As mulheres que sofrem violência quando procuram ajuda, muitas vezes apresentam baixa auto-estima, devido às humilhações sofridas. A tentativa de fazer esse resgate pode ser por meio de técnicas de empoderamento, sendo realizadas em atendimentos individuais ou grupais. Destaca-se que para restabelecer a auto-estima é fundamental para essas mulheres o apoio e suporte social recebido por familiares e amigos. Diante dessa realidade, tivemos como objetivos identificar a auto-estima de mulheres vítimas de violência e analisar sua satisfação com relação ao suporte social.  

Trata-se de um estudo transversal, de natureza quantitativa, realizado no Centro Estadual de Referência e Apoio à Mulher, localizado na cidade de Fortaleza-CE. A amostra foi constituída por 60 mulheres que sofreram algum tipo de violência, seja ela física, psicológica e/ou sexual. Os dados foram coletados no mês de Setembro de 2009, por meio da escala de auto-estima de Rosemberg e da escala de satisfação com o suporte social (ESSS). Para ponderar a auto-estima, foi aplicada a escala de auto-estima de Rosemberg, constituída por dez itens descritos sobre o julgamento que a pessoa faz de si mesmo, exigindo uma resposta tipo likert, graduada para cada afirmação: concordo totalmente, concordo, discordo, discordo totalmente. Já a ESSS, consiste numa escala de auto-preenchimento, composta por 15 frases que permitem ao sujeito assinalar o seu grau de concordância com cada uma delas (frase aplica-se ou não à sua situação individual), apresentada numa escala de tipo likert com 5 opções de resposta: concordo totalmente, concordo na maior parte, não concordo nem discordo, discordo na maior parte e discordo totalmente. Os dados oriundos das escalas foram organizados, codificados, tabulados e submetidos à análise estatística descritiva no programa SPSS, versão 15.0.

Foi constatado predomínio dos seguintes aspectos positivos relacionados à auto-estima nas mulheres: sentimentos de pessoas dignas de respeito (70%); acreditam ter qualidades (71,7%); gostariam de se valorizar mais (65%); e referiram possuir uma auto-estima alta (68,3%). Contudo, as mulheres também ressaltaram algumas características negativas, tais como: sente-se inútil (8,3%); pensa que não serve para nada (11,7%). Com relação ao suporte social, 67,8% das mulheres não sai com os amigos tantas vezes quanto elas gostariam; 66,7% sentem falta de alguém verdadeiramente íntimo que compreenda e com quem possa desabafar sobre coisas íntimas; 80,4% afirmaram não está satisfeitas com o suporte recebido por familiares e amigos, em contrapartida 19,6 % das mulheres afirmaram estarem satisfeitas com o suporte social que recebem.

Diante desses achados, constatou-se que a maioria das mulheres vítimas de violência apresentou auto-estima elevada, mas apesar dessa realidade elas afirmaram não estar satisfeitas com o suporte social que recebem de famílias e amigos.  Percebe-se que a auto-estima e o suporte social são elementos de extrema importância no enfrentamento da violência por mulheres, uma vez que conforme a intensidade desse suporte social, as mulheres violentadas terão melhores condições de enfrentar o problema e, consequentemente, melhorar sua auto-estima. Então, percebe-se a necessidade dos serviços especializados trabalharem a recuperação da mulher violentada, visando estimular seu fortalecimento interno para aumentar sua auto-estima.