62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 3. Microbiologia
INFLUÊNCIA DA CLIMATIZAÇÃO SOBRE A MICROBIOTA FÚNGICA DE LIVROS DE BIBLIOTECAS PÚBLICAS NO MUNICÍPIO DE FORTALEZA, CEARÁ
Roberta Silva Rizzo 1
Kandarpa Silva Galas 1
Bruno Silva Carvalho 1
Lydia Dayanne Maia Pantoja 1
Germana Costa Paixão 1
1. Universidade Estadual do Ceará / UECE
INTRODUÇÃO:
A grande concentração de matéria orgânica associada a climatização deficiente encontrada em muitas bibliotecas públicas propicia um ambiente favorável ao desenvolvimento fúngico. Variações nos índices adequados de temperatura (entre 18-22ºC) e umidade relativa do ar (entre 50% e 55%) podem provocar a contração e alongamento da fita do papel, e conseqüentemente, a sua fragilização, favorecendo a proliferação de microorganismos. O objetivo da presente pesquisa é correlacionar a influência da climatização sobre a micobiota de obras literárias de bibliotecas públicas.
METODOLOGIA:
Para tanto analisamos amostras de livros pertencentes à Biblioteca Municipal Dolor Barreira (biblioteca A), que possui climatização natural e a Biblioteca Governador Menezes Pimentel (biblioteca B), com climatização artificial, ambas mantidas pelo poder público e donas de consideráveis acervos, que incluem obras raras.As amostras biológicas foram coletadas durante o período de fevereiro/2009 a novembro/2009, através da fricção por 30 segundos de swabs estéreis em páginas aleatórias das obras literárias, os quais em seguida foram colocados sob agitação em solução salina a 0,9% e transportadas ao LAMIC/UECE, onde foram semeados em placas de Petri de 20 mm de diâmetro contendo ágar batata dextrose (Himedia®) e incubadas por 7 dias (25 - 27°C). Após a visualização de crescimento fúngico, realizaram-se contagem global e identificação das colônias fúngicas com base nas análises macro e micromorfológicas.
RESULTADOS:
Foram analisadas amostras de 100 obras literárias datadas de 1838 a 2005, 50 pertencentes a cada biblioteca, das quais foram isoladas e identificadas 2.120 e 2.127 colônias fúngicas nas bibliotecas A e B, respectivamente. Na Biblioteca A, foram isolados 15 gêneros, dentre eles, 6 encontrados unicamente nesta biblioteca (Chaetomium sp, Chrysonilia sp., Cylindrocarpon sp., Exophiala sp., Isaria sp. e Scytalidium sp.), assim como 6 diferentes espécies de Aspergillus sp (Aspergillus alliaceus, A. fumigatus, A. granulosus, A. ochraceus, A. terreus, A. tetrazonus). Já na biblioteca B foram isolados 13 gêneros, dentre eles Fusarium sp e Phaeotrichoconis sp, não encontrados na biblioteca A. Os gêneros fúngicos encontrados em ambas as bibliotecas foram: Acremonium sp., Alternaria sp., Aspergillus sp., Cladosporium sp., Curvularia sp., Nigrospora sp., Penicillium sp., Scopulariopsis sp. e Trichoderma sp. Nossos dados indicam que parece não haver diferença estatística na contagem global das colônias nas obras literárias das duas bibliotecas estudadas, porém observou-se que na Biblioteca A, que possui somente climatização natural, a diversidade de espécies fúngicas é mais ampla, possivelmente devido à entrada de correntes de ar e o maior contato com a microbiota aérea de áreas externas.
CONCLUSÃO:
Tais observações reforçam a necessidade do aprofundamento das estratégias de melhoria na conservação de obras nas bibliotecas, em especial as que ainda utilizam a climatização natural.
Palavras-chave: Bibliotecas , colônias fúngicas, climatização.