62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 5. Medicina Veterinária - 1. Clínica e Cirurgia
EMPREGO DO EXTRATO AQUOSO DE BARBATIMÃO E DO CREME DE QUITOSANA A 5% NO TRATAMENTO DE LESÕES CUTÂNEAS EXPERIMENTALMENTE INDUZIDAS EM COELHOS: AVALIAÇÃO CLÍNICA
Jordanna de Almeida e Silva 1
Carolina Rocha de Oliveira Lima 1
Camille Bastos Persiano 1
Sabrina Lucas Ribeiro de Freitas 1
Jalily Bady Helou 1
Luiz Antônio Franco da Silva 1
1. Universidade Federal de Goiás
INTRODUÇÃO:

A pele reveste quase a totalidade da superfície corpórea e quando um dano tecidual compromete a continuidade desse tecido, desencadeia-se o fenômeno biológico da cicatrização (HOSGOOD, 2006). Didaticamente está dividida em três fases principais que correspondem aos principais eventos celulares, bioquímicos e hemodinâmicos observados em um período de tempo. O Barbatimão é um fitoterápico de uso consagrado na medicina popular, Seu princípio ativo de maior expressão é o tanino, composto fenólico com ação adstringente, que ao se combinar com proteínas dos tecidos lesados promove sua precipitação, conferindo um revestimento protetor que minimiza a permeabilidade e exsudação da ferida (EURIDES et al., 1996; BEDI &SHENEFELT, 2002). Outro composto que vem sendo muito referenciado em pesquisas que envolvem cicatrização é a molécula de quitosana, biopolímero obtido a partir da hidrólise alcalina. Apresenta atividade bactericida e bacteriostática, hipolipidêmica e auxilia na cicatrização, principalmente por sua propriedade imunomoduladora capaz de ativar basicamente macrófagos o que acelera a resolução do processo cicatricial (SILVA et al. 2006). Não foi encontrado na literatura consultada informações sobre o uso de creme a base de quitosana e de barbatimão na recuperação de feridas experimentais em coelhos,justificando assim o desenvolvimento de pesquisas empregando o creme como veículo desses dois princípios ativos.

METODOLOGIA:
O estudo foi dividido em 3 etapas. O extrato aquoso de barbatimão foi preparado e padronizado em parceria com a Faculdade de Farmácia/UFG. Sequencialmente manipulou-se uma formulação terapêutica em forma à base de barbatimão a5%. Paralelamente formulou-se um creme à base de Alantoína a 0,2% (controle positivo) e para testar a atividade da quitosana, formulou-se um creme à base dessa substância a 5%.Foram utilizados 40 coelhos, machos, da raça Nova Zelândia, adultos. Foram induzidas quatro feridas cutâneas em regiões específicas do dorso dos animais com punch circular metálico de 1cm. Para os tratamentos os animais foram divididos em quatro grupos (n=10) e avaliados por um período de três, sete, 14 e 21 dias, respectivamente. Após sorteio os tratamentos foram selecionados de forma que cada animal tivesse as quatro feridas tratadas com um dos seguintes tratamentos: creme de Barbatimão a 5% (CB), creme de alantoína a 0,2% (CA), creme base (CN), sendo que em uma ferida de cada animal efetuou-se somente antissepsia (SF - controle negativo II). As feridas foram avaliadas macroscopicamente quanto à presença de hiperemia, hemorragia, secreção, crostas e reepitelização. Os dados foram classificados em escores, e analisados descritivamente.
RESULTADOS:
O acompanhamento dos animais por meio de registros das informações em fichas clínicas forneceu um banco de dados contendo informações valiosas acerca do comportamento dos animais, bem como das feridas durante todo o período do estudo. Em relação aos parâmetros clínicos hiperemia, hemorragia e secreção, inicialmente descreveram-se aumento do fluxo sanguíneo,presença de secreção sanguinolenta em volta da região, hiperemia e secreção em todas feridas de todos os tratamentos. Tais achados começaram a sofrer diminuição gradual, seguido de ausência por volta do oitavo a 10° dias, estando diretamente relacionados com o final da fase inflamatória e início das fases proliferativa e remodelação, quando as feridas começaram a apresentar presença de crostas, tecido de granulação e contração centrípeta.As crostas presentes nas feridas tratadas com CB, CQ, CA e CN possuíam aspecto semelhante, sendo espessas, úmidas, esbranquiçadas, quebradiças, aderidas e que geralmente recobriam toda superfície da lesão. No entanto as crostas do tratamento à base de Barbatimão diferiam das demais, por se apresentarem um pouco mais ressecadas, escurecidas e se soltarem com maior facilidade. a reepitelização iniciou-se há partir do quinto dia nas feridas tratadas com SF, CB e CQ e sexto nas tratadas com CA. O início de contração ocorreu tardiamente nas feridas que receberam CN, somente após o oitavo dia de tratamento.
CONCLUSÃO:

A resolução completa de todas as feridas que receberam esses tratamentos ocorreu aos 18°, 19° e 20° dias, respectivamente. Apenas uma ferida tratada com alantoína apresentou recuperação completa aos 17 dias, enquanto que quatro das cinco fecharam completamente no 21°. No tratamento com creme base houve reepitelização completa em apenas duas feridas aos 21 dias de tratamento. Com o desenvolvimento desse estudo foi possível concluir que embora a quitosana tenha excelente potencial na aceleração da cicatrização de feridas, a composição do creme base inibiu sua melhor expressão. O tanino, principal princípio ativo presente nas cascas de Barbatimão, contribuiu substancialmente para que o processo de cicatrização evoluísse satisfatoriamente e que a regeneração completa das lesões ocorresse sem intercorrências.

Instituição de Fomento: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior- CAPES
Palavras-chave: Cicatrização, Fitoterápico, Oryctogalus cuniculus.