62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)
O PAPEL DO ESTÁGIO NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DOS DOCENTES EM FORMAÇÃO: A RELAÇÃO PROFESSOR SUPERVISOR E ESTAGIÁRIO NO DEBATE SOBRE A AUTO-ESTIMA E A DESVALORIZAÇÃO DOCENTE.
Soraya Castro de Lima 1
Edalma Ferreira Paes 2
1. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense - IFF Campos
2. Prof.ª Mestre/Orientadora - IFF Campos
INTRODUÇÃO:
A prática do estágio curricular supervisionado, nos cursos de licenciatura, trata-se de um dos componentes curriculares determinantes na formação inicial de professores, e como tal desempenha papel primordial na construção da identidade destes profissionais. Na relação estagiário e professor da escola campo, o estágio exerce forte influência no docente em formação no que diz respeito à sua auto-estima profissional e seu olhar sobre a valorização de sua futura profissão; assim, o profissionalismo deste professor supervisor interferi diretamente na construção da identidade profissional do estagiário. Neste sentido, tal análise objetiva discutir qual identidade os docentes em formação, submetidos a essa investigação, têm construído a partir das influências do professor supervisor mediante as questões da auto-estima profissional e da valorização docente. Espera-se com isso, subsidiar os cursos de formação de professores do Município de Campos dos Goytacazes quanto à prática do estágio e a disciplina de Prática Pedagógica possibilitando uma formação pedagógica mais sólida, a partir de novos debates e reflexões sobre a função do estágio, sua importância e atuação na construção da identidade profissional.
METODOLOGIA:
Este trabalho foi desenvolvido a partir dos resultados obtidos com a pesquisa - O impacto do estágio na construção da identidade docente em formação, sob orientação da professora Edalma Ferreira Paes. Tal pesquisa, de cunho qualitativo, foi desenvolvida em três momentos: O primeiro, tratou-se do levantamento bibliográfico que deu aporte teórico ao trabalho, principalmente nas áreas de estágio e identidade e, levantamento das legislações que regem o estágio curricular supervisionado dos cursos de licenciatura. No segundo momento foram aplicados questionários a quarenta e nove docentes em formação, sendo quatorze do curso de Licenciatura em Ciências da Natureza, dezenove da Licenciatura em Geografia, ambos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense e dezesseis do curso de Artes Visuais da Faculdade de Filosofia de Campos. O terceiro momento foi desenvolvido através de análise dos dados obtidos em permanente leitura com os aportes teóricos.
RESULTADOS:
A postura do professor supervisor diante do estagiário o influencia muito; podendo, até mesmo causar um mal-estar precoce no docente em formação. Na pesquisa desenvolvida, dos quarenta e nove estagiários 27% declararam que os docentes que os acompanharam no estágio os incentivaram a buscar outra profissão e, 33% dos respondentes afirmaram que os professores supervisores os trataram com indiferença. Para estes estagiários que participaram da pesquisa os professores demonstram acomodação no processo ensino-aprendizagem e, 43% responderam que não adotariam certas práticas, dos professores, vivenciadas no estágio. A postura dos docentes das escolas campo relatadas pelos estagiários pode ser entendida como resultado da baixa auto-estima que estes docentes têm quanto à sua profissão que é fruto da desvalorização que ela sofre, isso se evidência, no relato dos estagiários que dizem que a desmotivação e a autodepreciação da profissão, pelos docentes, foi o mais impactante no estágio. Assim, muitos estagiários tornam-se previamente frustrados, o que se constata no fato que o exercício do estágio para 24% trouxe decepção. Mas, apesar disso nota-se que a carga negativa durante o estágio, para muitos, torna-se mola propulsora na busca por uma prática diferenciada.
CONCLUSÃO:
O professor supervisor é uma forte referência para o docente em formação assim o estagiário vai criando sua própria identidade profissional a partir da análise crítica que faz do professor, mas nem sempre este consegue tal apreciação e, consequentemente, transpor alguns modelos inadequados. Assim, um professor desestimulado, acomodado e sem perspectivas, que não consegue incentivar o estagiário para a profissão, acarretará ao mesmo, ou a mesma postura, desdobrando-se em insatisfação com a profissão ou; na melhor das hipóteses, servirá como estimulo indireto, na busca de uma postura diferente diante da docência e de novas perspectivas. Neste sentido, o formando tece sua  identidade profissional em meio às relações que estabelece durante o estágio seja pela semelhança ou pela diferença. A identidade dos estagiários pesquisados sofre sim influência de seus professores supervisores, mas mesmo quando é negativa, os formandos a revertem em função de uma prática diferenciada e melhor autoapreciação da profissão, porém em alguns casos ocorre que a postura dos professores supervisores, dentre outros fatores, acarreta na constatação de escolha errada da profissão, como é o caso de 2% dos pesquisados.
Instituição de Fomento: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense - IFF Campos - PIBIC
Palavras-chave: Estágio supervisionado , Auto-estima profissional , Identidade.