62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva
PERDENDO O DOCE SABOR DA VIDA: FATORES QUE DIFICULTAM O TRATAMENTO DO Diabetes Mellitus NA TERCEIRA IDADE
Lannuzya Veríssimo e Oliveira 1
Kyonayra Quezia Duarte Brito 2
Kely Cristina Carneiro de Azevedo 1
1. UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA
2. FACULDADE INTEGRADA DE PATOS
INTRODUÇÃO:
A sociedade contemporânea tem vivenciado profundas e radicais transformações no contexto das práticas sociais e no estilo de vida das pessoas e grupos. Dentre as mudanças ocorridas se destaca o aumento do tempo de vida da população como o fato mais significativo no âmbito da saúde pública mundial. Sabe-se que com o aumento dessa parcela da população aumentam também o número de casos de doenças prevalentes nessa faixa etária, como hipertensão arterial, diabetes, Alzheimer, Parkinson, dentre outros. Desse modo urge a necessidade no desenvolvimento de estratégias que promovam a saúde dos idosos por meio da manutenção ou recuperação da autonomia e independência. E pelo postergamento, ao máximo, do início das doenças, pois estas, em sua imensa maioria, são crônicas, e depois de instaladas são de evolução lenta e de difícil resolução. Dentre tais doenças destaca-se o  diabetes mellitus do tipo 2, visto que tem alta prevalência nos idosos e acarreta perca da qualidade de vida na população senil.Os objetivos desse trabalho foram analisar, a partir da percepção do idoso, as dificuldades que permeiam o tratamento do diabetes mellitus e identificar ações educativas mitigatórias dessas possíveis dificuldades
METODOLOGIA:

O presente estudo é do tipo explorativo-descritivo com abordagem quanti-qualitativa. A pesquisa foi realizada na Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF) de Caboclos, localizada na zona rural do município de Barra de Santana, Paraíba, entre os meses de janeiro e março de 2010. Para coleta de dados foram utilizados: um questionário sócio-demográfico, composto por questões fechadas referentes a idade, sexo, grau de escolaridade, renda familiar, religião e estado civil e um roteiro de entrevista semi-dirigida A população contou com os idosos diabéticos cadastrados no programa HIPERDIA que estavam presentes na instituição no período de pesquisa e que concordaram em participar da mesma. Os idosos foram convidados a participar do estudo após uma explicação sobre o objetivo da pesquisa, sendo assegurado que sua identidade seria mantida em sigilo. O Projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual da Paraíba e os termos de consentimento livre e esclarecido foram assinados. Para análise dos dados qualitativos, procedeu-se à transcrição integral dos depoimentos, para posterior categorização dentro da proposta de análise de conteúdo de Bardin(1977)

RESULTADOS:

Os resultados demonstraram predomínio de idosos com idade entre 70 e 79 anos (70%), do sexo feminino (56,25%), casados (37%), que não completaram o ensino fundamental (74%), católicos (81%) e aposentados (68%). Cinco categorias temáticas foram caracterizadas como dificuldades no tratamento da diabetes: ( I )"Cadê o docinho do meu café?"A perca do sabor da alimentação devido à restrição de alimentos com açúcar foi citada por 90% dos entrevistados sendo notória a dificuldade por parte destes em manter a dieta; ( II )"Mais um comprimido?" Em 57% das entrevistas foi citada a quantidade de medicação tomada como um fator que dificulta o tratamento, visto que muitos idosos além do diabetes possuem outras doenças associadas que requerem tratamento contínuo;"( III ) Essa picadinha dói!" 30% das entrevistas denunciam a dor na aplicação da insulina como fator negativo na inserção do tratamento do diabetes;( IV )"Alta ou baixa?" 25% de idosos que  demonstraram a angústia pela incerteza de estarem tomando as doses certas de insulina, uma vez que muitos não possuíam o aparelho para monitorar a glicemia;( V ) Nada sobra da minha aposentadoria!Em 60% das entrevistas foi detectada a condição financeira como desencadeador de dificuldade no acesso à medicação.

 

CONCLUSÃO:
O presente estudo demonstrou que várias são as dificuldades percebidas pelos idosos quanto a adesão ao tratamento do diabetes mellitus. Sejam questões oriundas da própria patologia, como as restrições na dieta e o uso prolongado de medicação, como também por dificuldades sociais desses idosos, dado que a amostra está inserida em um contexto social desfavorável. Apesar de saber que as necessidades básicas do idoso diabético são idênticas as de outra pessoa com a mesma patologia não devemos desconsiderar as peculiaridades dessa parcela da população que colaboram na diminuição de sua qualidade de vida como as relacionadas à autonomia, à independência funcional e à função cognitiva, elaborando programas de saúde e estratégias para auxiliar nas dificuldades que eles possam apresentar. Portanto, conclui-se que a compreensão dos fatores que dificultam a adesão do tratamento do diabetes é de grande importância no desenvolvimento de estratégias de cuidado mais eficazes, e que ainda são tímidas as ações educativas voltadas para sanar tais dificuldades, sendo assim, acredita-se que o presente estudo favorecerá aos profissionais de saúde como fonte de pesquisa e instigará a implementação de cuidados mais holísticos no tocante ao idoso diabético
Palavras-chave: Senelidade, Diabetes , Unidade Básica de Saúde da Família.