No Brasil a produção total de abacate é de 164.441 toneladas em uma área de 10.442 ha, sendo os maiores produtores os Estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná. O Nordeste brasileiro apresenta produção de 9.773 toneladas em 1.123 ha, sendo Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco os maiores produtores. Um dos sérios problemas enfrentados pelos fruticultores é o reduzido número de cultivares disponíveis regionalmente. Nesse aspecto, a seleção de novos materiais genéticos é uma alternativa viável e necessária para minimizar este entrave. Uma grande diversidade de abacateiros é encontrada no território nacional. No Distrito de São Gonçalo, Município de Sousa, Paraíba, existem pomares com plantas antigas, propagadas por sementes que, apesar de sua alta produtividade, nunca foram avaliadas em suas características fenológicas e físico-químicas dos frutos. Diante do grande potencial da espécie, tanto na utilização dos frutos ao natural ou para a indústria, esse trabalho tem como objetivo estudar e selecionar plantas de abacateiros existentes na região, visando o estabelecimento de matrizeiros e plantios comerciais.

O experimento foi conduzido entre os meses de abril de 2009 a março de 2010, em pomar comercial localizado no Distrito de São Gonçalo, Município de Sousa, Paraíba (06° 45' S; 38° 13' WGr; 223 m de altitude).  Foram utilizadas plantas de abacateiro (Persea americana), com idade superiore a 20 anos, implantadas em um lote agrícola, utilizando irrigação, oriundas de sementes retiradas de uma antiga Estação de Pesquisa pertencente ao Instituto Agronômico José Augusto Trindade (IAJAT) do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), que teve atividades na região até o final da década de oitenta. A partir deste pomar foram escolhidas 20 plantas com características favoráveis, principalmente com relação às épocas de floração, maturação dos frutos e produtividade. A partir dessas plantas, foram coletados os dados fenológicos de época de floração, frutificação e desenvolvimento dos frutos. Após a colheita, durante o amadurecimento foram avaliadas as variáveis de peso, diâmetro longitudinal, diâmetro transversal, forma, coloração da casca quando maduro, rendimentos de polpa, casca e semente (caroço). Os dados coletados foram submetidos a análise de variância pelo teste F e as médias comparadas pelo teste de Scott-Knott, ambos a 5% de probabilidade,

Do início da floração até a colheita transcorreram, em média, seis meses. Com relação a precocidade da floração as plantas 1, 3, 5, e, 8 e 18 iniciaram o processo antes das demais, iniciando na segunda quinzena de junho e estendendo-se até a terceira semana de agosto. O período de colheita estendeu-se da ultima semana de dezembro até a ultima semana de fevereiro. O peso médio dos frutos variou de 124,43 g (Planta 8) a 611,80 g (Planta 17), sendo que nessa mesma planta deu-se o maior rendimento de polpa (81,39 %). O formato predominante dos frutos avaliados foi o piriforme com suas variações, sendo encontrados ainda formatos ovalado, elíptico e redondo. Em relação a cor da casca, a verde com suas variações claras e escuras, com e sem brilho predominaram. No entanto foram encontrados frutos com coloração violácea-escura.

Algumas plantas avaliadas apresentaram características favoráveis na floração, frutificação e qualidade físico-químicas dos frutos, propiciando a seleção de plantas promissoras para produção de frutos na Região do Alto Sertão Paraibano. As plantas selecionadas poderão ser promissoras para a multiplicação vegetativa e/ou para cruzamentos, buscando a sua melhoria e posterior distribuição para plantios comerciais.