O própolis é produto da combinação de resinas de plantas e da saliva de abelhas, composto de cerca de 55% resinas vegetais; 30% cera de abelhas; 10% de óleos essenciais, 5% de pólen e 5% de outras substâncias. O processamento do própolis se dá pela lavagem em água e solubilização em etanol para remoção de cera e detritos orgânicos, sendo um dos produtos mais usados na medicina, desde a antiguidade, devido à suas propriedades antimicrobianas, antivirais, antioxidantes, antiinflamatórias e cicatrizantes.

Tilápias-do-Nilo, Oreochromis niloticus, (18,8 ± 2,4g) foram mantidas individualmente em aquários de 20L, com filtros biológicos e aeração e temperatura constantes (8 mg O₂/L, 29°C) por 60 dias. O fotoperíodo foi mantido em 12L:12E. Os peixes foram divididos em 2 grupos: grupo controle, que recebeu alimentação comum (30% de proteína e 5% de lipídeo, n=6) duas vezes ao dia por 60 dias, e grupo própolis, que recebeu a mesma alimentação, porém acrescida de extrato de própolis na proporção de 10 ml/100g de ração, também ofertada duas vezes ao dia por 60 dias (n=6). O alimento não ingerido foi retirado dos aquários após 1 hora do oferecimento para registro da ingestão alimentar. O peso e comprimento dos animais foi mensurado antes do início do período experimental e a cada 10 dias, após anestesia com óleo de cravo (10%) para minimizar os efeitos do estresse. No 60º dia, os animais foram sacrificados para coleta de sangue e baço. Esfregaços de sangue foram feitos para contagem de leucócitos e o baço foi pesado. Foram calculados ingestão alimentar, taxa de crescimento especifico e eficiência alimentar para cada grupo. Os dados foram comparados por teste t-Student ou Anova, seguida pelo teste Student-Newman-Kuels.

O peso dos animais não foi estatisticamente diferente no início do experimento (t-student, p=0,98) e todos apresentaram ganho de peso durante os 60 dias sob alimentação com própolis ou sem o ingrediente. No entanto, a taxa de crescimento especifico (TCE) não diferiu entre os grupos (t-student, p=0,37). Também a ingestão total de alimento (t-student, p=0,75) e a eficiência alimentar (EA) (t-student, p=0,85) foram estatisticamente iguais entre os grupos controle e o própolis. Desta forma, a alimentação enriquecida com própolis não interfere na ingestão e nem no crescimento de tilápias-do-Nilo, sendo ineficiente para promover ganho de peso. A análise de leucócitos entre grupos controle e própolis não mostrou diferença nas quantidades de células sanguíneas (t-student, p=0,8).

No entanto, a análise de peso do baço entre os grupos controle e própolis mostrou acentuado aumento do órgão no grupo alimentado com própolis (t-student, p=0,01). Portanto, a ingestão de própolis interfere na capacidade imunológica dos peixes e proporciona aumento no tamanho do órgão (baço) responsável por processos de hematopoiese e hemocaterese e pela função imunológica de produção de anticorpos e proliferação de linfócitos ativados.

A ingestão de própolis ofertada com a ração proporciona elevação no tamanho do órgão linfóide baço, podendo atuar de forma efetiva em situações onde haja necessidade de pronta resposta imunológica. Devido às propriedades imunomoduladoras e não-tóxicas do própolis, este produto natural pode ser utilizado na dieta de animais aquáticos visando contribuir para a saúde e funções fisiológicas normais, tanto do peixe quanto dos consumidores posteriores.