A infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV) se constitui na doença sexualmente transmissível mais freqüentes em todo o mundo, ganhando maior destaque devido a sua estreita relação com o desenvolvimento do câncer do colo do útero. É mais prevalente em adultos jovens, no início vida sexual, havendo, posteriormente, um declínio na prevalência do vírus com o aumento da idade, provavelmente como resultado da aquisição de uma resposta imune adaptativa contra o HPV. Variações geográficas nos índices de prevalência e na distribuição dos tipos de HPV têm sido descritas em várias partes do mundo, inclusive no Brasil. Assim, faz-se de fundamental importância a realização de estudos regionais de prevalência da infecção por este vírus. Diante disso, este estudo teve como objetivo determinar a prevalência da infecção pelo HPV na população feminina da cidade de Mossoró e analisar os principais fatores de risco associados a esta infecção.

Foram analisadas 151 mulheres sexualmente ativas, com idade variando de 16 a 72 anos (média de 44 anos), atendidas em 3 unidades de saúde pública do município de Mossoró-RN, e que aceitaram participar do estudo e responder um questionário padronizado destinado a analisar suas características sócio-demográficas, sexuais e reprodutivas. De cada paciente foram coletados dois espécimes cervicais: um destinado ao exame citológico, realizado pela equipe do sistema de saúde pública do município de Mossoró, e outro para detecção do DNA do HPV por técnicas moleculares.

Todas as mulheres apresentaram citologia considerada como benigna e o DNA do HPV foi detectado em 52 (34,4%) pacientes. A análise da infecção pelo HPV, de acordo com as características sócio-demográficas consideradas no estudo, mostrou uma maior prevalência entre as mulheres mais jovens, com idade menor ou igual a 20 anos (70%), havendo um declínio deste índice nas faixas etárias mais elevadas, seguido por outro aumento em mulheres com mais de 61 anos. A distribuição por etnia, estado civil e renda familiar, por sua vez, não mostrou diferenças estatisticamente significativas entre os subgrupos analisados. Dentre os fatores de risco analisados, nenhuma das variáveis consideradas apresentou associação estatisticamente significante com a infecção, embora a prevalência da infecção em mulheres que tiveram 6 ou mais parceiros sexuais fosse bem superior às prevalências em mulheres que tiveram menos parceiros. Tais resultados são semelhantes aos descritos em outros estudos.

Alto percentual das mulheres analisadas em nosso estudo, mesmo apresentando apenas alterações benignas do epitélio cervical uterino, apresentou-se infectada pelo HPV, revelando que o vírus circula em uma boa parcela da população sexualmente ativa do nosso município. Além disso, observou-se uma maior prevalência da infecção entre as mulheres com menos de 21 anos. Este resultado já era esperado, uma vez que, nesta faixa etária, as mulheres normalmente apresentam uma maior variabilidade de parceiros sexuais ao longo do ano, além da imaturidade do epitélio do colo do útero, que favorece a infecção pelo vírus. As outras variáveis analisadas não estiveram significativamente associadas.