62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 1. Astronomia - 2. Astrofísica Estelar
AUSÊNCIA DE RELAÇÃO ENTRE A COMPONENTE DE VELOCIDADE VERTICAL E A MAGNITUDE ABSOLUTA PARA AGLOMERADOS GLOBULARES
Erika Antonio de Souza 1
Helio J. Rocha-Pinto 1
1. Observatório do Valongo - UFRJ
INTRODUÇÃO:

Aglomerados globulares são conjuntos de até 1 milhão de estrelas que se portam como um único corpo. A maior parte dos globulares da Via Láctea encontra-se em sua região mais externa da Galáxia, o halo. Além disso, a época de formação desses objetos aproxima-se da época de formação da Via Láctea. Portanto, esses objetos guardam informações do início da vida da galáxia que habitamos, e estudar suas propriedades nos ajuda a entender um pouco mais da formação e evolução da Via Láctea. Em particular, Alfaro et al. (2001) apresentaram uma relação inédita e bem definida entre a componente de velocidade vertical (Z) e a magnitude absoluta (MV) para os aglomerados globulares. Tal relação indica que os globulares mais brilhantes apresentam movimento médio para cima do plano Galáctico e na direção do polo norte Galáctico, enquanto que os mais débeis apresentam uma média de velocidade com respeito ao plano Galáctico negativa. Além disso, eles sugerem que os globulares possam ser separados em dois grupos distintos quanto às suas origens. O objetivo deste trabalho é investigar a existência desta relação e, caso ela exista,  analisar como ela evolui ao longo de bilhões de anos.

METODOLOGIA:

Selecionamos da literatura objetos que tenham as propriedades necessárias para o cômputo das componentes de velocidade, segundo os mesmos critérios que Alfaro et al. Utilizamos um conjunto de equações proposto por Johnson & Soderblom (1987) para calcular as componentes de velocidade heliocêntricas. Em seguida, convertemos o movimento para um sistema cujo o referencial é o centro Galáctico. Traçamos, então, a relação entre a componente vertical de velocidade e a magnitude absoluta. Sobretudo, utilizamos um modelo numérico para solucionar o potencial gravitacional Galáctico e assim integrar a órbita dos aglomerados a fim de obter a componente de velocidade em diferentes momentos de suas trajetórias. Além disso, para cada época realizamos o teste estatístico Kolmogorov-Smirnov (KS) para verificar a probabilidade de que os aglomerados sejam provenientes de grupos distintos.

RESULTADOS:
Os valores por nós calculados são compatíveis com outros encontrados na literatura. Ao graficarmos a componente vertical em função da magnitude absoluta, encontramos uma relação equivalente a de Alfaro et al. Para a época atual. o teste KS confirma a hipótese de que os aglomerados são provenientes de populações distintas. Entretanto, quando analisamos a relação em outras épocas verificamos que ela não se mantém constante, tampouco varia de forma periódica.  
CONCLUSÃO:

 Ao propor a existência de uma relação entre a componente de velocidade vertical e a magnitude absoluta, Alfaro et al. sugerem que esta relação seria compatível com um cenário onde processos destrutivos viriam ocorrendo desde a época de formação da Galáxia, favorecendo a formação de grupos com características distintas. A análise feita pelo nosso trabalho deixa claro que a relação proposta por esses autores não é válida ao longo do tempo de vida dos aglomerados globulares. Além disso, não podemos afirmar que os aglomerados formam grupos distintos já que o teste KS mostrou que em outras épocas esta afirmativa não é verdadeira. Este trabalho conclui que, baseado em uma relação entre velocidade e magnitude, não é possível afirmar que o sistema de aglomerados seja proveniente de amostras distintas, tampouco que tal relação seria resultado de processos destrutivos na região do halo Galáctico.

Instituição de Fomento: PIBIC/CNPq
Palavras-chave: Via Láctea, Aglomerados globulares, dinâmica.