62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 5. Enfermagem Pediátrica
A FAMÍLIA COMO UNIDADE PROMOTORA DA SAÚDE DA CRIANÇA COM OBESIDADE
Klívia Regina de Oliveira Saraiva 1
Karízia Vilanova Andrade 1
Ana Carolina Maria Araújo Chagas 1
Diego Jorge Maia Lima 1
Helder de Pádua Lima 2
Lorena Barbosa Ximenes 1
1. Universidade Federal do Ceará
2. Centro de Atenção Psicossocial
INTRODUÇÃO:
A família tem um papel preponderante na promoção da saúde infantil, sendo a primeira unidade de cuidado que intervém no processo saúde-doença e a que mais influencia os hábitos de vida da criança. Em relação à alimentação, comumente centra sua atenção na quantidade dos alimentos, e não na qualidade, podendo favorecer a adoção de práticas alimentares inadequadas, pois assume a responsabilidade na formação do comportamento alimentar infantil por meio da aprendizagem social. O ato de nutrir a criança ultrapassa o ato biológico por estar relacionado ao comportamento e às práticas alimentares da família, influenciados pelos meios histórico, social, tecnológico e econômico. Assim, com as mudanças de estilo de vida da família, a criança pode adquirir hábitos alimentares impróprios, resultando no aumento significativo do peso e no desenvolvimento da obesidade infantil. Partindo dessa perspectiva, o estudo tem como objetivo investigar o modo de vida das famílias de crianças pré-escolares com risco para obesidade.
METODOLOGIA:
Trata-se de um estudo qualitativo, com a utilização da Teoria da Diversidade e Universalidade do Cuidado Cultural e do método de Etnoenfermagem, a partir do preenchimento de um formulário estruturado para avaliação antropométrica, em que foram considerados peso, altura, sexo e idade de 41 crianças pré-escolares, segundo critérios adotados pela National Center for Health Statistics. Os sujeitos avaliados eram crianças de 3 a 6 anos regularmente matriculadas em duas creches-escolas particulares de Fortaleza, onde 8 dos 41 avaliados apresentaram índice de massa corporal acima do percentil 95 (obesidade); e da realização de entrevistas abertas com as famílias das crianças obesas, em suas residências, durante o período de setembro a novembro de 2007, guiadas pelos modelos Observação-Participação-Reflexão (OPR) e Estranho-Amigo. A análise dos dados se deu por meio das etapas do modelo Observação-Participação-Reflexão, que permitiu a apreensão dos significados advindos das experiências humanas de cada família, originando três categorias. Foram assegurados aos sujeitos o anonimato e a salvaguarda de sua identificação, de acordo com Resolução do CNS 196/96, a qual regulamenta a pesquisa envolvendo seres humanos.
RESULTADOS:
Entre as famílias analisadas predominaram o tipo extensa e a obesidade e a hipertensão arterial como antecedentes familiares existentes mais frequentes. A pesquisa aponta que o tema cultural conviver com filho com risco para obesidade é uma realidade vivenciada pelas famílias e traz nuanças, que se apresentaram em forma de categorias, relacionadas a comer é mais do que suprir a fome; ser uma criança gorda traz problemas; e conflitos familiares em torno da criança gorda. Sendo assim, as famílias acreditavam que a alimentação da criança era uma atividade humana que deveria ser concedida, independente das suas condições socioeconômicas, dos alimentos serem nutritivos ou não e da quantidade ofertada, e relacionavam o alimento a saciar a fome e ao prazer de sentir determinado sabor. O excesso de peso da criança associado ao estigma do gordo e aos prejuízos físicos que pode causar foi pouco considerado pelas famílias, que afirmavam se tratar de uma característica da fase de crescimento infantil. As crianças, por serem o alvo principal de cuidados da família, muitas vezes eram o centro de conflitos familiares, que se apresentavam como disputa de poder entre as gerações e competição entre os pais.
CONCLUSÃO:
Os novos modelos de estrutura familiar são resultantes das transformações culturais das sociedades, relacionados à complexidade que cerca o contexto familiar. Cada modelo reconhece a família como uma unidade formada pela diversidade de manifestações individuais e coletivas dos seus membros, que são influenciadas pelas mudanças sociais. Portanto, diante das apreensões, considera-se que a família é o universo mais afetivo, protetor e compensador da criança, sendo necessário que a Enfermagem adentre e envolva os demais contextos - escolar e social - para assim desenvolver ações de prevenção da obesidade infantil, juntamente com familiares e educadores. Isto viria a corroborar com a proposta da Organização Pan-Americana de Saúde de criar Escolas Promotoras de Saúde, a partir de um estímulo a adoção de estilos de vida saudáveis em todos os contextos em que a criança está inserida.
Instituição de Fomento: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior
Palavras-chave: Obesidade, Criança, Família.