62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática
QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE EXTREMOZ-RN
Loilde Damasceno Berlamino 2, 1
Fátima Bezerra Barbosa de Medeiros 2
Margarida de Lourdes de Melo Nelson dos Santos 2
Fernanda Joziane Marcelino Câmara 3
Wênia Maraiza Dantas 3
Daniele Bezerra dos Santos 1
1. Programa de Pós-graduação em Química - Departamento de Química - CCET - UFRN
2. Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte - CAERN
3. Faculdade de Ciências, Cultura e Extensão do Rio Grande do Norte - FACEX
INTRODUÇÃO:
A contaminação dos mananciais de abastecimento público por descargas de esgotos domésticos e industriais dos centros urbanos e das regiões agricultáveis tem sido um dos maiores fatores de risco para saúde humana. Essas ações antrópicas nos sistemas aquáticos promovem a eutrofização, com conseqüentes mudanças na qualidade da água e florações da comunidade planctônica (ESTEVES, 1998). Dentre os grupos do fitoplâncton, as cianobactérias se destacam por possuírem espécies que desenvolvem floração (blooms) e podem produzir toxinas que se acumulam na cadeia trófica causando mortandade de animais aquáticos e terrestres, efeitos crônicos e intoxicações agudas no homem (CARMICHAEL; FALCONER, 1993; AZEVEDO, 1998; BITTENCONT-OLIVEIRA et al., 2001). Açudes ou barragens do semi-árido potiguar apresentam uma cor verde, parecida como uma 'sopa de ervilha', na superfície da água, típica de florações de cianobactérias, formadas pela proliferação exagerada desses microrganismos (COSTA et al., 2006). O objetivo deste trabalho é diagnosticar a qualidade da água da Lagoa de Extremoz, observando se a densidade de cianobactérias está dentro do nível permitido pelo CONAMA 357/05 e verificar os parâmetros físico-químicos; cor, turbidez, salinidade, temperatura, pH e oxigênio dissolvido.
METODOLOGIA:
A Lagoa de Extremoz localiza-se entre as coordenadas 5°43'33.88"S e 35°16'57.06"W, e é responsável por 70% do abastecimento da Zona Norte de Natal, onde se concentram aproximadamente 250.000 habitantes e está localizada numa área de grande exploração industrial. O período de estudo ocorreu entre os meses de Fevereiro a Julho /2009 através de dados coletados no laboratório da CAERN. As coletas foram realizadas na sub-superficie (0,5 a 1,0 m de profundidade) diretamente na lagoa de Extremoz, próximo à entrada da estação de tratamento de água (ETA). Para quantificação das cianobactérias as amostras foram fixadas com lugol acético e analisadas através do método de Utermöhl (1958) usando microscópio invertido. A cor foi determinada pelo método de comparação visual com disco, o pH foi verificado através do método potenciométrico, o oxigênio dissolvido foi medido pelo método iodométrico de Winkler modificado pela azida, a turbidez foi realizada pelo método turbidimétrico, a temperatura foi verificada com base no método de leitura direta com termômetro de mercúrio, faixa de trabalho de -10 a +60°C e a salinidade foi estimada, através da leitura direta da condutividade, utilizando um condutivímetro.Todas as análises realizadas seguiram as metodologias descritas em APHA (2005).
RESULTADOS:
A Resolução do CONAMA 357/05, classifica as águas quanto à salinidade em: águas doces (salinidade igual ou inferior a 0,5?), salobras (superior a 0,5 ? e inferior a 30?) e salinas (igual ou superior a 30?). A Lagoa de Extremoz apresentou salinidade variando de 0,10? a 14?, se enquadrando em águas doces de classe 2. A densidade de cianobactérias variou de 1.661 a 24.200 cél/mL estando abaixo do valor máximo 50.000 cél/mL para água doce de classe 2. ARAÚJO et al., 2000 em pesquisa realizada sobre a comunidade fitoplanctônica na Lagoa de Extremoz-RN verificaram que este ambiente não apresentava característica de eutrofia, apesar da dominância de cianobactérias.ROCHA (2008). A cor verdadeira e a turbidez devem apresentar valores inferiores a 75 mg de Pt/L e 100 UNT, respectivamente e pH de 6 a 9 (CONAMA 357/05). Os resultados 15 a 45 mg de Pt/L para cor, 2,01 a 6,0 UNT para turbidez e pH de 6,72 a 7,5 estão de acordo com valores estabelecidos. Portanto, monitorar as características físicas, químicas e biológicas dos sistemas aquáticos é essencial para prevenir o acelerado processo de eutrofização, proporcionando melhores condições ambientais e água de boa qualidade.
CONCLUSÃO:
Os índices de cianobactérias diagnosticados neste estudo não são preocupantes, pois se encontram dentro dos níveis permitidos pela legislação. Mas a implantação de propostas de manejo acopladas a educação ambiental para população devem ser implantados pelas autoridades responsáveis, com o objetivo de preservar o manancial, dada a sua importância para o abastecimento público. Mecanismos de gestão eficientes voltados à conservação dos mananciais do nosso estado deveriam ser considerados mediante o clima da região Nordeste e o estado de eutrofização que se encontram os mananciais de todo o mundo. Contudo, a continuação de pesquisas no local é indispensável, visando à proteção da saúde pública e a boa qualidade da água, garantindo assim, a utilização dos recursos hídricos para as gerações futuras.
Instituição de Fomento: COMPANHIA DE ÁGUA E ESGOTOS DO RIO GRANDE DO NORTE
Palavras-chave: Cianobactérias , Lagoa de Extremoz, CONAMA 357/2005.