62ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 10. Comunicação - 2. Comunicação e Educação
EDUCOMUNICAÇÃO: UMA EXPERIÊNCIA DE CIDADANIA NO PETI DE GOIANINHA
Williane Elayne Ricardo da Silva 1
Maria do Socorro Furtado Veloso 1, 2
1. Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
2. Profa. Dra./Orientadora
INTRODUÇÃO:
A Educomunicação, ou Mídia Educação, tem como objetivo educar criticamente para o uso dos meios de comunicação, além de funcionar como processo de mediação educacional, ou seja, como alternativa pedagógica. Dessa forma, o aluno pode adotar uma posição mais analítica em relação aos produtos midiáticos (reportagens, novelas, filmes etc.), enquanto o professor pode usar essa ferramenta como forma de incentivar a leitura e a escrita. Com base nesses conceitos, o objetivo deste trabalho é analisar a Educomunicação a partir de uma experiência vivida durante o Curso de Leitura Crítica da Mídia, ministrado por estudantes de Comunicação Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) a crianças e adolescentes assistidos pelo Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) da cidade de Goianinha (RN), sob orientação da profª drª. Maria do Socorro Veloso. A importância desta reflexão se confere pela contemporaneidade do assunto, já que se trata, também, de uma prática de intervenção político-social embasada na análise crítica dos meios de comunicação social e um método pedagógico para fortalecer o processo de ensino-aprendizagem.
METODOLOGIA:
De acordo com Donizete Soares, em seu artigo "Educomunicação - O que é isto?", o princípio básico da Mídia Educação é a ação. E foi dessa forma que começou o trabalho. Durante a primeira visita ao PETI de Goianinha, em novembro de 2008, optamos por dividir os alunos em dois grupos: crianças e adolescentes. Começamos o trabalho discutindo o papel da mídia na sociedade. Foram inseridos na abordagem do tema cartazes de filmes, jornais, revistas e desenhos animados. Procuramos incentivar a discussão no sentido de saber qual era a opinião dos alunos a respeito de cada produto midiático. Depois, passamos a fazer questionamentos para que começasse a surgir uma visão crítica em relação ao material. Em seguida, organizamos oficinas de produção de texto (só adolescentes) e fotografia (crianças e adolescentes). Essa divisão ocorreu porque muitas crianças ainda não sabiam escrever. Em dezembro de 2008 fizemos a exposição do material produzido e partimos para a utilização do vídeo. A partir dessa atividade foi possível observar que houve uma maior reflexão sobre os produtos midiáticos entre os alunos do PETI.
RESULTADOS:
Com base na experiência do PETI e no referencial bibliográfico, constatamos que a Mídia Educação pode ser usada de maneira ampla. Por exemplo, em um desenho animado podemos discutir o papel desempenhado por cada personagem ou os conflitos familiares e sociais apresentados. Também foi possível perceber que ao levarmos para o PETI equipamentos como máquina fotográfica e câmera de vídeo, as crianças e adolescentes passaram a encarar o estudo como diversão, desprezando a ideia de que estudar é uma obrigação. A máquina fotográfica foi utilizada para registrar o dia a dia do PETI pelas próprias crianças, o que gerou a necessidade de novos olhares para aspectos daquela realidade. Em outro momento, os alunos foram convidados a escrever cartas para o Papai Noel. Observou-se que muitos, apesar de terem passado pela alfabetização, não sabiam escrever nem o próprio nome. Com a proposta da produção de um jornal do PETI colocada numa das discussões, tentamos gerar interesse pelo desenvolvimento da leitura e da escrita.
CONCLUSÃO:
No artigo "Educomunicação: reflexões sobre teoria e prática. A experiência do Jornal do Santa Cruz", Cláudia Jawsnicker (p. 2) reforça a idéia de que, se a educação é um processo de construção da consciência crítica, a mídia é capaz de despertar o interesse pelo exercício da criticidade em relação aos fatos reais. No PETI, observamos que quando se tratava da própria realidade, os alunos se interessavam e refletiam mais. Prova disso foi a reação de cada um ao se ver nas fotografias, no vídeo ou em um texto que produziam. Por outro lado, procuramos, no diálogo estabelecido, demonstrar que as empresas de comunicação têm interesses privados e que nem sempre primam pela legitimidade dos fatos. A extensão dessa experiência inicial foi a realização, em novembro de 2009, de uma oficina de produção de fanzines para adolescentes do PETI. Desta vez, os alunos fizeram o caminho inverso: saíram de Goianinha e vieram conhecer a UFRN, ocasião em que, alem de aprender como se produz um fanzine, visitaram a TV e a emissora de rádio da Universidade.
Instituição de Fomento: Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Palavras-chave: Educomunicação, PETI de Goianinha, Cidadania.