62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 4. Farmacotecnia
ESTABILIDADE DA AMPICILINA EM PH ÁCIDO APÓS ENCAPSULAMENTO EM MISCROESFERAS DE QUITOSANA
Janaina da Silva Goes 1
Élia Bruna de Freitas Vieira 1
Lenilton Silva da Silveira Júnior 1
Gabriel Azevedo de Brito Damasceno 1
Fernanda Nervo Raffin 2
1. Laboratório de Desenvolvimento de Medicamentos, Departamento de Farmácia - UFRN
2. Profa. Dra./Orientadora - Departamento de Farmácia - UFRN
INTRODUÇÃO:

A ampicilina é um antibiótico de amplo espectro e ativa contra bactérias gram-negativas. Através da ação de beta-lactamases ou de hidrólises ácidas, por exemplo, pode ocorrer quebra do anel beta-lactâmico resultando na formação de complexos incapazes de garantir atividade antibacteriana. A temperatura facilita o processo de hidrólise da ampicilina em meio ácido. A ampicilina é eficaz no tratamento de gastrites, utilizada no combate ao Helicobacter pylori. Quando administrada em grandes dosagens por via oral pode resultar em desconforto gastrointestinal. Portanto, as perspectivas em torno de uma liberação controlada que aumente a permanência no estômago, promovendo maior tempo de ação no local e reduzindo a ocorrência das reações adversas seria de grande vantagem para o paciente portador do microorganismo, uma vez que o tratamento da gastrite crônica é longo e exige administrações de doses elevadas de antibióticos. Vários sistemas de liberação gástrica têm sido propostos fazendo uso da quitosana devido suas propriedades bioadesivas. A quitosana é um biopolímero derivado do exoesqueleto de crustáceos, insetos e alguns fungos . Este trabalho teve como objetivo comparar a estabilidade da ampicilina em pH ácido sob diferentes temperaturas quando isolada ou encapsulada em quitosana.

METODOLOGIA:

- Preparação das microesferas: Quitosana e ampicilina a uma concentração final de 0,5% do polímero foram dissolvidas em 100 mL de uma solução de ácido acético a 2% (v/v) contendo 1% de polyssorbato 80. Uma solução de Lauril sulfato de Sódio a 20% foi adicionada lentamente durante agitação em ultrassonic a 400 rpm. A turvação da mistura indicando a formação de microesferas foi acompanhada pela transmitância em espectrofotômetro (BIOCHROM LIBRA S32) a 500nm. Foram preparadas micropartículas de diferentes proporções de ampicilina e quitosona (1:1, 1:2 e 2:1).

- Desenvolvimento da metodologia analítica para a composição da fase móvel utilizada na Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE): As corridas foram realizadas a 25°C em cromatógrafo SHIMADZU, comprimento de onda de 254nm. Inicialmente foi utilizada a fase móvel preconizada pela USP 24. Posteriormente, foi desenvolvida uma fase móvel composta de Metanol: Água, sendo testadas diferentes proporções (50:50, 40:60, 35:65 e 30:70).

- Estudo de estabilidade: O padrão de ampicilina dissolvido em ácido acético 2% e as micropartículas nas diferentes proporções de ampicilina e quitosona foram armazenados em estufa (50°C), temperatura ambiente e refrigeração, durante 48 horas, 12 dias e 40 dias, respectivamente.

RESULTADOS:

- Desenvolvimento da metodologia analítica: A fase móvel preconizada pela USP 24 foi testada. Com base no longo tempo requerido para a análise e pouca definição no pico do produto de degradação, optou-se pelo desenvolvimento de uma fase móvel que permitisse melhor definição nos picos do produto de degradação. Com isso, foi testada a mistura Metanol:Água nas diferentes proporções. Após várias proporções serem testadas, a melhor proporção de Metanol e Água encontrada foi 30:70 pelo pico da ampicilina apresentar o tempo de retenção em 3,5 minutos e permitir menor tempo para análise (12 minutos).

- Estudo de estabilidade: Nas amostras armazenadas na estufa (50°C), foi observada uma rápida diminuição no teor de ampicilina de todas as dispersões. A solução padrão apresentou maior diminuição do teor de ampicilina. Quanto ao monitoramento das amostras armazenadas à temperatura ambiente, em 48 horas de análise o padrão apresentou uma queda de 50% na concentração do fármaco, porém a perda de ampicilina nas formulações contendo quitosana foi menor. Já para as amostras armazenadas sob refrigeração (4°C), a solução padrão apresentou uma maior perda da concentração de ampicilina. Nessas amostras, foi verificada uma degradação mais lenta. 

CONCLUSÃO:

Através do estudo para a determinação do teor de ampicilina e quantificação do produto de degradação pela Cromatografia Líquida de Alta Eficiência, pode-se concluir que:

- A temperatura exerce forte influência no processo de degradação;

-Todas as formulações contendo quitosana apresentaram menor diminuição da área do cromatograma correspondente ao teor de ampicilina e lenta evolução do pico de formação do produto de degradação quando comparadas ao padrão;

-A quitosana quando adicionada em maior concentração garante maior estabilidade à ampicilina.

Instituição de Fomento: Propesq - UFRN
Palavras-chave: Ampicilina, Quitosana, Microencapsulação.