62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências
PRÁTICAS EXPERIMENTAIS E OS CORPOS D'ÁGUA: A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DE ASSUNTOS LIGADOS AOS RECURSOS HÍDRICOS JUNTO A ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL NO AGRESTE SERGIPANO
Lívia Maria de Jesus Santos 1
Fernanda Tatiane dos Santos Reis 1
Paulo Sérgio Maroti 1, 2
1. Universidade Federal de Sergipe/Campus Universitário Prof. Alberto Carvalho
2. Prof. Dr. - Orientador
INTRODUÇÃO:
O presente trabalho teve início em abril de 2009, dentro da linha de ação do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência (PIBID) e está em andamento. O público-alvo refere-se a alunos da 5ª série do ensino fundamental do Colégio Estadual Dr. Augusto César Leite, agreste sergipano, município de Itabaiana/SE. O PIBID tem como linha de ação estimular a formação de profissionais das carreiras de licenciatura para a prática docente, assim como, promover intervenções junto às escolas através de práticas vinculadas às novas tecnologias para o ensino de ciências. O conceito de "transposição didática" adotado neste trabalho relaciona-se ao fato de que, para que o ensino de um determinado elemento do conhecimento seja possível, é preciso que sofra certas transformações que tornem viável ensiná-lo no contexto escolar. O saber ensinado é necessariamente distinto do saber sábio (Chevallard 1991:16-17). No caso dos recursos hídricos e impactos ambientais ligados aos corpos d'água, estes são assuntos pouco abordados no âmbito escolar devido a sua complexidade e abstração. Por meio de atividades de sensibilização e estímulo a ações cidadãs, busca-se o envolvimento do conteúdo formal à realidade local, tendo como pano de fundo a "saúde" dos corpos d'água (açudes e represas).
METODOLOGIA:
Este trabalho foi dividido em três fases, a saber: a primeira, concentrou-se na aproximação dos bolsistas/PIBID por meio de intervenções e mapas mentais junto aos diferentes sujeitos que compõem a escola: direção, alunos, professores e funcionários; a segunda, constituiu-se na busca por meio da "transposição didática" a aproximação dos alunos com a realidade local, relacionado à "saúde" dos recursos hídricos próximo a escola. Para isso, foram realizadas atividades dentro do conteúdo formal de ciências com a análise de áudio-visuais e materiais impressos em jornais locais, com a temática da poluição dos recursos hídricos; a terceira fase, em andamento, constitui-se de aproximação/aprofundamento da problemática local/regional do tema água, utilizando-se de kits de análise de água e percepção da paisagem. Esta fase tem importante papel, uma vez que adota a prática de campo com alunos visando a aproximação destes com os impactos ambientais dos corpos d'água (açudes e represas).
RESULTADOS:
Na primeira fase, visando entender o "significado" da escola para alunos e professores, foram comparados os mapas mentais realizados por estes atores sociais. Para professores, pode-se observar uma visão mais estrutural do espaço físico da escola. Já para os alunos, que convivem diariamente e de forma mais direta com este espaço, observou-se não apenas a estrutura física, mas também espaços afetivos, como é o caso do campo de futebol. O perfil dos alunos trabalhados é de zona rural e tal perfil justifica o planejamento das fases seguintes, pois prevê que tais alunos tragam "conhecimento informal" sobre ciências, uma vez que lidam no seu dia-dia com elementos significativos ligados ao meio ambiente. Para a segunda fase, percebeu-se certa estranheza dos alunos para as atividades que se propuseram utilizar de práticas ligadas ao áudio-visual. A reação de surpresa, tida como positiva, esteve relacionada ao uso dos áudios-visuais e experimentos; a reação negativa refere-se ao uso da mídia impressa para interpretação de textos relacionados à poluição do açude e represas.
CONCLUSÃO:
Quanto à escola e seu significado para professores e alunos, concluiu-se que para o primeiro público este refere-se a este espaço com pouca afetividade, sendo relacionado único e exclusivamente como fonte de ganho e sustento, diferente do segundo público, referindo-se a este como espaço afetivo associado ao lazer e práticas desportivas. Para as intervenções propostas com áudio-visual e sua reação positiva do alunado, conclui-se que a televisão, por ser um eletrodoméstico de fácil acesso em área rural a reação é de aceitação para as práticas. Já para o caso da mídia impressa, que é de pouco utilizada na região, as atividades ainda geram certa estranheza para sua utilização em práticas. A terceira fase (atual), onde estão sendo aplicadas intervenções mais ligadas ao campo da experimentação científica tendo os recursos hídricos e poluição o eixo das ações, observa-se grande adesão de alunos e professores e resposta para as atividades.
Instituição de Fomento: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)
Palavras-chave: PIBID, recursos hídricos, transposição didática.