A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional estabelece uma nova visão para o Ensino Médio, afinada na construção de competências básicas que situem o estudante como sujeito construtor do conhecimento e participante do mundo do trabalho e da prática social. Esse novo paradigma aponta para uma educação que busque condições para que o estudante desenvolva suas potencialidades, capacidades cognitivas, afetivas e sociais, colocando o professor no papel de facilitador da aprendizagem. Visando à implantação desse tipo de educação, este trabalho apresenta uma proposta metodológica para o ensino de física, tendo como objetivo investigar o processo de construção do conceito de força e seus elementos (ponto de aplicação, intensidade, direção e sentido) entre estudantes do primeiro ano do Ensino Médio, que participaram de uma sequência didática organizada de acordo com as cinco fases do Ciclo da Experiência Kellyana (CEK) da Teoria dos Construtos Pessoais, que permite analisar como o indivíduo constrói o conhecimento.

A pesquisa foi realizada com dezoito estudantes do primeiro ano do Ensino Médio de uma escola localizada em Olinda - PE, com faixa etária entre quatorze e dezesseis anos. O trabalho foi estruturado em torno de uma sequência didática organizada de acordo com as cinco fases do Ciclo da Experiência Kellyana: Antecipação; Investimento; Encontro; Confirmação ou Desconfirmação e Revisão Construtiva. A cada fase do Ciclo foram desenvolvidas as seguintes atividades: Antecipação (verificação das concepções prévias dos estudantes sobre os conceitos de força e seus elementos através da aplicação de um questionário); Investimento (solicitação de uma pesquisa sobre a definição de força e seus elementos); Encontro (realização de um jogo de basquetebol com os estudantes); Confirmação ou Desconfirmação (reflexões e discussões sobre o tema em estudo) e Revisão Construtiva (discussões de algumas jogadas de basquetebol expostas pela professora através da projeção do vídeo do filme do jogo de basquetebol vivenciado pelos estudantes e aplicação de um questionário).

Os resultados mostraram que os estudantes, na fase da Antecipação, possuíam conceitos intuitivos, bem como tinham dificuldades de entender os conceitos de direção e sentido de uma força. As atividades desenvolvidas durante as fases do Investimento, Encontro, Confirmação ou Desconfirmação e Revisão Construtiva despertaram a atenção da maioria dos estudantes, impulsionando-os a levantarem hipóteses, refletirem e estabelecerem relações entre o basquetebol e as situações vivenciadas no cotidiano, o que oportunizou uma contribuição de forma relevante para a evolução dos seus conceitos científicos. Além disso, verificou-se um processo de fragmentação das idéias por parte de alguns estudantes, que não participaram ativamente das atividades propostas no Ciclo.

As informações adquiridas a partir da análise da seqüência didática organizada de acordo com o Ciclo da Experiência Kellyana permitiram afirmar que o Ciclo possibilitou aos estudantes manifestarem suas idéias prévias, trabalhar em grupo, pesquisar, ler, discutir e refletir, que são procedimentos sugeridos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais e as Orientações Curriculares para o Ensino Médio. Além disso, o Ciclo contribuiu para a aprendizagem, uma vez que as concepções dos estudantes a respeito da força e seus elementos: ponto de aplicação, intensidade, direção e sentido evoluíram, aproximando-se do conceito científico. O jogo de basquetebol, ocorrido na fase do Encontro, viabilizou aos alunos vivenciar uma situação do cotidiano, em que puderam refletir sobre suas concepções iniciais, comparando-as com as cientificamente aceitas. As cinco fases do CEK: Antecipação; Investimento; Encontro; Confirmação ou Desconfirmação e Revisão Construtiva proporcionaram aos estudantes a experiência que, segundo Kelly, constitui a própria aprendizagem.