62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 5. Psiquiatria
PRIMEIRO EPISÓDIO PSICÓTICO UMA REFLEXÃO SOBRE O AMBIENTE FÍSICO E A DINÂMICA FAMILIAR
Teresa Maria Riccetti 1, 2
José Francisco Quirino dos Santos 1, 3
Ana Cristina Chaves 1, 4
1. Depto. Psiquiatria, Escola Paulista de Medicina / UNIFESP EPM
2. Design, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo / UPM SP
3. Prof. Dr. / Orientador
4. Profa. Dra. / Co-orientadora
INTRODUÇÃO:

O presente trabalho é uma síntese da pesquisa de doutorado defendida em março de 2009 na UNIFESP/EPM. De caráter interdisciplinar, o estudo alia conhecimentos de áreas da ciência e das ciências sociais aplicadas; uma experiência inédita para o grupo de pessoas envolvidas, da área médica, como para as disciplinas do conhecimento. O mote da investigação é o ambiente doméstico abordado de maneira integrada, no conjunto composto por: espaço físico, objetos, pessoas, ações e situações; o que está em questão são as dinâmicas estabelecidas pelo grupo familiar, com pacientes de primeiro episódio psicótico, no lugar de convivência, o seu lar. A intervenção precoce em pep é uma combinação de medicação e intervenções psicossociais com objetivo de prevenir ou limitar a deterioração mental, psicológica e social na fase inicial da doença. A questão do estudo é: Como um olhar para dentro do espaço doméstico pode contribuir para a compreensão e intervenção no tratamento de casos psicóticos iniciais pelos profissionais de saúde?

METODOLOGIA:

Um estudo multidisciplinar com abordagem qualitativa, que utiliza evidências obtidas da realidade sócio-psico-cultural de pessoas residentes na cidade de São Paulo. O estudo é baseado na evidência produzida por moradores de lares onde há indivíduo que, pela primeira vez, apresenta uma crise psicótica; a observação dos casos transcorreu em lares de famílias acolhidas pelo programa de saúde pública especializado da UNIFESP/EPM, o Programa de Assistência e Pesquisa ao Primeiro Episódio Psicótico. Amostra: é intencional e selecionada a partir da discussão do caso clínico pela equipe de profissionais do PEP; os pacientes são de ambos os sexos, com limite de idade entre 18 e 35 anos; devem residir com um familiar, no mínimo. Recrutamento: os pacientes e familiares indicados pela equipe foram convidados pessoalmente pelo pesquisador; todos concordaram em participar da pesquisa em todos os momentos que foram solicitados. Visita domiciliar a residência da família selecionada: observação in loco para reconhecimento do espaço habitado - registro iconográfico e escritura dos documentos; entrevista semi-aberta com familiares e pacientes aplicando a técnica da etnografia - acompanhamento e observação direta. Organização das informações obtidas.

RESULTADOS:

No total foram seis estudos das habitações de pacientes de pep procurou os aspectos importantes do comportamento que estão inter-relacionados, como: a estrutura familiar; a vivência do espaço habitado; os comportamentos exercidos no cotidiano; os repertórios sociais; as condicionantes do arranjo doméstico. Os resultados foram apresentados na seguinte sistemática - Identificação do estudo do caso; Quadro - Inserção da habitação no entorno; A história do paciente; O reconhecimento da habitação e iconografia; Quadros esquemáticos para cada cômodo da habitação com destaque aos elementos de ambiência e conforto; arranjo espacial. A teoria geral, o que todos os casos apresentam é que a dinâmica do espaço doméstico é alterada não apenas em relação ao uso dos ambientes, mas a vivência deste sistema por seus moradores. Cada caso tem nessa vivência relações particularizadas e também proximidades. Destacam-se três categorias: A dinâmica estressante e limitadora no uso e nas ações; A dinâmica é privativa - limitada a um espaço específico; A dinâmica da ambiência condiciona o comportamento.

CONCLUSÃO:

O estudo sobre o ambiente físico e a dinâmica familiar nos casos de primeiro episódio psicótico demonstra que a dinâmica do espaço doméstico é alterada não apenas em relação ao uso dos ambientes, mas a vivência desse sistema por seus moradores. Cada caso tem nessa vivência relações particularizadas e também proximidades.

A dinâmica das relações interpessoais no ambiente doméstico estabelece padrões de comportamento que rege o modo de ser da pessoa e que a leva a agir, a se expressar de alguma forma.

O modo de viver das pessoas está relacionado com a qualidade de vida e, consequentemente, com a saúde física e mental do indivíduo.

O tipo de abordagem contribui para a cognição por parte dos profissionais de saúde, do repertório sociocultural do indivíduo, de suas sistemáticas de ações e comportamentos; esses elementos elucidam questões, que, por vezes, passam despercebidas, ou são veladas pelos interlocutores.

Família e paciente vêm de bom grado esse tipo de aproximação, sentem-se acolhidos.

Palavras-chave: Primeiro episódio psicótico, Ambiente físico doméstico, Dinâmica familiar.