS DO RN
Jacimara Villar Forbeloni 1
Adriana Fonseca de Vasconcelos Barros 2
Claudia Limeira de Senna 2
Leiliane Kelly Dantas 2
1. Campus de Angicos, Universidade Federal Rural do Semiarido, UFERSA
2. Departamento de Educação, Universidade Federal do Rio grande do Norte, UFRN
INTRODUÇÃO:

Este projeto visou capacitar os jovens dos municípios de Caiçara do Norte e Diogo Lopes para o ensino da informática e para a organização pedagógica de uma escola nas instalações das associações de pescadores. Atuando como um telecentro ou unidade de inclusão digital equipado com computadores e acesso à internet. É um espaço de integração comunitária, aprendizagem, crescimento pessoal e mobilização social.

Universalizar e permitir o acesso às tecnologias da informação e da comunicação é apenas um dos objetivos da iniciativa. Priorizando os filhos de pescadores o projeto visou também a criação de estratégias didáticas locais e a organização escolar envolvendo e beneficiando toda a comunidade.

METODOLOGIA:

Foram realizados diversos encontros com as comunidades para que os próprios pescadores pudessem, juntos, escolher dentre as diversas demandas locais a mais necessária.

Com a escolha do acesso às tecnologias iniciou-se a preparação das instalações de um laboratório de informática capacitando os jovens das duas comunidades para que estes pudessem atuar como educadores da Escola de Informática. Essa capacitação deu-se durante vários meses, utilizando a metodologia freiriana onde os participantes construíram os temas e metodologias das aulas privilegiando os aspectos e características da vida dos pescadores. Paralelamente aos educadores foram também capacitados seis membros de cada associação para serem os gestores. A promoção de encontros teve como objetivo a troca de experiências e a apresentação das melhores práticas de atividades, buscando maior interação e compartilhamento de conhecimento. Os educandos usaram a tecnologia para levantar informações e propuseram soluções para alguns problemas da comunidade de pescadores. Este processo envolveu reflexões em grupo, debates, propostas, planejamento, execução de um plano de ação e conclusão de um "projeto social".

O curso de informática básica foi iniciado priorizando os filhos de pescadores com idade entre 12 a 18 anos. 

RESULTADOS:

Foram formados de 07 a 09 educadores em cada comunidade que formaram em um ano de atividades 140 jovens em informática básica.  Muito mais que aprender a usar o computador o objetivo da proposta foi o de discutir os problemas locais e propor ações para transformá-las. Cada turma desenvolveu alguma ação voltada a conscientização da cidadania levando para a comunidade as discussões sobre meio ambiente, drogas, alcoolismos e acesso a tecnologia.

Os educadores foram os mais beneficiados, pois ganharam reconhecimento da comunidade por parte dos alunos e pais e muitos voltaram a estudar redescobrindo o gosto pelo ensino e pelo ensinar.

As duas escolas ganharam autonomia e continuam suas atividades após o término do apoio financeiro e metodológico demonstrando que é possível realizar um projeto social educativo com as próprias pernas.

CONCLUSÃO:

Percebemos que o acesso tecnológico é fundamental para qualquer comunidade, porém para os pescadores a escola de informática foi muito mais que ter um computador. Culturalmente os pescadores são mais resistentes as novas tecnologias achando que esse conhecimento não é necessário para seu ofício. Os jovens conseguiram envolver a todos demonstrando que o uso das ferramentas tecnológicas é a oportunidade de comunicação, de estudo e de conhecimento.

Ao criarem seus próprios temas para as aulas com a participação dos alunos, os educadores puderam trazer para a sala de aula a reflexão de suas realidades, o enfrentamento de problemas velados e a discussão de soluções.

Os pescadores envolvidos com a gestão da escola melhoram suas estratégias administrativas e os embates políticos das regiões fortaleceram grupos criando novos espaços de poder.

Instituição de Fomento: PETROBRAS e Comitê para Democratização da Informática do RN
Palavras-chave: Acesso as tecnologias, Capacitação , Autonomia.