62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 4. Química de Produtos Naturais
ESTUDO FITOQUÍMICO DE Senna obtusifolia BIODIRECIONADO PELO SEU POTENCIAL ALELOPÁTICO SOBRE A GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE Lycopersicum esculentum  
Rhuanna Rackel de Sá Azevedo 1
Isabela Gomes Ales Munhoz 1
Larissa Isabela Gomes de Oliveira 1
Rosanne Katiuska dos Santos Oliveira 1
José Ricardo Barbosa da Silva 2
Aldenir Feitosa dos Santos 1, 3
1. Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde - FCBS/Centro Universitário Cesmac
2. Departamento de Botânica - UFPE
3. Universidade Estadual de Alagoas
INTRODUÇÃO:

Os agroquímicos, também conhecidos como defensivos agrícolas, são compostos utilizados para controlar ou erradicar, de maneira geralmente específica, doenças, pragas de plantas, animais e vetores transmissores de doenças no homem. Apesar de muito eficientes, tais substâncias podem causar sérios danos ao ambiente. Neste sentido, a alelopatia pode ser de grande importância, pois possibilita a identificação de compostos, que poderão servir como base para a produção de herbicidas mais específicos e menos prejudiciais ao ambiente. A alelopatia é definida a influência de metabólitos secundários produzidos por plantas, algas, bactérias e fungos no crescimento e desenvolvimento de sistemas biológicos. A Senna obtusifolia (mata-pasto) é uma planta daninha que tem assumido grande importância como infestante, tornando-se assim um problema para agricultores de várias regiões brasileiras e estrangeiras. Sua característica infestante é considerada como indício de efeito alelopático, por isso este trabalho teve como objetivo comprovar cientificamente o seu potencial alelopático e realizar o fracionamento cromatográfico do extrato alcoólico de folhas e caules desta espécie vegetal monitorado pela atividade alelopática sobre a germinação de sementes de Lycopersicum esculentum (tomate).

 

METODOLOGIA:

As folhas e caules da S. obtusifolia foram submetidos à extração por maceração em etanol, com posterior remoção do solvente em rotaevaporador, visando a obtenção dos respectivos extratos etanólicos secos do vegetal. Para o fracionamento deste extrato vegetal, o mesmo foi submetido a sucessivas extrações líquido-líquido com solventes em gradiente crescente de polaridade (hexano, clorofórmio e acetato de etila). A identificação dos principais grupos químicos presentes nestes extratos foi realizada através do ensaio sistemático de análise fitoquímica, utilizando metodologias previamente descritas na literatura. Para o ensaio alelopático foram utilizadas sementes de tomate industrializadas que ficaram dispostas em placas de Petri forradas com duas folhas de papel toalha e cobertas por mais uma folha de papel toalha, todas umedecidas com as soluções aquosas dos extratos vegetais secos nas concentrações: 2; 1; 0,5, 0,25 e 0,10µg.mL-1. As placas de Petri foram cobertas por películas plásticas ou papel alumínio no intuito de diminuir a perda de água. Para cada concentração foram utilizadas 50 sementes e o experimento foi realizado em triplicata, com duração de 5 dias e contagem diária de sementes não germinadas. Os resultados obtidos foram submetidos a análise estatística.

RESULTADOS:

Através da análise do índice de germinabilidade após 96 horas, observou-se, que os extratos etanólicos do caule e da folha promoveram ação inibitória na concentração 1µg.mL-1. Tais resultados comprovam o potencial alelopático da planta. A prospecção fitoquímica indicou a presença de taninos flobafênicos, flavonas, flavonóis, xantonas e catequinas. O fracionamento por polaridade biomonitorado pela atividade alelopática indicou que as frações hexânica e clorofórmica apresentam efeito inibitório para a germinação das sementes de tomate na concentração de 0,5µg.mL-1. Através do teste de Tukey foi observado que esses principais resultados diferem significativamente entre si ao nível de 5% de probabilidade.

CONCLUSÃO:

Foi possível comprovar experimentalmente que a espécie S. obtusifolia apresenta potencial alelopático em suas partes aéreas e, que esta atividade concentra-se em suas frações hexânica e clorofórmica, o que pode ser explicado pela natureza química dos compostos extraídos por tais solventes. Através da prospecção fitoquímica foi notada a presença de alguns metabolitos secundários nos extratos etanólicos de folhas e caules, dentre eles os compostos fenólicos, sendo importante ressaltar que tais compostos são sempre citados na literatura como responsáveis pela atividade alelopática das espécies vegetais. Pode-se concluir então que a S. obtusifolia é uma fonte potencial de compostos alelopáticos que podem ser utilizados nas pesquisas por herbicidas alternativos, mais biosseletivos, menos danosos a saúde humana e ao meio ambiente.

Instituição de Fomento: Programa Semente de Iniciação Científica - PSIC
Palavras-chave: Senna obtusifolia, Alelopatia, Lycopersicum esculentum.