62ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 2. Gestão e Administração - 1. Administração Geral e Gestão Estratégica
CENÁRIOS PROSPECTIVOS DA INDÚSTRIA BANCÁRIA BRASILEIRA: IDENTIFICANDO AS ESTRATÉGIAS DE UTILIZAÇÃO MAIS PROVÁVEL
Oderlene Vieira de Oliveira 1
Sérgio Henrique Arruda Cavalcante Forte 1
1. Universidade de Fortaleza (UNIFOR)
INTRODUÇÃO:

Inseridos em um ambiente competitivo, crescente, regulamentado e de rápidas mudanças, os bancos são obrigados a se manter em um contínuo processo de alerta, adaptação e ajuste às mudanças ambientais, e têm, fatalmente, de contar com o mais alto nível de confiabilidade das informações, para traçarem as melhores estratégias para o futuro. Diante dessa conjectura, torna-se indispensável que as instituições financeiras pensem e planejem o seu futuro - não só para sua segurança própria, mas também de toda a sociedade -, buscando as condições que as levem ao progresso de maneira sustentada.

A capacidade de voltar-se para o futuro e (PORTER,1989, GODET, 2000, MACIAL; GRUMBACH, 2002, SCHWARTZ, 2006), a utilização de cenários prospectivos é um recurso dos mais adequados para a definição de estratégias em ambientes turbulentos e incertos. Assim, após detectar a existência de estudo (OLIVEIRA; FORTE, 2008) com elaboração de cenários prospectivos para a indústria bancária e atentando para o fato de não haver ainda no Brasil, estudo que relacionasse cenários com estratégias de forma conjunta, definiu-se, então, como objetivo de pesquisa investigar quais as estratégias de utilização mais provável pelos bancos diante dos cenários prospectivos construídos para o período de 2008 a 2012.

METODOLOGIA:

Os tipos de pesquisa adotados foram bibliográfica e descritiva. Especialistas da indústria bancária brasileira (20) e bancos (154) representam a população-alvo. Utilizaram-se questionários. A coleta foi realizada de ago./08 a jan./09. O 1º instrumento objetivou selecionar as estratégias mais usuais pelos bancos. Partiu-se de uma relação com 30 estratégias que foi enviada (e-mail) para os especialistas. 13 responderam. Ao final a relação resultou em 12 estratégias, sendo elas: processos de F&A; alianças estratégicas; associação com redes varejistas; acordos operacionais para financiamento ao consumo; penetração no mercado internacional; subsidiárias no exterior; diversificação no nicho de mercado; mudanças na captação de recursos, emissão de papéis no mercado externo; foco no segmento Corporate Business; foco no segmento de MPE; integração de novos canais de distribuição; monitoramento da comunicação institucional da concorrência; abertura de capital; e governança corporativa. O 2º instrumento objetivou relacionar as estratégias com os 2 cenários prospectivos. O pré-teste foi feito com 4 expertises de bancos. Foi aplicado aos diretores dos 154 bancos por meio de Home Page. 79 bancos responderam. As técnicas de análise utilizadas foram: distribuição de frequências e Cluster.

RESULTADOS:

Primeiramente aplicou-se a análise de clusters às "estratégias" pertinentes ao "cenário realista". Analisando-se o dendrograma, definiu-se pela divisão em dois clusters. No Cluster 1 foram identificadas oito estratégias que obtiveram frequências de respostas muito próximas entre si e superiores a 81%. A estratégia "governança corporativa" apresentou a maior probabilidade de uso, com 98,7%. Na segunda posição tem-se a estratégia "foco no segmento de MPE", com 94,9%. O Cluster 2 agrupou quatro estratégias que receberam as menores quantidades de respostas. Observando o dendrograma das estratégias frente ao "cenário pessimista" optou-se pela divisão em 2 grupos: O Cluster 1 é composto pelas oito estratégias que receberam as maiores frequências de respostas, nenhuma delas inferior a 50,6%. Cabe destacar as estratégias "foco no segmento de MPE" e "diversificação no nicho de mercado", ambas obtiveram as maiores frequências de respostas, com 75,9% para cada. No Cluster 2, encontram-se as quatro estratégias que obtiveram as menores frequências de respostas. Observa-se que nenhuma atingiu frequência superior a 21,5%, indicando isso que, do ponto de vista dos respondentes, essas estratégias dificilmente seriam utilizadas na situação do cenário pessimista.

CONCLUSÃO:

Os resultados possibilitaram as seguintes conclusões: das 12 estratégias consideradas, 8 se mostraram de utilização mais provável frente a cada um dos cenários, sendo que 7 foram apontadas nos 2 cenários, quais sejam: governança corporativa; foco no segmento de MPE; alianças estratégicas; associação com redes varejistas, acordos operacionais para financiamento ao consumo; integração de novos canais de distribuição que possibilitem presença junto a populações até então desassistidas; diversificação no nicho de mercado; e abertura de capital, com negociação de ações na bolsa nacional e internacional ou emissão de novas ações. A estratégia "mudanças na captação de recursos, priorizando a captação de longo prazo, a emissão de papéis no mercado externo e o aumento de captação em mercados internacionais" foi apontada somente no cenário realista, enquanto a estratégia "processos de F&A" foi apontada somente no cenário pessimista.

Como contribuições têm-se: acadêmicas - o estudo relaciona ambientes externos, cenários com estratégias e desenvolve o tema na indústria bancária brasileira; e gerenciais - os resultados podem servir de guia de ação para gestores e formuladores de políticas interessados nas questões da administração estratégica dos bancos que operam no país.
Instituição de Fomento: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)
Palavras-chave: Cenários Prospectivos, Estratégias, Indústria Bancária Brasileira.