62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 3. Geografia
APLICAÇÃO DE TÉCNICAS DE GEOPROCESSAMENTO PARA FINS DE ANÁLISE DA EXPANSÃO DA SALINOCULTURA/CARCINICULTURA NO ESTUÁRIO DO RIO PIRANHAS-AÇÚ-RN, NO PERÍODO DE 1989 A 2009.
Luis Felipe Fernandes Barros 1
Welson Aialon Alcaniz dos Santos 1
1. Universidade Federal do Rio Grande do Norte
INTRODUÇÃO:
A atividade salinocultora no estado do Rio Grande do Norte sempre foi de grande importância para a dinâmica econômica regional. Sua extração remonta aos períodos iniciais da construção do território brasileiro (bem como do território potiguar). Somente na segunda metade do século XX, mais especificamente, a partir das décadas de 60 e 70 esta atividade passou a assumir novo status na economia estadual. Nesta mesma época a carcinicultura surgiu como atividade econômica e veio a consolidar-se na década de 90, sendo ambas as atividades de notória participação no PIB estadual. Essas atividades somadas representam a base da economia de exportação do estado, sendo o estado o maior produtor de sal e de camarão em cativeiro do Brasil. Dentro desse escopo, o estudo aqui apresentado pretende analisar a expansão espacial dessas atividades através da utilização de técnicas de Geoprocessamento, tendo como recorte espacial uma área de 41.000 hectares no estuário do Rio Piranhas-Açú (litoral setentrional potiguar) e como recorte temporal, para analisar essa expansão, tomou-se como base o período entre 1989 e 2009.
METODOLOGIA:
Para avaliar e calcular a expansão das atividades de carcinicultura e salinocultura na área em questão foi utilizado técnicas de Geoprocessamento a partir de imagens dos satélites LANDSAT 5 e CBERS 2B dos anos delimitados pelo recorte temporal em questão. Após a aquisição das imagens, foi feito o georreferenciamento através do software Arcgis 9.2, foi feito então o georreferenciamento a partir de imagens LANDSAT disponibilizadas pelo centro de sensoriamento remoto do IBAMA. Os procedimentos de reconhecimento das áreas de viveiros/salinas foram realizados a partir das respostas espectrais demonstradas pela alta salinidade da água o que possibilita uma visibilidade diferenciada em relação à rede hídrica ao seu entorno. Outra forma de quantificar as áreas de viveiros/salinas foi a visualização da geometria dos mesmos, uma vez que, estes possuem, em sua maioria, formas triangulares ou retangulares, sempre apresentando contornos bem definidos e simétricos. Foram criados polígonos contendo os cálculos em hectares de cada viveiro/salina analisados a partir das imagens sobre o procedimento do qual foi citado anteriormente e em seguida realizou-se o somatório de cada ano a fim de se obter o resultado do crescimento dos viveiros/salinas nas duas décadas analisadas.
RESULTADOS:
A partir da quantificação da área em estudo chegou-se aos seguintes resultados: durante a década de oitenta, a área de estudo já possuía 13.226 hectares de viveiros/salinas, ao final da década de 80, justamente no ano em que se inicia o recorte temporal deste trabalho, há uma massiva ampliação no que concerne aos investimentos na área salino-carcinocultora do estado. A década de noventa é responsável por um crescimento de 22,2% em relação à década anterior, tendo um aumento de mais 2.943 hectares de viveiros/salinas detectados pelas imagens. Do ano 2000 até o ano de 2009 verificou-se um crescimento de 100% em detrimento a década anterior, correspondendo a uma área de 2.576 hectares construídos. Durante as duas décadas analisadas tem-se um total de 122,2% de expansão das áreas de viveiros/salinas na região de estudo, totalizando um crescimento de 18.745 hectares.
CONCLUSÃO:
A partir desse estudo, foram verificadas situações curiosas, como: Aumento em área produzida, porém diminuição do número de empresas, fruto da concentração dos meios de produção por oligopólios salineiros e carcinicultores, e uma Gradativa substituição de tanques salineiros por viveiros de camarão, devido sua maior rentabilidade. Após analisar a expansão da área de estudo, devem-se levar em consideração alguns questionamentos. Primeiro é o alto crescimento da economia do estado em detrimento da alta produtividade do camarão e do sal, fazendo com que boa parte da população dos municípios envolvidos seja beneficiada com as atividades atreladas ao camarão e ao sal. Em contrapartida, é perceptível observar o crescimento das áreas de viveiros/salinas de maneira contínua, chegando a quase 48% da área total de estudo no ano de 2009, com isso, deve-se levar em consideração que a devida área, contempla um estuário com diversos biomas, como mangues, restingas e tabuleiros, e o avanço da produtividade salino-carcinicultura pode gerar vários danos ambientais. Portanto o presente estudo serve de alerta, pois, apesar de verificar o crescimento tanto das áreas de viveiros/salinas como da economia do estado, deixa em cheque a preocupação ambiental que essas atividades podem gerar.
Palavras-chave: Geoprocessamento, salinocultura, Litoral Setentrional Potiguar.