62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 5. Medicina Veterinária - 1. Clínica e Cirurgia
INTERLEUCINA 1, INTERLEUCINA 6 E FATOR DE NECROSE TUMORAL ALFA EM RATOS EXPERIMENTALMENTE INFECTADOS POR Trypanosoma evansi
Francine Chimelo Paim 1
Carlos Breno Viana Paim 1
Márcio Machado Costa 1
Aleksandro Schafer da Silva 2
Marta Maria Medeiros Frescura Duarte 3
Sonia Terezinha dos Anjos Lopes 1
1. Depto. de Clínica de Pequenos Animais- UFSM
2. Depto. de Microbiologia e Parasitologia- UFSM
3. Curso de Estética e Coméstica e Fisioterapia ULBRA- SM
INTRODUÇÃO:
Trypanosoma evansi é um hemoflagelado da seção salivaria, que infecta principalmente equinos. Além desse, outros hospedeiros mamíferos estão associados à infecção: camelos, bovinos, suínos, búfalos, capivaras, quatis, cães e o homem. A tripanossome é transmitida principalmente por meio de vetores tabanídeos (Tabanus sp., Crysops sp. e Hematopota sp.). Na América Central o morcego hematófago Demodus rotundus é também considerado um vetor importante da doença. Os sinais clínicos manifestados pelos animais infectados são: febre, anemia, emagrecimento, letargia, fraqueza muscular, incoordenação motora e paralisia dos membros pélvicos. Nas tripanossomoses os macrófagos desempenham papel importante, realizando sinergismo com anticorpos (fagocitose) e secreção de citocinas. Pesquisas sobre os aspectos imunológicos da infecção por Trypanosoma evansi ainda são limitadas. O objetivo deste trabalho foi determinar os níveis de interleucina 1 (IL-1), interleucina 6 (IL-6) e fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) em ratos experimentalmente infectados por Trypanosoma evansi.
METODOLOGIA:
Sessenta e oito ratos machos, adultos (Wistar) foram mantidos em temperatura de 250C e umidade de 70%, com ração comercial e água à vontade. Os ratos foram divididos em oito grupos, sendo: quatro grupos controle (C1, C2, C3 e C4) compostos de sete animais não-inoculados e quatro grupos testes (T1, T2, T3 e T4) com dez animais inoculados com Trypanosoma evansi, em cada um dos grupos. Os ratos foram inoculados via intraperitoneal com 0,2 ml de sangue contendo 106 parasitas. Os ratos utilizados como controle receberam 0,2 ml de solução fisiológicas pela mesma via. Em intervalos de 24 horas após inoculação foram avaliadas a parasitemia por microscopia do esfregaço sanguíneo. Os animais foram anestesiados em câmara anestésica contendo isofluorano e por meio de punção cardíaca as amostras sanguíneas foram coletadas nos 30 (C1 e T1), 50 (C2 e T2), 100 (C3 e T3) e 200 (C4 e T4) dias pós-infecção (dpi). Foram avaliados os níveis séricos de IL-1, IL-6 e TNF-α pelo método de Elisa através de kits comerciais de anticorpos específicos para ratos. Os resultados das citocinas foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e teste de Tukey. O procedimento foi aprovado pelo Comitê de Ética e Experimentação Animal da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
RESULTADOS:
As citocinas pró-inflamatórias IL-1, IL-6 e TNF-α aumentaram nos animais infectados por Trypanosoma evansi em relação ao grupo controle. Este acréscimo foi progressivo, isto é, houve maior aumento na fase tardia (dias 10 e 20 dpi) em relação à fase inicial (dias 3 e 5 dpi) da infecção pelo protozoário. Este aumento deve-se a imunossupressão severa causada pela tripanossomose. O interferon gama (INF-γ) ativa os macrófagos e estes irão produzir as citocinas pró-inflamatórias. Estudos com Trypanosoma brucei demostraram que os níveis altos de TNF-α estão relacionados com os sinais inflamatórios na fase inicial da infecção, como por exemplo, febre e perda de peso e sinais neurológicos na fase tardia. Resultados semelhantes foram verificados nos ratos infectados por T. evansi deste estudo. O TNF-α também é mencionado como responsável pela anemia em decorrência da diminuição da eritropoise. O aumento de IL-1 e IL-6 verificado no presente estudo trata-se de um achado bastante importante, já que na literatura ainda não havia se avaliado os níveis destas citocinas na infecção por T. evansi e possivelmente deve-se a resposta dos macrófagos e células T do hospedeiro à infecção.
CONCLUSÃO:
Com base nos resultados conclui-se que na infecção por Trypanosoma evansi ocorre severa imunosupressão com resposta de citocinas pró-inflamatórias tanto na fase inicial quanto na fase tardia da infecção.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico- CNPq
Palavras-chave: Citocinas pró-inflamatórias, Imunosupressão, Tripanossomose.