INTRODUÇÃO

Os impactos ambientais causados por cemitérios se tornaram nas últimas décadas objeto de estudo de diversos pesquisadores, onde essa problemática pode ser considerada em vasto campo de analise entre a saúde e o meio ambiente. A eliminação de necrochorume através da decomposição dos cadáveres pode ser apontada como uma fonte em potencial de contaminação das águas subterrâneas, causando a proliferação de diversas doenças como cólera e tifo. A elaboração de estudos se faz fundamental na fase de planejamento das necrópoles, pois como pode ser observado esses ambientes são verdadeiros exemplos da relação saúde e ambiente. O cemitério escolhido como estudo de caso está localizado na comunidade Residencial Paraíso. Foi construído há cerca de 10 anos, e se tornou objeto de analise devido a utilização da água do lençol freático através da perfuração de poços por moradores da região, que constantemente relatam surtos de diarréia e vômito. O estudo tem como objetivo confirmar se essa incidência de determinadas doenças está relacionada a contaminação através do necrochorume.

METODOLOGIA

Para a realização do estudo foi utilizado o método hipotético-dedutivo, onde foram executados os seguintes procedimentos metodológicos: levantamento e revisão de material bibliográfico; levantamento e analise de materiais cartográficos; observando o crescimento da malha urbana em direção ao cemitério; trabalhos em campo bimestrais, com coleta de dados pluviométricos, de temperatura do solo, e taxa de infiltração; entrevistas informais com moradores locais; analise de contaminantes nas águas subterrâneas; documentação fotográfica; elaboração de relatórios bimestrais.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O Cemitério do Residencial Paraíso foi construído numa área relativamente distante da malha urbana do município de São Luis, com uma predominância de sítios e chácaras. Ao longo de uma década as imediações da área sofreu com um intenso processo de ocupação desordenada, onde a população cresceu consideravelmente nos últimos anos.  No entanto alguns estudos prévios para a instalação da necrópole não foram efetuados, o que desencadeou diversos problemas ambientais, onde merece destaque a contaminação do lençol freático através do necrochorume, líquido fétido e com a coloração marrom, oriundo do processo de decomposição dos corpos. As faces geológicas da área auxiliam esse processo de contaminação, onde a taxa de infiltração do solo se torna facilitada pela pedologia altamente vulnerável, com predominância da série barreiras, rica em silte e argila. Outro fator que agrava a problemática são so sepultamentos efetuados em covas inseridas diretamente no solo, havendo assim a contaminação direta no lençol freático. As coletas de dados pluviométricos, de temperatura e principalmente infiltração do solo auxiliam no entendimento do agravamento desses processos e da relação dessa contaminação com a incidência de doenças nas adjacências do cemitério.

CONCLUSÃO

Os cemitérios devem ser observados como fontes potencialmente poluidoras, principalmente no que se refere às águas subterrâneas. Esse processo de contaminação pode afetar diretamente a saúde humana, principalmente em áreas que não possuem saneamento básico. A incidência de casos de diarréia e vômito pode estar diretamente associada ao consumo da água contaminada através do necrochorume oriundo do cemitério. Deve ser enfatizado que surto de outras doenças como cólera e tifo podem acontecer nas adjacências, pois o consumo da água acontece diretamente sem tratamento adequado. Os estudos efetuados no cemitério do Residencial Paraíso têm como principal foco relacionar os processos de contaminação com a saúde da população, traçando um paralelo entre a complexa relação entre saúde e meio ambiente.