62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 8. Psicologia do Trabalho e Organizacional
ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM NO TRABALHO UTILIZADAS POR MEMBROS DE EMPRESAS JUNIORES
Karinne Leissa Torres Bezerra 1
Jairo Eduardo Borges Andrade 1
1. Universidade de Brasília
INTRODUÇÃO:
Estratégias de aprendizagem no trabalho são atividades de processamento de informação usadas para atender demandas e exigências do contexto de trabalho. Em geral tem-se investigado tais estratégias em situações de aprendizagem induzida e não no contexto de trabalho natural que, idealmente, deve ser percebido pelo indivíduo como um ambiente com condições favoráveis à aprendizagem ou que oferece suporte à aprendizagem contínua. O presente estudo, com desenho de investigação de corte transversal, teve por objetivos: (1) verificar a ocorrência dessas estratégias, em momentos diferentes de processos de mudança pelos quais as pessoas passam; (2) classificá-las conforme referencial teórico disponível, identificando as que nesse não se incluem; (3) mensurar o uso dessas estratégias e da percepção de suporte à aprendizagem contínua; (4) investigar as correlações existentes entre essas medidas, considerando o momento do processo de mudança por que passa o indivíduo.
METODOLOGIA:

A identificação das estratégias foi orientada pelas categorias: cognitivas (repetição e reflexões extrínseca e intrínseca); comportamentais (buscas de ajuda interpessoal e em material escrito e aplicação prática) e auto-regulatórias (controles emocional e motivacional e monitoramento da compreensão). A classificação foi feita por meio da análise de conteúdo de entrevistas coletivas semi-estruturadas, realizadas com trinta e seis empresários juniores da Universidade de Brasília e quatro de outros estados brasileiros, separados entre novos e antigos. A mensuração foi realizada através da aplicação de escalas validadas de medidas de estratégias de aprendizagem e de percepção de suporte à aprendizagem contínua, tipo likert de 1-10. Foram realizadas análises estatísticas para verificar possíveis correlações entre as estratégias e a percepção de suporte à aprendizagem continua.

RESULTADOS:

A análise quantitativa mostrou que os empresários novos tendem a utilizar 28% mais estratégias de aprendizagem que os antigos, fato que pode confirmar a relação entre o uso dessas estratégias e o surgimento de novas exigências no trabalho. Quanto aos últimos, houve maior correspondência entre os dados quantitativos e qualitativos que quanto aos novos. Estes aparentemente tiveram maior dificuldade em relatar estratégias cognitivas, como reflexão intrínseca e extrínseca. A estratégia busca de ajuda interpessoal, mais freqüente nos relatos e com médias maiores em ambos os grupos, parece estar relacionada à realidade das empresas, caracterizadas pela alta rotatividade e grande contato interpessoal. Esse aspecto é apoiado empiricamente pela correlação positiva significativa encontrada entre aquela estratégia e a percepção de suporte. Esta percepção também esteve correlacionada positivamente às estratégias mais relatadas pelos empresários: aplicação prática e reflexão intrínseca, busca de ajuda interpessoal e reflexão extrínseca. Esse dado sugere a interação entre fatores do indivíduo e da organização no processo de aprendizagem.

CONCLUSÃO:

Dessa realidade surge a curiosidade a respeito de quais características das empresas juniores influenciam a percepção de suporte à aprendizagem contínua por seus membros bem como o uso de diferentes Estratégias de Aprendizagem por estes. Tais questões serão investigadas num estudo quantitativo e extensivo, que se seguirá a este trabalho, englobando empresas juniores de outros estados brasileiros. Com tal extensão e um número maior de participantes será possível realizar análise fatorial e observar como se comportam as escalas empregadas, para membros dessas empresas. O projeto relativo a este estudo já foi aprovado e será realizado pela bolsista de iniciação científica, autora do presente relato, a partir de agosto de 2009.

Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq; Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico - CDT-UnB
Palavras-chave: Estratégias de aprendizagem, Percepção de suporte à aprendizagem, Empresários juniores.