62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 7. Ciência e Tecnologia de Alimentos - 4. Ciência e Tecnologia de Alimentos
UTILIZAÇÃO DE ATMOSFERA MODIFICADA PASSIVA E ATIVA NA CONSERVAÇÃO PÓS-COLHEITA DO CAJU (Anacardium occidentale L.)
Aline Kelly de Aquino Lima Cipriano 1
Gisele Ricelly da Silva 1
Antonio Vitor Machado 2
Francisca Marta Machado Casado de Araújo 1, 3
1. Depto.de Ciências Biológicas, Universidade do Estado do Rio Grande do Norte/UERN
2. Centro de Tecnologia Agroalimentar/UFCG
3. Profª. Dra.
INTRODUÇÃO:

O caju (Anacardium occidentale L.) é um produto tropical que tem despertado especial interesse econômico e nutricional, verificados pela qualidade de sua castanha (fruto verdadeiro) e pela riqueza em vitamina C do seu pseudofruto (pedúnculo avolumado). As elevadas taxas de respiração do caju geram uma vida pós-colheita curta, que não ultrapassa 48 horas (GARRUTI, 2001). Uma forma de conservar esse pseudofruto, aumentando a sua vida de prateleira é a utilização de embalagens que possibilitam a modificação da atmosfera reduzindo processos respiratórios, uma vez que isolam o pseudofruto do ambiente onde existe notável presença de O2. Neste trabalho, utilizaram-se dois tipos de modificação da atmosfera: passiva e ativa. Na atmosfera modificada passiva (AMP), o produto é acondicionado em embalagem, e a atmosfera é modificada pela própria respiração do produto, em função da permeabilidade da embalagem e da temperatura. Na atmosfera modifica ativa (AMA) injeta-se inicialmente, no espaço livre da embalagem uma mistura gasosa conhecida, sendo a atmosfera de equilíbrio determinada também pela interação entre o produto, embalagem e ambiente (VILAS BOAS et al., 2004). Assim, o trabalho teve por objetivo comparar a utilização da AMP e AMA na conservação da qualidade pós-colheita do caju.

METODOLOGIA:

Os cajus obtidos no comércio de Mossoró-RN no estádio 5 de maturação (pedúnculos vermelhos com castanhas maduras) foram transportados para o Laboratório de Biologia II da UERN, sendo selecionados e submetidos a lavagem com hipoclorito de sódio a 50ppm. Após secagem, foram acondicionados em sacolas flexíveis de polietileno com modificação da atmosfera através de seladora a vácuo, obtendo-se Atmosfera Modificada Passiva (AMP), sem injeção de gases e Atmosfera Modificada Ativa (AMA), com injeção de gases (10% de CO2 + 2% de O2). As embalagens foram acondicionadas em B.O.D. (6°C e UR 85%) e as amostras submetidas a análises a cada 5 dias. As avaliações realizadas foram: perda de peso, com uso de balança comercial digital; firmeza (N), determinada por penetrômetro com ponteira de 8 mm; pH (AOAC, 1992); acidez total titulável (ATT) em % de ácido málico (AOAC, 1992); sólidos solúveis (SS) determinada por refratometria com resultados demonstrados em °Brix (AOAC, 1992); vitamina C, a partir de titulação com KIO3 e expressa em mg/100ml. O experimento foi realizado em DIC, com fatorial 2x4 e três repetições. Os fatores consistiram dos tratamentos AMP e AMA e dos tempos (0, 5, 10 e 15 dias). Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey (5%).

RESULTADOS:

Até o 10º dia não houve diferenças significativas quanto ao teor de SS entre os tratamentos, porém, no final do experimento, os frutos do tratamento AMA apresentaram menor percentual (10% °Brix) quando comparado ao AMP (12% °Brix). RINALDI et al. (2009) estudando a estabilidade do repolho em diferentes embalagens, constatou que não houve diferença significativa nos teores de SS no 10º dia para AMA e AMP contudo, ao final do armazenamento, ele obteve valores de AMP inferiores para SS. Quanto aos níveis de ácido málico presentes, também houve diferença significativa entre os tratamentos apenas a partir do 10º dia (AMA - 0,4% e AMP - 0,3%). Esta situação manteve-se até o último dia de armazenamento. MORAIS et al. (2002), trabalhando com pendúnculos de cajueiro-anão armazenados sob AMP, obteve teores médios de ácido málico (0,35%) semelhantes aos encontrados neste trabalho. Apesar de algumas oscilações nos teores de pH durante o armazenamento, os tratamentos não mostraram diferença significativa ao final do experimento (AMA - 4,68 e AMP - 4,73). Para as demais variáveis (perda de peso, firmeza e vitamina C), os tratamentos não apresentaram diferenças significativas.

CONCLUSÃO:

As diferenças na composição gasosa das embalagens não mostraram distinções relevantes em relação à conservação das variáveis firmeza, perda de peso e vitamina C. Contudo, ambos tratamentos (AMA e AMP) foram eficientes na conservação dos frutos até o final do armazenamento.

Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq e Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Norte - FAPERN
Palavras-chave: Anacardium occidentale L., Atmosfera modifica, Conservação pós-colheita.