62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação
RECURSOS HUMANOS, FÍSICOS E MATERIAIS DAS ECOLAS PÚBLICAS MUNICIPAIS DE FORTALEZA: UMA ANÁLISE CRÍTICA DA CHAMADA EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA
Marcel Lima Cunha 1
Valéria Martins de Sousa 1
Niágara Vieira Soares Cunha 1
Wellington Gomes Feitosa 1
1. Universidade Estadual do Ceará
INTRODUÇÃO:
Desde a era pré-cristã, pessoas com deficiências eram abandonadas, perseguidas e às vezes eliminadas. Posteriormente, já na era cristã, o tratamento oscilava em caridades e castigo, dependendo da comunidade em que estavam inseridos. Diante disso, com o intuito de contrapor esse tipo de realidade social, verificou-se a importância da realização desta pesquisa, pois especificamente para a educação física poderá propiciar uma participação mais efetiva na discussão, ainda em aberto, acerca do processo inclusivo que ocorre com sérias contradições nas escolas. Para isso, este estudo teve por finalidade avaliar os recursos humanos, físicos e materiais disponíveis nas aulas de educação física inclusiva proposta pelas escolas públicas municipais de Fortaleza. Dessa forma, buscou-se trazer elementos da realidade objetiva dessas escolas a partir dos seguintes objetivos específicos: Identificar as dificuldades do professor de educação física no processo de inclusão de alunos com deficiências; verificar se as escolas possuem instalações apropriadas para alunos com deficiências; conferir se as escolas disponibilizam material apropriado para crianças com deficiências nas aulas de educação física.
METODOLOGIA:
Este estudo possui uma abordagem qualitativa de natureza básica do tipo exploratória e descritiva. A pesquisa foi realizada em seis escolas, sendo uma de cada Secretaria Executiva Regional (SER) da cidade de Fortaleza. O critério de escolha da escola foi o maior número de alunos matriculados por SER e possuir pessoas com deficiência em seu quadro de alunos. Os sujeitos da pesquisa foram os professores de educação física que exercem atividades em escolas do município e que pertencem ao quadro de funcionários efetivos das escolas pesquisadas. Para a coleta de informações foi realizada uma entrevista semi-estruturada constituída de três perguntas, relacionada ao tema investigado: Quais as principais dificuldades encontradas por você ao lidar com o processo de inclusão nas aulas de educação física? A escola está preparada em termos de instalações para receber alunos com deficiência? Por quê? São disponibilizados recursos materiais para as aulas de educação física que contemplem os alunos com deficiência? Após isso, foi utilizada a análise do tipo categorial empírica, seguindo as etapas de leitura flutuante, exploração e codificação do material. Em seguida as informações foram organizadas, classificadas, agrupadas e categorizadas para a efetivação da interpretação e discussão.
RESULTADOS:
Como resultado obteve-se três categorias: Ausência dos alunos com deficiência nas aulas de educação física; Dificuldade de mobilidade e de acessibilidade; Inexistências de materiais específicos para alunos com deficiência. Na primeira categoria, três entrevistados citaram como grande dificuldade do processo inclusivo nas aulas de educação física o não comparecimento dos alunos com deficiência nas aulas. Na maioria das vezes o desinteresse aparece por parte dos pais ou acompanhantes que afirmam que esses alunos não devem participar. Em outras situações, a justificativa vem por meio de apresentação de atestado médico. Na segunda, relataram as condições precárias e desumanas que as pessoas com deficiências estão sujeitas a vivenciar, demonstrando indignação pelo descaso que o poder público tem com o processo da chamada inclusão escolar. Na última categoria, todos responderam negativamente a respeito da existência de materiais específicos para as aulas de educação física inclusiva. A questão financeira é a desculpa mais freqüente quando o assunto é suprir as escolas com materiais, principalmente para as aulas de educação física inclusiva, importante para o melhor aproveitamento dos conteúdos. Percebe-se então o não compromisso com esta camada da população escolar.
CONCLUSÃO:
A educação física deve contribuir com o desenvolvimento pleno da pessoa, com a formação de uma consciência crítica e com o próprio desenvolvimento da consciência e da cultura corporal. Devem ser concedidas as mesmas oportunidades de nas aulas de educação física, segundo suas capacidades e limitações, sem qualquer tipo de discriminação. A escola tem como responsabilidade social recusar a segregação e abominar os preconceitos em sua rotina. O direito do acesso aos elementos da cultura corporal, através da disciplina curricular educação física, é primordial para o acesso dessas pessoas às relações políticas e sociais. Diante do exposto verificou-se que as aulas de educação física pesquisadas no município de Fortaleza não estão preparadas para cumprir seu papel junto às pessoas com deficiências, pois as escolas não possuem instalações adequadas e nem material específico para administração dessas aulas. Do ponto de vista dos recursos humanos, observou-se devido as dificuldades de acessibilidade e de precárias instalações, que os professores da educação física preocupam-se em inserir seus alunos com deficiência nas aulas, entretanto de forma restrita e utilizando materiais improvisados.
Palavras-chave: educação física, educação física inclusiva, acessibilidade.